Secrets, lies and hope

1.07

A primeira coisa que percebi ao entrar no salão principal foram as gárgulas nas laterais de uma imensa lareira no centro de uma das paredes.

Sim, gárgulas.

Primeiro fantasmas, agora gárgulas. O que vem depois? Um assassino em túneis subterrâneos?

Entrando mais na sala, avistei Libby e fui me sentar perto dela em uma poltrona gigante. Assim que me sentei, senti como se minha bunda estivesse apoiada em um algodão doce gigante e quentinho que um unicórnio acabou de cagar.

Olhei para Libby, e ela formou um "Eu sei" com os lábios, mas tenho quase certeza de que ela não pensou a mesma coisa que eu.

No meio da sala, alguns advogados e Alisa conversavam com Grayson, Zara e seu marido.

Não vi Avery.

Entediada, comecei a analisar as outras pessoas na sala e fiz uma aposta comigo mesma de quem seriam os novos bilionários.

Um casal de aparentemente 60 anos, que já olhavam para mim como se vissem um fantasma. Dei um sorrisinho e um acesso para não bancar a mal educada.

Um homem que parecia uma estátua com um porte militar, olhava para todos os lados e analisava a todos, prestando atenção nas saídas e em Zara. Sinistro.

Xander, e claramente outro irmão Hawthorne. Esse era mais velho e mais gostoso. Vestia um terno que, assim como uma moto lá fora, já tinha visto dias melhores, e um poderoso e invejável chapéu de caubói na cabeça. Esse deve ser Nash.

Depois de um tempo, já tinha contado quantos quadros tinham na sala, mas para minha surpresa, outra pessoa se juntou à brigada, uma senhora dessa vez. Tive que mudar meu palpite de quem era o novo bilionário.

Nash ofereceu-lhe o braço, mas ela escolheu o de Xander, que a acompanhou até perto de mim.

- Essa é a Nan, - ele me disse, - A lenda. A mulher.

- Volta para o seu canto, volta. - ela soltou o braço dele, - Eu sou a bisavó desse peste, - ela se acomodou ao meu lado, no outro canto do unicórnio, - mais velha que o próprio diabo, e muito pior.

- Ela é uma fofa, - Xander me garantiu animado, - e eu sou o favorito dela.

- Você não é meu favorito. - Nan resmungou.

- Eu sou o favorito de todo mundo! - Xander sorriu.

- Parecido demais com aquele seu avô incorrigível, - de canto, vi sua mão começar a tremer, bem de leve, mas mesmo assim segurei suas mãos. Ela me olhou assustada de início, mas depois me deu um sorriso mínimo. Eu acho que foi um sorriso, mas ela poderia, na verdade, estar planejando meu assassinato.

Esses Hawthorne são estranhos.

Ela olhou para mim, não somente para meu rosto, mas aparentemente algo além, e seus olhos brilharam, até um baque forte nos chamar de volta à realidade, me fazendo tirar minhas mãos das dela.

Nan se inclinou e me disse em tom de segredo:

- Homem horrível - imediatamente me lembro de Harry e rio de seu comentário que saiu cheio de carinho por seus lábios ressecados.

Depois de um tempo, ficar sentada me deixou nervosa e impaciente, tanto que simplesmente ficar balançando minha perna de cima para baixo não me acalmou. Me levantei, limpando o suor de minhas mãos na minha saia, me perguntando, Mas que porra eu estou fazendo aqui? Eu só posso ter merda na cabeça.

Me aproximei da janela, vendo o enorme jardim que a casa tinha. Estou sendo humilde quando digo enorme.

Mais, à minha esquerda, muito longe para que eu possa ver corretamente, duas pessoas conversavam, e só pelas roupas e cabelos rebeldes sabia que uma delas era Avery. A outra pessoa era um garoto. Sem camisa. E pela forma como ele parecia andar um pouco se arrastando, percebi que estava bêbado.