Capítulo 10.
...
abri os olhos, deparando-me com arthur dormindo em minha cadeira.
flashes da noite anterior me fizeram recordar de como tínhamos ido parar ali.
Ainda que não tivesse noção de que horas eram, o cheiro de comida vindo da cozinha mostrava que já era de manhã.
"arthur?". chamei.
imediatamente, ele abriu os olhos, mantendo os mesmos fixos em mim.
"oi, você tá bem?".
"foi você que dormiu numa cadeira, era eu quem devia te fazer essa pergunta". "por que você não veio para cama?". indaguei.
"eu tinha que ficar de olho em você". ele esfregava os olhos, nós dois nos levantamos e ficamos frente a frente.
Foi muito fofo da parte dele fazer o que fez por mim, mesmo que conhecesse os riscos que aquela situação representava para sua saúde.
eu não sabia, mas ele se colocava em risco de maneira perigosa.
pessoas com doença falciforme não podem ser expostas a temperaturas muito baixas.
A temperatura do quarto estava no 17°, me lembrar disso causa uma preocupação fora do comum.
Quando pensamos que superamos as memórias do passado, elas vem e nos arrancam lágrimas.
Os cuidados que arthur dava a mim, era eu quem deveria dar a ele.
uma criança negligenciada, levando nos ombros a culpa por um erro que não cometeu.
meu pobre arthur!.
enfim, voltando ao ocorrido.
toquei em seu rosto, fazendo com que me olhasse.
"eu espero que essa situação não se repita, mas quando eu der os meus chiliques, você não só pode como deve ir para cama, suas mãos estão frias". "agora por favor, por tudo que você mais ama e por tudo que é mais sagrado, venha comigo que eu vou te levar para o teu quarto, você vai dormir se for preciso amanhã inteira!". deixei claro que não era apenas um pedido, conduzindo ele até o quarto.
sair de pijama e toda descabelada, estando suscetível a comentários dos empregados que limpavam o andar superior da casa não era um problema.
o quarto de arthur era impecavelmente arrumado.
dava até medo de passar em cima dos tapetes para não desordenar tudo.
"deve tá uma bagunça né?". seus olhos cansados analisaram o ambiente.
"você tá é delirando por causa do sono, bagunçado é o meu quarto, isso aqui parece o alojamento de um quartel generall. brinquei, despertando um pequeno sorriso.
"você vai terminar verity hoje?". ele não estava delirando, realmente demonstrou interesse em uma coisa banal quando deveria estar descansando.
"por que a pressa de terminar esse livro?". minha intenção era arrancar dele algum spoiler.
"quero ver sua cara de tacho quando descobrir o final".
"ai arthur, vai dormir vai!". brinquei.
fiquei ao seu lado até que adormecesse.
depois de me arrumar para passar o dia, resolvi procurar paulino para conversarmos.
Por mais incrível que possa parecer, dei a devida atenção ao ocorrido com lucrécia na semana anterior apenas naquele dia, decidindo comunicar ao pai.
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Fé e segredos.
SpiritualO único bem que abigail possui é a fé em deus. tendo o pai envolvido no mundo do crime, estava certa de que precisava aprender a sobreviver desde muito nova. Desmorona ao saber que será vendida para exploração sexual. A única forma de escapar é acei...