Capítulo 03

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Elisa Vitorino

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Elisa Vitorino

Cinco anos depois...

Quando os aplausos da plateia estouraram após as cortinas se fecharem eu não podia acreditar como a minha primeira apresentação de dança solo foi um sucesso. O teatro municipal do rio de janeiro estava lotado para a apresentação da companhia de ballet que eu fazia parte.

Todos comemoraram, pularam e se abraçaram contentes com o sucesso do nosso trabalho.

- Sua apresentação foi perfeita lis - Tom - O nosso coreografo e professor falou me abraçando feliz. Na dança eu encontrei a felicidade que estava precisando encontrar depois de ter vivido um ano de muito sofrimento.

Quando deixei o curso de direito e iniciei o curso de dança na faculdade do rio de janeiro, foi como se me encontrasse e finalmente voltasse a ter brilho nos olhos. A dança me salvou após ter meu coração destruído por ele... Gabriel.

- Meu amor - Samuel me abraçou e me carregou em seus braços. Eu o beijei feliz por ele ter vindo assistir a minha apresentação.

- Não perderia por nada meu amor - Fala carinhoso.

- Amiga foi tão lindo - Beatriz fala e me abraça também.

- Eu tenho uma surpresa para você - Samuel fala se afastando e quando retorna, vejo ele trazendo meus pais. Eu corro e abraço minha mãe e meu pai.

- Como? - Pergunto em choque. Eu olho para Samuel emocionada e ele me diz que mandou Jose, um dos seus empregados buscar meus pais no interior da Bahia.

- Muito obrigada - Falo emocionada com seu gesto. Eu queria muito que meus pais viessem para minha apresentação, mas eles nunca andaram de avião e desde que vim morar no rio de janeiro, para estudar em uma boa escola onde pudesse me preparar para entrar numa universidade, eu os visito todo ano, mas nunca tive a possibilidade de trazer eles para cá, pois faz pouco tempo que me formei e essa foi a minha primeira apresentação, ou seja, apesar de hoje morar sozinha em um pequeno apartamento no centro, ainda não tenho tantas condições financeiras.

Horas mais tarde estávamos na sala de estar brindando ao meu noivado com Samuel e eu olhava para o homem incrível que ele se tornou e agradeço silenciosamente por ele ter me amado quando eu mais precisei.

Ele nunca me perguntou nada sobre uma das piores noites da minha vida e desde aquele dia me protegeu como nunca achei que um homem poderia me proteger, e uma parte minha lamenta tanto por não ter tido a minha primeira vez com ele. Eu tento afastar as lembranças de tanto tempo atrás, mas é mais forte que eu...

Cinco anos antes....

Semanas haviam se passado desde a partida de Gabriel e eu me culpava tanto por ter sido tão ingênua. Eu fui absurdamente inocente ao pensar que ficaríamos juntos só por termos ido para cama, mas eu fui apenas mais uma entre tantas que ele já tinha tido.

Foi uma ilusão que infelizmente criei sozinha!

Eu escutava algumas amigas falarem sobre caras cretinos que transavam e sumiam, mas nunca pensei que isso aconteceria comigo. Lembro que ainda fui capaz de lhe mandar uma mensagem, mas a minha mensagem nunca teve resposta.

Quem nunca fez papel de boba que atire a primeira pedra!

Eu havia tirado uma foto do anel que ele havia deixado comigo e lhe mandado, mas nunca me respondeu. Eu fui burra pra caralho, mas o que eu não sabia era que o pior ainda não tinha passado.

Eu estava sozinha no pequeno apartamento que dividia com uma amiga que também estava no rio de janeiro para estudar, e eu estava sentindo muita cólica no pé da barriga e achava que isso estava acontecendo por causa do atraso menstrual que tive no mês anterior, mas a dor estava além do que poderia suportar, por isso, peguei meu celular e na mesma hora liguei para minha amiga Beatriz, mas chamava e ninguém atendia.

A campainha do apartamento tocou e por ter subido direto imaginei que seria alguém que eu conhecia, e ao olhar pelo olho mágico, Samuel estava parado do outro lado da porta. Eu não pensei duas vezes e ao abrir a porta ele me olhou sorrindo, mas se assustou ao perceber como eu estava com dor.

- Estou com muita dor - Murmurei segurando o pé da barriga. Eu fiquei apavorada ao perceber um liquido quente escorrer entre minhas pernas. Samuel mesmo tão novo e assustado, me carregou em seus braços e corremos para o hospital...

Naquela noite descobrir que eu tinha engravidado, mas foi uma gravidez anembrionada, onde não houve desenvolvimento do embrião, e quando achei que a partida de Gabriel não poderia doer mais, descobrir mais aquela perda.

Samuel foi meu melhor amigo na época e esperou até que eu tivesse pronta para ter uma nova relação e mesmo sem amar ele, eu o escolhi. Escolhi Samuel por tudo que ele representou naquele período tão difícil da minha vida e por tudo que ele representa hoje.

Ele é meu amigo, companheiro e o homem certo para minha vida.

Como dizem, existe o homem da sua vida e homem para sua vida e Samuel é o homem para minha vida.

Dias atuais...

- Vamos brindar novamente a mulher da minha vida - Samuel murmura e levanta a taça feliz. Ele me puxa para seus braços e me beija de forma apaixonada. Eu sorrio para ele, mas meu sorriso congela em meu rosto sem acreditar no que meus olhos estavam vendo.

- Gabriel - Beatriz murmura tão surpresa quanto eu, e todos olham para o homem alto, vestido todo de preto, com o cabelo alinhado e penteado para traz. É impossível não notar como ele está mais forte, e seus olhos brilham intensamente quando olha em minha direção... meu corpo inteiro fica trêmulo sobre seu olhar e puta que pariu, ele tem a coragem de sorrir de forma irônica ao me fitar.

- Meu filho - Vera corre em direção ao filho e o abraça toda emocionada. Eu sento no sofá, mal conseguindo manter as minhas pernas firmes.

- Está tudo bem filha? - Minha mãe pergunta ao notar meu estado. Ela pega em minha mão e percebe como estou gelada. Eu vejo quando o pai de Gabriel vai até ele e o abraça, mas ele não corresponde ao abraço do pai e sei que ele ainda tem muita mágoa de todo comportamento que o pai teve com a mãe.

Eu tento tranquilizar minha mãe e dizer que estou bem, mas me afasto até o banheiro mais próximo com as pernas tremendo. Eu entro no banheiro e mal consigo respirar direito, meus sentimentos todos expostos em meus olhos e me recrimino pela reação do meu corpo.

Olho para minhas mãos e percebo que estou tremendo!

Eu sabia que ele voltaria em algum momento, mas se passaram cinco anos, não imaginava que me sentiria assim. Eu coloco a mão em meu peito, sentindo o meu coração e massageio ali como se isso pudesse aliviar o aperto que sinto.

- Calma Elisa, se controle... nada precisa mudar... - eu repito mil vez até me sentir mais calma e quando penso que estou no controle, saio do banheiro e para meu temor, me bato com Gabriel e ele segura minha cintura para evitar que eu caia.

Seus olhos fitam os meus e sinto como se eu não respirasse ao olhá-lo tão perto... uma mistura de emoções me golpeiam e antes que pudesse evitar ou me controlar, eu o golpeio no rosto com uma tapa...

Ele coloca a mão no rosto como se não pudesse acreditar e me olha furioso!

Seu olhar só não é mais furioso que o meu...

A última noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora