Secrets, lies and hope

1.11

- Eu não acredito! - Candice gritou sussurrando.

Candice Hazel é uma residente de cirurgia geral no hospital em que trabalho. Trabalhava. Ela tem 10 anos a mais que eu. Mas é a melhor amiga que eu poderia ter. 

Eu não tenho muitos amigos da minha idade. Isso se dá ao fato de na escola eu era adiantada. Enquanto meus colegas do último ano tinham 18 anos, eu tinha 16. E também porque as meninas eram umas esnobes ridículas e os garotos crianças gigantes sem fralda.

Acho que meus únicos amigos de verdade são Candice e Lafayette, mas ele deve estar em alguma boate por aí.

Sei que Candice está em seu turno hoje, mas eu tinha que ligar para alguém. E pelo modo ao qual sua voz saiu abafada ela devia estar dentro de um dos armários minúsculos de limpeza do hospital.

- Você estava dormindo com o nono homem mais rico do país e não me contou? - Ela parecia chocada - Sua vaca!

- Eu não estava dormindo com ele. Eu nem sabia que ele existia! - respondi chocada com sua acusação - Porque todo mundo acha que eu dormi com ele?

Seu silêncio momentâneo falou tudo.

- Lembra do Alex?

Gemi em descontentamento, me sentando na cama mais macia do mundo. Me joguei pra trás.

- Não me lembre disso.

- Lindo. Charmoso. Mais velho. Mafioso. Lembra dele?

- Águas passadas. Não me envolvo mais com gente assim.

- Se você diz...

Um silêncio reinou entre nós por um tempo.

- Quero teorias. Porque ele deixaria tudo pra mim?

- Algoritmo de computador!

- Ele era um velho. Você acha que ele sabia o que era um algoritmo?

- Sorteio.

- Muito improvável. Ele tinha minha vida toda dentro de uma pasta.

- Bizarro.

- Pois é. Ele sabia o que estava fazendo.

- Vampiro!

- O que? - perguntei surpresa.

- Ele pode ter sido um vampiro que se apaixonou por você. E vocês  tiveram uma linda história de amor. - Disse melancólica - Mas aí ele teve que te deixar.

- Porque ele faria isso?

- Eu sei lá. Ele era maluco. Tinha uma pasta sobre você - disse óbvia.

- Verdade...

- Aí ele apagou suas memórias, mas nunca te esqueceu. Por isso no final de sua vida imortal, te deixou tudo.

- Eu tinha pensado a mesma coisa. - Falei.

- É porque é o mais óbvio!

Pensamos por um tempo.

- Não... - dissemos juntas.

- Dra. Hazel? - escutei uma voz gritar surpresa pelo telefone.

- Olá dr Woods, já vou sair, só estou falando com o meu marido, sabe, ele acha que estou trabalhando de mais.

- Seja rápida. - Escutei o Dr. Woods, chefe da cirurgia geral, dizer. E depois um barulho de porta fechando.

- Você não é casada. - acusei.

- Como se ele se importasse. - me respondeu.

- Acho que Tobias Hawthorne pode ser meu pai. - falei depois de um tempo, expondo meus pensamentos.