26 de fevereiro
MOONBYUL
Sentada no chão da sala, rodeada de cacos de vidro e lágrimas.
Copos foram quebrados em mais um dos episódios onde a raiva sai para passear e não volta para casa. Eu sou a casa.
Minha cabeça se tornou um toca discos e as falas de Wheein rodavam em loop, sem parar, sem pausas, sem interrupções. Aquelas palavras eram reproduziam na velocidade normal, rápida, lenta mas nunca paravam. Vinham acompanhadas de soluços e pontadas no estômago, culpa e arrependimento.
Eu não sabia se chorava pela consciência pesada ou pelas minhas mãos que já sangravam devido o repetido ato de socar a parede. Não é como se aquela estrutura de concreto fosse me fazer retornar no tempo e não agir como uma grande ingrata, aquela merda de parede apenas separava a sala da cozinha.
Sim, Wheein, você estava mais uma vez certa. Eu não existo sem você mas apenas consegui notar que é a mais pura verdade quando virei minhas costas e sai da sua frente segurando as lágrimas mais cedo no corredor da escola. Diversos alunos que passavam por lá nos olhavam, ela pedia para que eu parasse e eu não a escutei. Idiota! Eu sou idiota!
Tentei achar meu celular mas, ops, o avistei com a tela piscando em falha, a película trincada e a parede do outro canto da sala marcada. Pelo visto o copo não foi o único que voou para longe no surto de raiva.
Eu queria ligar para Wheein e implorar por perdão. "Desculpa por te envergonhar, por te tratar como uma ninguém! Me desculpa por ser uma péssima amiga, por descumprir as nossas promessas."
Meu estômago se revirava mais e mais ao pensar que tudo começou por besteira.
Andávamos no corredor e conversávamos, eu estava cabisbaixa, triste por algo que eu sabia que aconteceria e ela me bombardeou de assuntos diferentes, cinco mil comentários sobre pautas totalmente distintas em menos de um minuto. Era notícia de famosos, novidades da turma de teatro, fofocas mal contadas e sem fundamento e sinceramente eu não queria saber se a Shakira foi corna ou não.
Eu havia deixado um bombom com um post-it no armário de Kim Yongsun, uma atitude idiota igual a mim. Fui alertada para não fazer isso mas obviamente não escutei, mais tarde vi o maldito papelzinho rosa-choque no chão, amassado e sujo de calçados que passaram por cima dele. Não sei como pude pensar que aquilo funcionaria, que aquele chocolate barato com um pedaço de papel faria Yongsun vir atrás de mim. Para ela foi apenas o álcool, para mim não.
Wheein fechou seu armário com força quando eu lhe disse o motivo de estar querendo a mandar calar a boca.
— Você é idiota? — Ela disse num tom elevado.
Fechei o meu armário também na mesma intensidade. Parabéns, nota dez para a maturidade.
— Sim, Wheein, eu sou idiota. Satisfeita?
— Você acha que se submeter ao papel de ridícula que corre atrás de pessoa comprometida é bonito? — Ela pode ser a pessoa mais louca que eu conheço, que me leva para o olho do furacão só para poder comer algo que gosta, mas Jung não suporta me ver cavar minha própria cova. Ela prefere sua humilhação do que a minha.
— Por que você simplesmente quer mandar em tudo que eu faço? Sua vida é tão entediante ao ponto de querer me fazer sua marionete? — Vacilei.
— Você não vive sem mim. — Uma facada doeria menos. — Se eu não "te fazer de marionete" você se mata! — Fez sinal de aspas com os dedos e forçou uma voz chatinha ao repetir o que eu havia dito. Engoli aquilo com dificuldade já que a garganta estava transbordando de argumentos terríveis e xingamentos de baixo calão.
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Loved, Loving, will Love | MOONSUN
FanfictionQuando uma garota inconsequente é notada por sua paixão secreta, nem o limite do certo e errado pode a parar. Moon Byulyi não tinha nada a perder se seguisse seu coração (o que nunca foi uma opção confiável) mas Kim Yongsun estava com seu namoro, r...