Rodrigues ainda estava na cama quando recebera uma chamada em seu telefone. Era pouco antes das três da madrugada. O rapaz ainda sonolento, tateou a mesa de cabeceira em busca de seu aparelho, derrubando no processo a pistola, que estava diante de um retrato de família. Despertou completamente ao ouvir o barulho abafado de algo sobre o assoalho.
— Merda... — disse o rapaz ainda sonolento ao olhar seu telefone vibrando, fazendo com que o retrato de família, patinasse sobre o móvel.
O policial deslizou o dedo sobre o visor e reparou que em sua tela aparecia o nome de Marcos, seu colega, que naquele exato momento, estava em plantão na delegacia.
— Rodrigues? — Ouviu o policial chamar do outro lado da linha.
— Pode falar...
— Conseguimos as gravações das câmeras do condomínio daquele caso de duas noites atrás... — Rodrigues despertou por completo ao ouvir aquelas palavras, mudando até mesmo sua postura enquanto estava sentado em sua cama.
— E aí?
— Acho melhor você vir pra cá — Marcos advertiu. — Patrícia já está a caminho, e vocês mesmo precisam ver isso. — O tom de aflição do colega despertou um pouco de preocupação.
Rodrigues se agachou a medida em que pegava sua pistola no chão, depois levantou-se imediatamente.
— Tudo bem, em quinze minutos estou aí. — disse antes de desligar o telefone.
Rodrigues sentia que algo estranho estava acontecendo. E esta sensação persistia desde que aceitou aquela ocorrência duas noites atrás. O policial recordava-se da mãe da vítima, em estado de choque, ela falava sem parar e chorava tentando compreender o que tinha ocorrido no quarto do filho.
Havia sangue na cama do rapaz, e ele tinha um estranho ferimento em seu ombro. O que o policial achou mais bizarro nesta situação, foi o fato de que alguém saltou do quarto andar, entretanto, nenhuma pista levava ao paradeiro do agressor. Sua intuição dizia que algo grande estava para acontecer. Só ainda não sabia o que...
Rodrigues pegou uma muda de roupas e as vestiu às pressas. Em seguida, calçou os sapatos, colocou sua pistola no coldre e por fim, desceu as escadas rapidamente, até chegar à sala que era ligada a pequena cozinha. Da parede, retirou as chaves que estavam penduradas, e então, seguiu até a porta. Enquanto a trancava, verificou duas vezes se tinha mais alguém pelas redondezas, era perigoso demais andar desatento por aquele horário.
O policial chegou até seu carro, que estava estacionado na calçada, uma rua acima da que morava. Verificou de novo, se alguém estava por perto, mas nada notou. Entrou em seu veículo, deu a partida e saiu logo rumo à delegacia.
Em seu caminho, revisou mentalmente, tudo o que sabia sobre o caso. Sentia que precisava estar preparado para o que viesse a seguir.
As ruas até a delegacia estavam vazias, salvo por alguns moradores de rua que dormiam nas calçadas, protegendo-se do frio e acompanhados por seus cães. Rodrigues notara que apenas naquele trecho que percorreu, o número de pessoas sem lar, havia aumentado, o que achou triste.
O policial assim como prometera a Marcos, lá estava. Tinha levado um pouco mais que quinze minutos. Patrícia estava a sua espera, e sua cara não era das melhores... O rapaz só não sabia se ela já teria visto o tal vídeo.
— O que aconteceu? — Rodrigues perguntou preocupado.
— Como Marcos achou que você gostaria de ver a gravação, ele resolveu atender a ocorrência...
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O Outro Lado do Anoitecer
ParanormaleO que você faria se descobrisse que um outro mundo pudesse se revelar diante de si toda vez que o sol se põe? Gabriel jamais imaginou que isso um dia poderia ser possível, e agora se vê obrigado a aprender as regras deste mundo tão estranho e hostil...