Capítulo 2

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Capítulo 2.

...

minha primeira opinião sobre arthur não foi muito boa.

ainda assim, considerando o que eu já sabia sobre os homens não me surpreendeu.

"o senhor quer se casar comigo em troca da minha liberdade, é isso?". quis confirmar .

"sim". a resposta monossilábica foi suficiente para ele, mas não para mim.

"seu arthur, a sua atitude é muito bonita, querer comprar a briga de uma mulher como eu". ele levantou as mãos, me interrompendo.

"uma mulher como você?".

"não passo de uma faxineira seu arthur, uma faxineira que limpou sua sala apenas uma vez, uma total desconhecida que não tem uma história familiar muito boa". "não tenho e nunca terei a classe das mulheres que o senhor convive. a realidade parecia óbvia para mim, achei justo explicar, subestimei a inteligência dele.

"é assim que você se vê?". minha teoria de que possuía uma certa obsessão por organização foi confirmada, durante a pergunta que me fez.

um dos papéis localizados na mesa estava mais afastado dos outros, ele fez questão de alinhar.

comecei a me perguntar se estava nervoso ou irritado comigo.

voltei a baixar a cabeça, evitando o contato visual.

"é assim que eu sou". achei impossível ele ter ouvido minhas palavras, de tão baixo que falei.

eu estava certa de que o havia estressado.

meu pai gritava comigo simplesmente por eu respirar perto dele em alguns momentos.

"você possui o perfil que eu procuro abigail, minha proposta está mantida". "em 6 meses você estará totalmente livre, com metade do que me pertence pois não vou te deixar desamparada".

as indagações sobre qual eram seus motivos para tomar aquela decisão me atingiram.

arthur me fez a primeira surpresa naquele momento, deixando clara minha opção pelo casamento ou não.

em nenhum momento esfregou na minha cara que caso não aceitasse seria entregue a vários tipos de homem, me humilhar não estava em seus planos.

o encarei completamente cética.

semelhante a uma criança inocente, estava descobrindo uma nova espécie de homem.

lembrei da fofoca contada por bárbara.

ele poderia escolher ivana para casar-se, uma pessoa que não pensaria duas vezes em aceitar.

lembrei-me dos versículos lidos anteriormente no ônibus, concluindo que aquele foi o socorro enviado por deus.

mesmo que tivesse que me submeter a arthur, era melhor do que fazer isso com vários homens sendo escrava de alguém que certamente me maltrataria.

estava certa de que sairia daquele casamento machucada, a boa ação de arthur não tirava meu medo dele.

ainda assim, mesmo sabendo das consequências estava certa de que a longo prazo conseguiria minha tão almejada paz.

"nem toda minha vida vai ser suficiente para agradecer ao senhor por isso seu arthur". deixei um sorriso escapar.

arthur foi meu bote salva-vidas, quando o meu barco já estava no fundo do mar.

"então você vai aceitar?". a expectativa foi o primeiro sentimento que aquele rosto externou.

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