Capítulo 8

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Capítulo 8.

...

arthur era especialista em mascarar os sentimentos.

eu não era burra, sabia que não estava tudo bem desde a noite anterior.

ele, por outro lado, estava fazendo o que podia para parecer o mais natural possível.

"vai ficar só olhando arthur?". "não vai comer?". estávamos todos almoçando.

"não pai, estou sem fome".

a ansiedade realmente o deixava sem fome, a inquietação era mais do que evidente.

ele fazia o possível para me dar o espaço que precisava, e eu tentava encarar suas crises como algo que não fosse relacionado a mim.

"lembra da falciforme, você quase matou o papai do coração na última crise, se esforça para comer e não dá trabalho de novo". foi a primeira vez que vi a fúria presente nos olhos dele, cheguei a ficar assustada.

"falciforme?". não entendi do que eles falavam, faria questão de pesquisar assim que terminasse de comer.

"vocês duas querem me fazer o favor de me deixar em paz?". o olhar se dividiu entre mim e lucrécia.

"espera aí, eu não fiz nada!". me defendi.

"podendo ficar quieta e deixar eu me entender com ela, não, você tem que fazer perguntas sobre uma coisa que não te diz respeito". desviei o olhar dele.

"isso, vai, grita com ela!". "eu sabia que você se comportaria dessa forma!". o clima estava visivelmente tenso, deixei o prato de comida pela metade e me levantei da mesa.

"por favor lucrécia, para minha filha!". visivelmente exausto, paulino tentou contornar a situação.

"pelo menos eu tô agindo conforme as expectativas de alguém né?". ", parabéns lucrécia, não é que dessa vez eu consegui te agradar em alguma coisa?". arthur bateu palmas.

"eu odeio você!". lucrécia gritou.

"chega, os dois vão parar agora com essa discussão!". foi tudo que ouvi antes de subir as escadas.

entrei no quarto, decidida a não ter contato com nenhum deles até que estivesse 100% calma.

repetindo para mim mesma que não tinha feito nada para ele gritar comigo daquela forma, tentei me concentrar em algum livro.

tentei orar mas também não conseguia.

não dava para cantar, eles iriam ouvir e eu não estava afim de falar com ninguém.

meu celular tocou, atendi prontamente, ocultando a voz de quem acabou de chorar.

"mônica?". estava visivelmente surpresa.

"oi meu bem, queria saber se você não quer dar uma volta comigo, vou renovar meu estoque de panela e tupperware, queria companhia para ir na loja".

"eu me arrumo rapidinho, tô te esperando aqui". eu queria sair daquela casa e mesmo que soubesse do início do tratamento com a psicóloga, não queria olhar para arthur até estar calma para isso.

"avisa para o seu patrão que eu vou sair com a sua mãe, não quero mais irritar ele hoje". falei alto o suficiente para ele ouvir de dentro do quarto, pedro estava na porta.

"vocês dois têm que conversar e se entender, isso é uma briga muito infantil por besteira". pedro falou mais alto, não contendo o riso. "eu não acredito que vocês vão começar a se desentender por uma besteirinha dessas gente!".

dei tchau para ele antes de descer as escadas, me encontrando com mônica na saída da casa.

"e aí amada, o tratamento, como vai?". ela deu partida no carro.

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