Eu já estou neste mundo a anos, Cedrick passou por sua cerimônia de maioridade e até hoje me pergunto quando vou poder sair daqui e ir para casa.Eu tenho tão poucas respostas que isso me enlouquece.
Na noite seguinte a comemoração, eu tive um pesadelo horrível.
Aquela sombra de olhos vermelhos assustadora colocou a mão no meu pescoço.
–Você pode ter quebrado a maldição, mas isso não significa que eu perdi todo o poder que tinha sobre sua vida, querida Lisavetta!
Eu me sentia sem ar, engasgando.
–O que devo fazer? Tornar seu pesadelo real? Aquilo que você tanto teme que aconteça pode ser a salvação deste mundo. E o engraçado é que você nem perceberá até ser tarde demais.
Eu acordei no meio do corredor.
Era em frente a porta do quarto do Cedrick e eu não sei como vim parar aqui.
Fui para o meu quarto, confusa, pois nunca tinha sido sonâmbula antes.
Eu ainda estava meio atordoada no dia seguinte.
O café seria servido a Cedrick e a criada saiu para pegar a bandeja que tinha esquecido.
Eu pisquei e tudo ficou preto a minha volta. Quando recuperei a minha consciência, estava perto da xícara de Cedrick e algo estava na minha mão.
Eu joguei aquilo no fogo, apavorada porque reconheci como a droga que Lisavetta usou em Cedrick na história original. Como aquilo foi parar em minha mão?
–O que está acontecendo comigo? -me pergunto, assustada.
Fiquei arrepiada e temerosa o dia inteiro.
–Lisa, vamos jantar juntos? -Cedrick me pergunta, animado.
–Não, obrigada. Não estou me sentindo bem. -ele faz uma expressão cheia de decepção, mas realmente sinto como se algo ruim pudesse surgir se ficarmos os dois sozinhos em algum ambiente.
Tomei uma dose grande de calmante para dormir, e até foi um sono pesado.
Mas a criatura voltou no meu pesadelo, rindo da minha tentativa de dopar meu corpo para que não pudesse me levantar com tanta facilidade durante a madrugada.
–Oh, é tão fofinho de sua parte! Você, a paladina da pureza, tentando proteger o pobre e inocente Cedrick! -ele zomba.
Eu tentava desesperadamente me mover, queria me defender de alguma forma, mas não conseguia sair do lugar.
–Aquele garoto já está sujo. Não há salvação para ele. Não há como salvá-lo da perversão. E mais uma vez, a culpa disso é sua! -ele ri, uma risada como se fosse de várias vozes ao mesmo tempo, que gela minha espinha.
Eu acordo suando frio e tremendo.
Já é dia e ando praticamente me arrastando.
–Lisavetta, tudo bem?
–Sim, Cedrick. Tudo bem. -respondo, praticamente no piloto automático em meu cérebro.
Ele estreita os olhos.
–Devo chamar o médico?
–Não, não. Não é nada demais, só não me sinto bem.
Recebo uma carta do sacerdote a quem fiz a confissão anos atrás.
Era um pedido para que eu vá no templo, para conversar com ele e a Papisa Harlow, a maior autoridade religiosa do império.
Vou, mas acho estranho o pedido repentino e me previno com alguns soldados disfarçados que me acompanham de longe, fazendo parecer que vim sozinha, mas com uma medida de segurança caso seja uma armadilha.
Eu entro no confessionário e junto com o sacerdote, está uma velha mulher com vestes brancas e o chapéu longo e característico de Papisa.
–Olá. Prazer em conhecê-la, Mariah. Sou Harlow.
–Prazer. -respondi, cautelosa.
–Imagino que se pergunte por que estou aqui e quero falar com a senhora.
–Estou curiosa, sim.
–Mariah... Lisavetta... O que for. Eu sou a autora do livro "Isekai". Eu sou a transmigrada para esse mundo declarada como louca e internada em um hospício.
Eu arregalo os olhos, me lembrando do livro que li, quando Cedrick me contou da mulher que disse vir dos Estados Unidos.
–Quando Lysander me procurou, soube que achei as respostas para a minha pergunta. Você teve algo a ver com a destruição dessa realidade 11 anos atrás?
Eu fico em choque.
–Que destruição?
–Esse mundo foi destruído e se desfez. Quando abri meus olhos, estava 11 anos no passado. Depois que a Lisavetta original desapareceu, se passaram alguns dias. Eu me lembro de uma grande luz e tudo virar pó. Eu vi minha mão se desfazendo em poeira bem na minha frente, sem poder fazer nada! E quando abri meus olhos, estava em minha cama, no templo. Quando o Lysander me procurou em segredo, e me contou que você é transmigrada, percebi que o dia que eu voltei é o mesmo dia em que você transmigrou para o corpo de Lisavetta Earnshaw.
Eu fico em choque, avaliando a situação.
–Alguém destruiu aquela linha do tempo. Você sabe de algo? Pode dar alguma informação?
–Eu me lembro que o que li no final mostra Lisavetta nascendo em outro mundo.
Harlow reflete sobre isso.
–Então só posso teorizar que alguém tentando trazer Lisavetta de volta naquela época acabou destruindo a realidade, e trazendo você para esse mundo no corpo dela quando a vida de Lisavetta se entrelaçou a de Cedrick. O seu casamento com Cedrick pode ser a chave para alguma coisa importante que não sabemos, pois tudo muda a partir daí.
‐E a sombra dos meus sonhos?
Eu conto sobre a coisa esquisita que ocorreu no dia e os dois pesadelos.
–Então você quase entrou inconsciente no quarto do Cedrick e quase o drogou com um afrodisíaco depois que essa sombra de olhos vermelhos invadiu seu sonho?
–Sim.
A Papisa faz uma expressão preocupante.
–Eu preciso te avisar. Não era sonho. A criatura do seu pesadelo é real e está te atacando de verdade.
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𝗖𝗼𝗺𝗼 𝗦𝗼𝗯𝗿𝗲𝘃𝗶𝘃𝗲𝗿 𝓐 𝓤𝓶 𝕽𝖔𝖒𝖆𝖓𝖈𝖊 𝕯𝖆𝖗𝖐
FanfictionEu estava lendo um fanfic de Romance Dark quando de repente entrei na história. Para piorar, entrei justo no corpo da vilã, Lisavetta, que fez coisas horríveis com o protagonista. Agora preciso encontrar uma maneira de escapar e sobreviver. Mas será...