17. Machucados

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SHIN RYUJIN

Eu só vou recebê-las no fim do dia? Mas eu morrerei de curiosidade dessa forma. —Balancei minhas pernas no alto do prédio da ala de artes cênicas.

—Seja menos ansiosa. —Yuna disse a mim enquanto terminava de pintar o por do Sol.

Eu já havia recebido mais seis cartas, uma em cada dia da semana, as duas últimas foram perguntando sobre o que eu andava fazendo e sentindo, a pessoa estava querendo me ajudar de alguma forma e isso me deixou intensamente calma.

Na primeira, foi uma margarida, na segunda, uma dama da noite, na terceira um lírio, a quarta era uma orquídea, quinta uma tulipa, e a sexta um girassol, estava ansiosa para saber o que seria hoje.

—E a Yeji? —Yuna fechou seu caderno e guardou os lápis de cor.

—O que tem?

—Você conseguiu desapegar? —Apoiou-se em seus cotovelos, se inclinando para trás.

— Depois do baile, repensei sobre isso. Acho que não vale a pena, aos poucos eu esqueço ela. —Olho para cima.

—Eu ainda acho que vocês deviam conversar. Você deveria ter dito a ela o que sentia a muito tempo... —Murmurou.

—Eu sei que eu errei, tá? Mas você conseguiria se abrir comigo se todos os assuntos que eu direcionasse a você seriam sobre quantas notas altas eu tirei e quanto tempo eu passei estudando noite passada? Eu me sentia desconfortável... —Deitei minha cabeça em seu ombro.

—Por isso eu acho que vocês tinham que conversar. Nenhuma de vocês estava 100% certa, da mesma forma que ela foi egoísta em falar sempre sobre si mesma, Yeji também não tinha nenhuma bola mágica para adivinhar o que acontecia com você. —Segurou minha mão. —Se você tivesse tido uma mísera conversa sobre isso com ela, vocês nunca teriam se afastado e você não precisaria desse plano tosco de chamar a atenção dela pentelhando 23h por dia.

—Não era um plano tosco...

—Era sim, Ryujin.

—Tá, tá. Era tosco.

Suspirei, era complicado demais para mim pensar sobre Yeji. Minha cabeça era mais complicada do que realmente parecia, eu era uma confusão interna de sentimentos. Uma bomba que nunca explodia e guardava o pavio para si.

—Você a ama... —Sussurrou baixinho.

—Não. —Neguei com a cabeça. —Eu não amo ela.

—Estou te falando o que eu vejo, você pensa que não mas eu também vejo a confusão dentro de você. —Colocou seu dedo indicador em meu coração. —Aqui. Eu sei que é onde mais dói.

—Argh, Yuna por que você é tão sensitiva? —Rotei minha cabeça para o lado oposto.

—Acertei mais uma vez. —Ela soltou uma gargalhada.

—Bom, sei que está mais tranquila. Acho que vai ter um ótimo fim de dia. —Se levantou e saiu saltitante.

—O que quer dizer com isso? —Me levantei e corri atrás da baixinha.

Ela apenas fez um "shh" e eu gargalhei.

—Já deve ter uma entrega para você lá no quarto. —Ela riu.

—x—

Dia 7:
Olá Ryujin, mais uma vez lendo isso aqui. Yuna me disse que você estava se sentindo feliz com as minhas cartinhas, você não sabe o quanto me deixou aliviada. Me dói muito saber que um dia desses eu possa ter te magoado profundamente, e foi o que eu fiz. Saiba que tem um lugar guardado pra você aqui do meu lado, Ryujin-ah... Eu sinto sua falta. Me encontre na sala do clube de música as sete da noite. Ah e leve essa rosa com você.

Com amor, Yeddeong...

Eu não acredito... —Sussurrei para mim mesma.

—Eu disse que iria ser uma surpresa.

—Eu não vou, Yuna. —Afirmei.

A mais baixa largou o que estava fazendo instantaneamente e passou a me encarar, sua boca abria e fechava sem nenhum som sair dela.

—Eu não posso. Eu não conseguiria. —Continuei parada, estática. —Eu superei.

—Mas, Ryu... —Ela se levantou e veio até mim nos seus maiores passos. —Apenas converse com ela.

—Ela não precisava ter feito cartinhas de amor pra conversar comigo. —Sussurrei. —Eu não tenho nada o que conversar.

—Tem sim, tem muita coisa.

—Já se passaram quantos anos que nós já devíamos ter conversado? Eu não vou, Yu. Não agora quando me resolvi comigo mesma.

Ela segurou meus ombros e olhou em meus olhos, ela sabia que era mais difícil do que realmente para mim. Seu olhar conversando com o meu, logo senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto pálido.

A mais baixa não exitou em me envolver no abraço mais forte que já tinham me dado na vida. Meu corpo se relaxou por completo e pouco tempo depois eu já estava soluçando.

—E-eu estou machucada, Yuna. —Solucei. —Eu não deveria, mas... mas eu me importo com ela mais do que deveria.

Não disse nada, apenas me apertou mais ainda em quanto meu peito saltava em soluços.

—Todo esse tempo, eu estive quebrada. —Digo entre soluços. —Aquele dia, que nós transamos, eu senti que era recíproco. Eu estava tão feliz, mas tempo depois ela já estava fazendo suposições erradas sobre mim, me chamando de irresponsável e que eu tinha estragado tudo.

—Passou.. não é? Você superou. —Yuna sussurrou.

—Eu não sei! Faz quase uma semana que eu não vejo ela, como posso saber? Eu não quero ter que vê-la. —Meu coração batia acelerado. —Aqui dentro eu não tenho uma resposta coerente sobre o que eu concluo sobre meus sentimentos.

—Você está muito machucada... —Acariciou minhas costas. —Deita, vou ligar para Lia e dizer que não vai.

—Não fale nada sobre a nossa conversa.

—Eu não direi, só vou falar que não é um bom momento agora.

—x—

Oie

É gente, as vezes você não consegue encarar os problemas na hora que os outros querem... lendo isso depois de anos ainda vejo que concordo com muita coisa que escrevi! Ufa

Espero que estejam gostando

Até o próximo <3

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