Capítulo 12

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Capítulo 12.

...

por estarmos acompanhados, arthur e eu precisamos adiar o passeio com adriano e bárbara.

lucrécia nem sequer nos dirigiu a palavra, apenas saltou do carro e entrou em casa antes de nós.

"tive uma ideia, bora comer fora?". arthur sugeriu.

"é, se a gente soubesse que ela ficaria tão desconfortável, teríamos deixado ela em casa e ido com a bárbara e o adriano".

"realmente, eu achei que ela fosse melhorar o comportamento depois de uma noite tão boa". evidenciou a frustração.

"cada um tem um tempo arthur, precisamos respeitar o espaço do outro".

"sim, é mesmo". "então, vamos?". já estava com um dos pés fora do carro, coloquei dentro e fechei a porta.

"que que você quer comer?"..

"agora nós vamos ter um conflito de ideias, porque você é rico e certamente vai querer comer uma comida japonesa, enquanto eu na minha pobreza limitada iria amar comer um cachorro quente". ele me encarou completamente ultrajado.

"olha aqui, para o seu governo o meu cachorro quente é o melhor do rio de janeiro tá bom?". me engasguei com a própria saliva enquanto gargalhava.

"eu estou surpresa por você ter essa modéstia toda, nunca vi uma pessoa tão provida de amor próprio na minha vida!". "mas confesso que o que me surpreende mais é saber que você sabe cozinhar".

"chato e perfeccionista do jeito que eu sou, você deve imaginar que eu saí de casa muito cedo né?". "não sou um Marmanjo de 30 anos que mora na casa do pai por vontade própria".

o espanto ficou visível no meu rosto, ele sorriu e concordou com a cabeça.

"eu acabei construindo a minha própria fortuna desde que comecei a trabalhar". "não sou tão importante quanto o meu pai mas tenho o suficiente para viver confortável, comprar o que eu gosto e considero isso mais importante do que ficar luxando". "deixei a casa do meu pai aos 20 anos, ainda fazia faculdade mas já trabalhava. "optei por um apartamentinho simples, se coubesse eu e minhas coisas na casa já estava de bom tamanho". nós dois rimos.

"mas por que você mudou para mansão?". "era medo de ficar sozinho comigo?". ele negou com a cabeça.

"morei sozinho dos 20 até os 25 anos, meu problema foi alto negligência". "a minha mãe teve uma série de problemas mentais então você deve imaginar o quão instável eu sou". "o desprezo que a lucrécia sempre teve por mim e a Frieza do meu pai que sempre viveu para o trabalho, nunca estava ao meu lado e deixou minha criação ao cargo da minha irmã que como você pode ver nunca se importou me transformou numa pessoa que não tem muita habilidade para desenvolver relacionamentos como eu já disse para você". "chegou uma época da minha vida, ainda não sei o motivo que nada mais me satisfazia, veio aquele desânimo que eu até hoje não consigo nem descrever o tamanho". "entrei em contato com o psiquiatra da família e ele diagnosticou a depressão hereditária, tanto meu pai quanto minha irmã acharam normal e disseram que eu podia fazer o tratamento em casa mas que não precisaria voltar para mansão". "eu olhava para dentro daquele apartamento frio, era tudo tão vazio, peguei meu celular em determinada noite e procurei o número de algum amigo, eu não tinha nenhum".

Foi com aquelas palavras que senti apenas uma prévia do turbilhão de raiva, medo, ódio e indignação que tomaria conta de mim ao descobrir o que tinha por trás de tanta negligência.

respirei profundamente, enquanto certas lembranças do passado me faziam concluir o quão semelhante nós éramos sem saber.

"o toc piorou muito, eu levantava de madrugada para limpar o apartamento, depois de já ter deixado de trabalhar para fazer isso o dia inteiro". "eu fui descuidando da minha saúde, deixando para lá as orientações que eu recebi referentes a falsiforme durante minha vida inteira". "manter as coisas limpas me deixava ocupado e eu não pensava na ausência da minha família, no quanto eu estava sozinho, aquela altura eu não precisava de ninguém". "não sei exatamente de que jeito meu pai se deu conta de que havia algo errado comigo, talvez tenha sido por eu não aparecer na empresa durante uma semana, mas ele foi ao apartamento de alguma forma conseguiu entrar, me encontrou ardendo em febre, segundo ele não falando coisa com coisa". "quando dei por mim estava em uma cama de hospital, com ele dizendo que me amava, me pedindo perdão por sei lá o quê e suplicando para que eu não o deixasse". "minha irmã fez questão de dizer que eu estava fazendo tudo aquilo para chamar a atenção, me aceitar de novo dentro de casa estava totalmente fora de cogitação " . " pela primeira vez que me lembro o meu pai ergueu a voz e determinou que só deixaria a casa acompanhado por alguém que cuidasse de mim". "quando eu e o pedro nos conhecemos até pensei em voltar para o apartamento, mas já estava estabelecido em casa de novo e meu pai insistiu para que eu ficasse". "ele costuma dizer que já está velho, quer ter os dois filhos ao lado na hora de morrer, Aqueles dramas de pai".

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