Loved, Loving, will Love | MOONSUN

#3

20 de Fevereiro

YONGSUN

Era aula de história, Guerra das Coreias eu acho. O professor andava de um lado para o outro explicando aquele conteúdo complicado, as vezes acordava algum aluno desinteressado e sempre dava broncas em Im Nayeon e Jeon Somi já que elas não calavam a matraca por mais de dois minutos.

Byulyi estava sentada ao centro da fileira do meio logo atrás de Jung Wheein. Eu que me sentava na última carteira do canto esquerdo conseguia observá-la quase que de camarote. Vez ou outra algum cabeçudo interrompia minha visão do anjos, o que me fazia cair na realidade de "por que caralhos eu estou tão fixada nela?"

Na verdade não era uma pergunta tão complexa, oras, aquela é a garota que eu beijei numa festa, a maldita garota que não sai da minha cabeça. Na noite anterior tentei dormir mas tudo que me vinha na mente eram curtas memórias que me sobraram daquela noite e digamos que essas imagens que íam e vinham no pensamento me subiam um sentimento estranho. Talvez a culpa estivesse pesando menos na balança. Talvez fosse apenas um surto de uma garota desesperada. Talvez eu só estivesse no meu período fértil, se é que me entende.

Apesar de estar me sentindo menos mal com toda essa minha deslealdade, o peso na consciência que resta ainda é bastante pesado. De 500 quilos passou pra 450.

O fator primordial para que 50kg fossem ralo a baixo é incrível sensação de adrenalina e de inclusão no grupo. Todas as meninas me encorajaram a entrar no armário, deve ser algo comum entre os jovens da metrópole, sei lá.

Byulyi riscava aleatoriamente seu caderno, roubava água da garrafa de sua amiga, tremelicava sua perna de forma ansiosa, mexia no cabelo de Jung e olhava para o relógio a todo momento. Cada um de seus movimentos a tornava mais atraente.

Eu sempre prestei atenção nas aulas de história mas agora eu não conseguia mais.

Ao som do sinal fechei o zíper da mochila e corri para a saída sem nem mesmo esperar minhas amigas. Tudo que eu queria era ir embora para casa, tomar um bom banho e dormir. A frase "dorme que passa" é meu lema, tudo se resolve com uma boa soneca.

Estava distraída guardando meus materiais no armário quando levei um dos maiores sustos; Era Hendery (para variar) que apertou minha cintura. Em seguida entrelaçou seus braços no meu corpo e me ergueu, meus pés saíram do chão e voltaram em segundos.

— Já é amanhã, já é amanhã! — Ele fez uma dancinha estranha enquanto bagunçava meu cabelo. — Minha neném vai dezoitar!

— Não me chama assim na frente dos outros. — Me virei para ele com o cenho fechado e as bochechas coradas. Se alguém escuta essa breguice de casal eu seria capaz de me enfiar dentro do bueiro e sair só no dia seguinte. — E sim, é amanhã!

Sua expressão mudou de cachorrinho triste para criança arteira muito rápido e então continuou com a dancinha constrangedora.

— Já sabe o que iremos fazer para comemorar esse marco de vida?

— Ainda não, tenho que falar com as meninas. — Passei meus braços pelos seus ombros ficando na ponta dos pés.

Sorriu e me beijou na boca. Depois virei o rosto e seus lábios selaram minha bochecha. Fui mordida.

— Hendery! — Tornei a o encarar novamente com o cenho franzido, fiz carinho no meu próprio rosto. — Minha bochecha vai ficar vermelha!

Ele me encheu de beijinhos rápidos enquanto repetia "desculpa, desculpa, desculpa".

Desviei o olhar ao rir e acabei por acidentalmente estacioná-lo na garota escorada no armário, com um moletom duas vezes o seu tamanho, franjinha bagunçada e... e que conversava com a Irene... Ah.