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Puxando Libby e Avery, eu saio da sala como um raio.

Corri tanto, que quando notei, já estávamos do lado de fora.

Tive que me apoiar na parede de pedra ao nosso lado para recuperar o fôlego. Senti as mãos de uma das meninas nas minhas costas, tentando me acalmar. Quando Avery apareceu em minha frente, soube que eram de Libby.

- O que houve lá dentro? - me perguntou.

- Eu não faço ideia, mas nós estamos vazando daqui, tipo, agora mesmo! - Respondi, me engasgando com minha própria respiração. Peguei a bombinha de ar novamente.

- Hope! - Libby exclamou atrás de mim, parecendo preocupada e confusa - Você está bem mesmo? - acenei positivamente, mas uma tosse forte veio logo em seguida me desestabilizando.

Quando eu já estava melhor, Libby voltou a falar.

- Você está doida?

- Eu sou doida, se é que você ainda não percebeu. - respondi sarcástica, arrancando um sorriso de Avery.

Me ignorando completamente ela continua.

- Quando alguém te dá dinheiro você não tenta devolver!

- Você tenta, - semicerrei meus olhos em sua direção - todas as vezes que tento de dar gorjetas no seu trabalho.

- Não estamos falando de gorjeta! - o cabelo azul de Libby estava escapando de seu rabo de cavalo enquanto ela falava agitada - Estamos falando de milhões.

- Bilhões. - corrigiu Avery.

- Bilhões! - Libby soou indignada.

- Hope, - Avery veio até mim, apoiando a mão em meu ombro - pense no que Libby disse. Pense no que isso significa. Você nunca mais vai ter que se matar de trabalhar. A gente vai poder sair daquele apartamento gosmento e fedido. - Eu ri disso - Você vai conseguir pagar as dívidas no hospital! Vai poder finalmente ir para faculdade! Veja todas as oportunidades. Se não por você mesma, veja por mim.

- Avery...

- Eu não precisaria ser mais um fardo em sua vida, poderemos finalmente ser normais, ao invés de jogar na roleta a conta que iríamos deixar de pagar no mês.

- Por falar nisso vamos ficar uns 30 dias sem luz. - respondi cabisbaixa.

Ela se inclinou e encostou a testa na minha.

- A gente pode finalmente viajar. Conhecer o mundo. Pense nisso.

Eu pensei. Por um mísero segundo eu me deixei imaginar as possibilidades.

Conhecer o mundo. Ir para faculdade. Dar um futuro bom para Avery. Ajudar Libby. Ajudar Harry. Não precisaria mais trabalhar sete dias da semana e quatorze horas por dia. Seria o fim. A minha oportunidade de pagar o hospital. Talvez eu até conseguisse entrar no tratamento experimental que minha irmã tanto quer que eu entre.

Tantas possibilidades.

Mas não vou me agarrar a elas.

Talvez, amanhã mesmo, eles encontrem a pessoa certa e eu seja jogada de volta na lata de lixo.

A imensa porta da casa Hawthorne começou a se abrir, me fazendo pular com o susto. De lá saia Nash Hawthorne com seu poderoso chapéu de caubói e sorriso cafajeste.

Acho que começei a suar frio com sua aproximação. E talvez tenha me encolhido um pouco. Ele tinha sido legal comigo antes.

Antes de saber que roubei uma fortuna que pertencia a sua familia.

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