[Aviso de gatilho: este capítulo contém cenas de violência física. Se este tipo de conteúdo lhe causa desconforto, prossiga com cautela, ou se achar melhor, pule para o próximo capítulo]
Gabriel acreditou por um breve momento que estava salvo, e tudo tinha se resolvido, apesar de ainda sentir-se injustiçado, enfurecido por terem decidido por tirar a vida de seu melhor amigo. Ouvir aquelas palavras, desestabilizou o jovem vampiro de tal forma, que ele jamais imaginaria ser possível.
— Se algum de nossos líderes, ou os segundos em seus comandos, decidirem apadrinhá-lo, você sairá por conta própria deste salão... — Jonathan pausou por um breve momento, mostrando que compadecia da situação do jovem Gabriel — no entanto, se nenhum de nós o aceitar, não deixaremos um vampiro invasor caminhar por nosso território livremente. E você será destruído, aqui e agora. — revelou o juiz fechando o rosto em uma carranca.
Ophélia estava certa, os anciões não deixariam aquela transgressão passar, e o destino de Gabriel, uma vez mais, dependia daqueles vampiros que ele os acusou de serem negligentes. Um gosto amargo tomava conta da boca do rapaz, seu coração batia freneticamente, e o peito parecia estar prestes a explodir, ao ponto de não conseguir respirar.
Gabriel caiu de joelhos, sentindo que sua vitória fora breve. Percebeu que aquele mundo, era muito mais cruel do que imaginara, pois nunca pensou que lhe dariam esperanças, para tão brevemente lhe arrancarem-na facilmente. O rapaz notou que alguns espectadores pareciam se deleitar com o espetáculo, Ophélia, era uma dentre aqueles bastardos cínicos.
Buscou pelo salão por alguma alma que se compadecesse de sua situação. Entretanto, para cada figura que olhava, que aparentavam inspirar autoridade, eles avertiam seus olhares. Já outros, demonstravam estarem tomados pela raiva. E suas palavras, que causaram tudo isso.
— Que pena, e eu até achei que o garoto teria mais chances do que aquela vampira... — ouviu alguém comentar.
— Jonathan é mesmo cruel, dar alguma esperança à pobre criança e depois retirá-la completamente... — outro vampiro comentou.
— Não é à toa que ele permanece como líder do Conselho há séculos — Uma outra voz complementou. Sua dona, aparentava ser tão jovem quanto Gabriel, talvez fosse um pouco mais velha que ele.
— Alguém irá interceder por este jovem? — Jonathan perguntou uma vez mais.
Silêncio... Esta era resposta que Gabriel tinha recebido. O rapaz sentiu que a esperança parecia esvair-se entre seus dedos. Arrependeu-se amargamente de não ter escutado o conselho de Joana, se tivesse como voltar no tempo, teria feito tudo diferente...
Pelo menos serei o único a morrer... e minha mãe não precisará passar por isso, nem mesmo Cris ou Dona Cida...
Gabriel pareceu conformar-se com a situação, havia até conforto em meio àqueles pensamentos...
— Muito bem. A voz do Conselho é a voz da justiça! Com o poder conferido a mim, sentencio este vampiro... — Jonathan com um semblante sereno, mas carregado com um sorriso cínico, estava prestes a dar o veredicto. No entanto, foi interrompido por uma voz dentre aqueles que estavam presentes no salão.
— Eu o tomarei sob meus cuidados.
O rapaz diferente de muitos dos seus camaradas, possuía feições mais delicadas. O semblante era sereno, a pele alva lhe dava um aspecto quase espectral, não fossem pelos cabelos escuros e os olhos de jaboticabas, facilmente se passaria por um humano em meio aos vampiros. Seu olhar carregava algo, talvez sentisse pena do jovem que tinha sido jogado aos lobos.
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O Outro Lado do Anoitecer
ParanormalO que você faria se descobrisse que um outro mundo pudesse se revelar diante de si toda vez que o sol se põe? Gabriel jamais imaginou que isso um dia poderia ser possível, e agora se vê obrigado a aprender as regras deste mundo tão estranho e hostil...