29. Memórias de sangue

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O jovem vampiro ainda ponderava sobre a tal oferta que lhe foi feita. Havia muita coisa que ainda não sabia, sobretudo, a respeito das reais intenções do Conselho dos Sete, e de Miguel. Os motivos que o levaram a apadrinhá-lo ainda pareciam estranho demais, não havia uma única pista sobre o porquê ele teria tanto trabalho em educar um vampiro desgarrado aos costumes de sua ordem.

Logo descobrirá que sou muito mais honrado em minha palavra, comparado àquele que o acolheu — Às palavras daquele sujeito ainda ecoavam, e Gabriel tinha a sensação de que de alguma forma, Victor parecia saber algo sobre Miguel.

O que é que não estou percebendo? — questionava-se enquanto reunia tudo o que sabia até então.

Por outro lado,  tinha percebido que Victor parecia também não compreender o motivo pelo qual Gabriel não se tornara um Ghoul, como Vanessa e os demais sob seu comando. Não conseguia compreender também, alguma coisa na maneira em que foi concebido, alterando o curso dos planos daquele homem.

Seus pensamentos continuavam a espiralar, e chegar a alguma conclusão parecia difícil demais. Já Hélio permanecia em silêncio e o jovem vampiro percebera que o rapaz evitava olhá-lo, talvez estivesse arrependido? Não saberia dizer.

A porta se abriu uma vez mais, interrompendo o fluxo de seus pensamentos desordenados. Victor parecia sorrir, e atrás dele, Vanessa e outros iguais a ela, o seguiam como cães de guarda.

O caminhar dele era vagaroso, despretensioso e marcava cada centímetro de seu território. Algo dentro do interior de Gabriel o alertava sobre jogar conforme as regras do inimigo, até porque ele desconhecia o poder que ele possuía. No entanto, aquele vampiro parecia prover de todas as repostas que em semanas não conseguiu obter do Conselho, de Diego ou qualquer outra pessoa.

— Acredito que tenha pensado o suficiente a respeito da minha proposta — disse o estranho cortando o silêncio do quarto.

Hélio estava paralisado, Gabriel sentiu muito medo vindo do rapaz, aquele homem ou talvez aquelas criaturas, o amedrontavam ao ponto de tremer no canto do quarto, enquanto segurava suas próprias pernas contra o próprio corpo.

— Tudo bem... De alguma forma, acredito que eu possa conseguir mais respostas com você do que com qualquer outra pessoa.

Victor exibiu um sorriso nefasto, em seguida, ofereceu o braço para que Gabriel o segurasse e por fim, seguissem juntos a algum lugar dentro do esconderijo dele.

Os dois caminharam próximos um do outro, e o jovem vampiro observava atentamente cada detalhe do lugar, que não pareceu tão espetacular ou algo do tipo. A única coisa que o fez ficar alerta, era o fato de que havia muito mais daquelas criaturas do que conseguira imaginar. Era como se ele estivesse montando seu próprio exército, e essa constatação o alarmou, pois Gabriel recordara-se de quando Miguel mencionara que agir dentro dos domínios dos Sete Clãs, era uma declaração de guerra.

— Você parece muito bem-preparado pra enfrentar os Sete Clãs — disse o jovem vampiro na expectativa que o homem ao seu lado deixasse alguma informação valiosa escapar.

— Você não faz ideia!

— Como você pretende me dar essas respostas?

— Ah! Crianças, tão ávidas como de costume...

— É sério! Não vejo como você poderia me dar o que preciso!

— É aí que se engana, posso ensinar mais sobre você mesmo do que qualquer um dos vampiros dos Sete Clãs poderiam sonhar!

— Prove!

— Tudo em seu tempo, garoto! — disse mantendo a fachada.

O estranho vampiro não parecia estar incomodado com a pressa que Gabriel tinha em adquirir respostas. O que era muito diferente de Miguel, que sempre pareceu estar em um constante mal humor, e sem a mínima vontade de ensinar alguém como ele.

O Outro Lado do AnoitecerOnde histórias criam vida. Descubra agora