Senti o sol bater na minha bochecha esquerda, aquecendo meu rosto na manhã fria. Saindo da névoa de sono que me envolvia, balancei a cabeça, arrependendo-me imediatamente ao sentir uma pontada forte no pescoço. Acabei dormindo na poltrona que tinha no meu quarto, perto de uma enorme janela com uma vista incrível da cidade.Passei a noite praticamente em claro, incapaz de tirar as palavras de Grayson da minha cabeça. Era como se ele as tivesse proferido como um veneno que não sairia do meu sistema até eu lhe dar outro tapa.
Sendo sincera, adorei ter dado um tapa naquele cara gostoso... babaca. Naquele cara babaca.
Tudo bem, talvez ele seja só um pouquinho gostoso.
Abaixei-me para juntar as cartas de baralho espalhadas pelo chão, as mesmas que Tobias Hawthorne me deixou.
Cinquenta e uma cartas Ás e uma rainha.
No poker, o Ás é a maior carta e pode ser usado para formar um Straight Flush. Já a Rainha tem relação com o Naipe de Copas e tudo relacionado à âncora, à capacidade feminina de concepção e ao desenvolvimento interno daquilo que é concebido.
Mas o que isso teria a ver comigo?
Por que Tobias Tattersall Hawthorne deixaria aquilo para mim?
Durante a madrugada, examinei as cartas. Eram iguais, sem irregularidades, erros na tinta ou gravações escondidas. Eram somente... cartas.
Sentia-me uma maluca por pensar que o velho deixaria um jogo a ser desvendado, como Nash me disse.
Seja forte. Sinto muito por isso.
Por que ele sentia muito?
Por me deixar ser a terceira mulher mais rica dos Estados Unidos?
Ou sentia muito por me deixar ser o alvo de caça canibal de seus familiares?
Seja forte pelo o que?
Essas perguntas vão me deixar maluca, e eu já sou bem doida das ideias.
Saindo do quarto, encontrei Oren e Alisa na cozinha da suíte, conversando em voz baixa. Pareciam dois espiões da CIA.
- Hope! - Oren foi o primeiro a me ver. Ele sorriu quando me aproximei - Como vai a mão? - perguntou.
- Doida para encontrar uma bochecha de um loiro metido.
Ele riu. E eu me sentei no balcão da cozinha
apontando para Alisa, que mexia no super tablet dela.Ele somente balançou a cabeça.
- Eu gostaria de passar com você alguns protocolos de segurança.
- Ah não, - resmunguei - você já me disse tudo ontem à noite, bem aqui nessa mesa se bem me lembro.
- E se bem me lembro, você me ignorou completamente. - ele acusou, cruzando os braços.
- Você estava competindo pela minha atenção com o café, - disse o óbvio - é claro que iria perder.
Alisa desligou o tablet e se virou para mim.
- Temos que conversar sobre seu vício.
Abri a boca para insultar, mas achei melhor não, já que ela estava perigosamente perto das gavetas com facas afiadas.
- Alisa está certa. - Oren concordou - Nada saudável.
- Eu não sou uma viciada! - soei indignada - Só tenho um amor incontrolável por cafeína. Isso não é crime. É um modo de vida.
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Secrets, lies and hope
FanfictionHope Thosne tinha apenas um objetivo de vida. Sobreviver. Um objetivo que se mostrava se cada vez mais difícil de ser alcançado. Trabalhando em três empregos para sustentar a si mesma e a irmã mais nova, Hope não esperava que em uma manhã chuvosa u...