32. Verdadeiras intenções

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Lúcia repousava em um enorme banco de couro, vestindo apenas uma peça de seda na cor bordô, que acentuava a cor de sua pele de tom amadeirado. Os braços e ombros estavam desnudos, mostrando um pouco de sua confiança exacerbada em seu corpo, status e poder. A vampira alimentava-se do sangue de duas belíssimas mulheres, que deveriam ter a mesma idade que Hélio.

Miguel adentrou o salão do prazer, seguido de Gabriel, que ainda estava machucado pelo confronto com os ghouls, e Ana que tinha um ou outro arranhão. O novato não pôde deixar de notar o salão repleto por velas vermelhas que queimavam, as luzes também eram da mesma cor, e as cortinas eram de um tom mais escuro. As paredes, por sua vez, tinham uma coloração negra e estava repleta de gravuras de Lúcia em outros tempos.

— Como foi o progresso de nosso pequeno rufião? — Lúcia perguntou, quebrando o silêncio e acenando para que as duas garotas a deixassem.

Miguel ajoelhou-se diante da matriarca e ousou lançar seu olhar em direção da vampira, que agora estava virada de lado, deixando parte de seu seio esquerdo escapar pelo vestido de seda. Ele tentou evitar olhar para o corpo da matriarca, voltando-o em direção ao rosto da vampira e então reportou.

— Ele conseguiu se disfarçar com maestria entre os humanos, até mesmo enfrentou alguns ghouls sozinho e desarmado, embora a batalha poderia ter sido perdida, se não tivéssemos tido apoio de Ana com o restante de nossos homens. — Miguel explicou, omitindo a parte em que a Grande Magus interveio e os salvou.

Lúcia pareceu surpresa em parte, levantou um de seus cenhos, e olhou em direção do vampiro que estava com roupas rasgadas e ensanguentadas, alguns cortes em seu corpo que ainda cicatrizavam.

— É só isso que tem para reportar? — Lúcia perguntou completamente entediada. Voltou sua atenção para uma de suas musas, e os outros vampiros pararam de beber lhe o sangue.

— Conseguimos também prender o responsável por transformar humanos em ghouls. Ele estava criando um exército, mas obtivemos ajuda da Guarda do Alvorecer. — Aquela última informação dada por Miguel, pareceu deixar a matriarca um tanto quanto desgostosa com a situação.

— Posso saber o motivo de vocês terem se envolvido com a Guarda do Alvorecer? — Lúcia perguntou, mesmo não levantado a voz ou feito quaisquer gestos que demonstrassem seu incômodo, era muito perceptível que aquela pergunta não era por mera irritação, e sim advertência.

— Acontece que o responsável pelos ataques, não era um vampiro qualquer. Ele de alguma forma consegue utilizar do dom do clã destruído. —Lúcia olhou diretamente para Miguel, depois para o jovem Gabriel que permanecia quieto, e por fim, Ana que estava alheia ao que acontecia no salão.

— Precisamos levá-lo ao Conselho o mais rápido possível — disse Lúcia ao vampiro careca ao seu lado. O homem anuiu, retirando-se do salão dos prazeres em silêncio, mas com passos apressados. — Descansem por hora, assim que nos dirigirmos ao Tribunal, vocês irão depor diante do Conselho os acontecimentos, e espero que não deixem nada de lado. — Aquela última advertência pesou sobre Gabriel, uma vez que os olhos de âmbar de Lúcia, recaíam sobre sua figura.

...

Miguel esperava por Gabriel em seus aposentos. Aquela era a primeira vez que o rapaz visitava o quarto de seu tutor. Em seu caminho até o quarto de Miguel, o jovem vampiro ponderava em quais perguntas deveria fazer ao mais velho.

Sobretudo, gostaria de compreender o porquê de ele ter escolhido abrigá-lo e educá-lo de acordo com os costumes dos Setes Clãs. Um outro pensamento também o atravessava, a mentira que aquele vampiro que o sequestrou, referia-se, bem como a menção de um clã destruído.

O Outro Lado do AnoitecerOnde histórias criam vida. Descubra agora