19 de março
MOONBYUL
Era uma típica noite de quinta-feira, com meu caderninho em mãos desenhava assistindo um dorama no notebook. Estava cansada do dia corrido no colégio, provas e treinos do time. Em breve teremos um campeonato, dessa vez pra valer e será até engraçado eu, capitã, contra Hendery, também capitão. Queria saber para quem Yongsun torcerá...
No dorama a protagonista sofria, meus olhos estavam marejados e a lapiseira estava até jogada em cima do caderno de desenhos, eu havia esquecido de tudo e só sabia sofrer junto da garota. Eu juro que não sou sempre emotiva, ok?! Só estou de tpm... Certo, não vou mentir, se tem algo que não consigo segurar são sentimentos sejam eles tristeza, alegria ou principalmente raiva.
Uma gotinha lacrimal solitária escorreu pela bochecha ao mesmo tempo que recebi uma notificação no celular. Em seguida duas, logo três. Quem estava atrapalhando meu choro em solidariedade a pobre protagonista sofredora? Imaginei ser Wheein surtando em meu chat pelos seus crushs famosos, mas não, era a última pessoa que eu esperava receber mensagens oito da noite de uma quinta-feira. Kim Yongsun.
Pensei que nosso "lance" tinha sido aquilo e acabou, estava até chateada que nos últimos dias quase não nos falamos por mensagens mas então, puf, ela me apareceu com um "você tá ocupada? podemos nos encontrar?"
Eu poderia estar conversando com o papá, curtindo um show da Beyoncé, jantando com o PSY, mas ainda assim eu largaria tudo para encontrar a Kim. Fechei caderno e notebook numa pressa que só, passei meu perfume, escovei os dentes, peguei um casaco, coloquei meu tênis, mais um pouco de perfume, gritei que estava saindo para minha mãe e bati a porta. Coitada, ela ficou sem entender nada, nem se quer disse um tchau.
O vento batia contra mim, gelado. Caminhava pela rua procurando a garota mais linda, era onde combinamos.
Me assustei quando mãos geladas cobriram minha visão. De duas uma, ou era Yongsun ou era um ladrão meia boca, mas eu conhecia aquele perfume muito bem. Segurei suas mãos sentindo sua pele macia, tendo ainda mais certeza que era Yongsun.
— Eu gosto do seu perfume. — Retirei suas mãos as segurando ao me virar para trás.
— Não te assustei? — Fez um biquinho se pendurando em mim. Sorri soltando suas mãos para envolver seu corpo num abraço.
— Um pouquinho, bem pouquinho! — Ela me olhava nos olhos.
— Que bom que veio.
— Que bom que me chamou.
Trocamos sorrisos e olhares apaixonantes.
A rua estava vazia, já era tarde e as casas tinham janelas escuras.
Caminhávamos de mãos dadas pela noite, íamos rumo à minha sorveteria favorita. Cresci indo ali, comprando casquinhas com as crianças da vizinhança e roubando os chicletes do caixa quando os funcionários estavam distraídos. Estávamos um pouco perto da minha casa, Kim queria ir até uma sorveteria então disse que a levaria na minha favorita, nos encontramos seis quarteirões abaixo de onde eu moro. Não queria que soubesse que minha casa não é chique como a de suas amigas e a dela, Kim deve ser muita rica para ser amiga de patricinhas mimadas e milionárias.
— De que é o seu sorvete? — Ela perguntou levando minha colher até sua boca. Puxei-a de volta rindo.
— Que boba! — Bati em seu ombro dando risada.
— É chocolate amargo? — Yongsun questionou rindo.
— Quer mais um pouco para ter certeza, querida? — Ironizei cruzando os braços.
— Por favor, querida. — Retrucou pegando a colher do potinho e levando mais uma vez até sua boca. — Não, não! É chocolate ao leite mesmo!
— Degustadora de sorvete? — Tomei a colher de sua mão com um sorriso estupidamente bobo no rosto.
— Sou! — Ela sorria como uma criança feliz.
Com minha colherzinha roubei um pouquinho do seu sorvete cor de rosa. Gargalhei com sua carinha fofa seguida de um "Moon!" revoltado.
— É a vingança! — Roubei mais um pouquinho e recebi tapinhas no braço. Parecia realmente uma criança. — Isso está gostoso, o que é?
— Chiclete. — Fez bico. — E é meu!
— Todo seu!
Eu amo a companhia da Yongsun.
Dessa vez nos sentamos no banco de uma pracinha onde um grupo de jovens tocavam instrumentos como violão e pandeiro. Eu paguei nossos sorvetes pois sou muito romântica, com licença, em seguida caminhamos novamente de mãos dadas pelas ruas rindo e fazendo graça.
Os jovens cantavam em roda, observávamos de longe.
— Eu gosto de cantar. — Disse Yongsun vidrada neles.
— Sério?! — Meu braço estava sobre seus ombros. — Eu preciso ver isso!
— Eu tenho vergonha! — Se aconchegou.
— Ah não, Yong! — Dessa vez eu quem fiz sua típica carinha de bebe chorão. — Podemos ir ao karaokê algum dia, assim não se sentirá tão envergonhada, o que acha?
— Vou pensar no seu caso.
— Pensa com carinho.
Kim levantou seu rosto com um sorriso nos lábios, se aproximou e beijou minha bochecha.
— Pensarei.
[...]
— Qual sua cor favorita? — Yongsun questionou quebrando o silêncio entre nós duas.
— Eu gosto do roxo.
— Roxo me lembra a lua, não sei porquê. — Ela disse olhando o céu estrelado. Estávamos deitadas no gramado observando a noite.
— Meu nome é lua. — Sorri observando seu perfil. Pude ver um sorrisinho bobo se formar em seu rosto.
— Minha cor favorita é amarelo. O que te lembra?
— O sol... — Sussurrei.
— Meu nome é sol. — Kim olhou para mim. Meu rosto estava corado, eu tenho certeza, mas em compensação o dela também estava.
Seus fios de cabelo voavam, o vento era gelado mas refrescante. Devagarzinho ela se aproximou, cautelosa e em silêncio se aconchegou em meu peitoral se deitando e entrelaçando seus braços em minha cintura.
Travei. Congelei. Não sabia como reagir.
Ok... Respira fundo, Moon Byulyi!
Lentamente toquei o cabelo dela, acariciando com a ponta dos dedos. Pude ouvir Yongsun suspirar, o que aqueceu meu coração.
— Seu abraço é bom... — Cochichou.
— Então me abrace mais vezes. — Retruquei a acariciando.
— Eu posso? — Disse baixinho.
— Te abraçar é bom.
Era um clima romântico no ar, estranhamente agradável e me parecia tão recíproco. Não sei, talvez eu estivesse delirando mas a forma que ela me tratou nessa noite foi tão diferente de todas as nossas outras conversas.
Eu espero que esse clima permaneça e eu esteja enganada sobre suas intenções.
Entretanto não nos beijamos em momento algum. Trocamos flertes, andamos de mãos entrelaçadas, ficamos pertíssimo uma da outra mas não a beijei. Talvez ela tenha me chamado por tédio, porque suas amigas estavam ocupadas para sair ou seu namorado não atendia sua ligação, não sei, talvez ela nem queira nada comigo além de se divertir. De toda forma, espero que possamos nos encontrar mais vezes e enfim ela ver que eu sou a garota certa para sua vida. Hendery é tão sem sal.
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Loved, Loving, will Love | MOONSUN
FanfictionQuando uma garota inconsequente é notada por sua paixão secreta, nem o limite do certo e errado pode a parar. Moon Byulyi não tinha nada a perder se seguisse seu coração (o que nunca foi uma opção confiável) mas Kim Yongsun estava com seu namoro, r...