Acordei ouvindo uma movimentação do lado de fora da casa, me levantei com cuidado me apoiando nas paredes. Meu gato veio logo atrás e assim que abri a porta me deparei com o grupo do Someoka completamente imobilizado no chão até mesmo desacordado e diante deles estava aquele loiro da chuva, parado, olhando pra mim com aqueles olhos intensos e profundos que pareciam carregar uma tremenda tristeza.
— você tá bem? — pergunto vendo ele levantar a sobrancelha e olhar para os rapazes no chão.
—Já estavam assim quando cheguei — ele diz me fazendo acenar com a cabeça.
— não consegui te agradecer por me trazer ontem, muito obrigada.... É?
— Manjiro — ele diz — Sano Manjiro.
Sorrio ao ir até o portão e abrir ele.
— Prazer Manjiro, sou a Nakano Bella. O que veio fazer aqui?
Ele não responde de primeira, mas consigo visualizar uma sacola de remédios em sua mão, meu olhar volta pra ele.
—São pra mim? —murmuro.
— São!
Ele estendeu a sacola pra mim, nossas mãos se tocaram por um momento e percebi um leve tremor vindo dele.
— Quer entrar um pouco? Se ficar aqui fora talvez o que atacou eles, volte! —Murmuro com a voz mostrando preocupação e ele concorda.
Entramos em casa e ele retirou os sapatos e o casaco que usava, em seguida observei meu gato roçar sobre suas pernas e ele se abaixar para acariciar.
— qual o nome dele? — ele perguntou ao pegar meu gato em seus braços
— Masaru.
—Vitória — ele sorriu — Um bom nome pro gato.
Coloquei os remédios na mesa assim que senti minha visão ficar turva, me fazendo derrubar a sacola no chão. Fechei os olhos com força tentando voltar ao normal, até sentir o aroma Oriental em suas roupas, senti suas mãos apoiando em minha cintura, seu hálito em minha nuca e minhas costas batendo em seu peito.
—Comeu alguma coisa hoje? —ouvi ele sussurrar
— Não... Ainda não.
— precisa comer para tomar os remédios que eu trouxe — Ele passou os braços pela minhas pernas me carregando estilo noiva, Subindo as escadas em direção ao meu quarto, me colocando com cuidado na cama.
Manjiro me olhou antes de me cobrir com as cobertas, Masaru subiu na cama e ficou nos meus pés se Aconchegando para deitar, observei Manjiro acariciar com o indicador todo o contorno do meu rosto com cuidado, seu toque era bem gentil, quase como se tivesse com medo que eu fosse quebrar.
—Vou fazer algo para que você coma. — ele diz e eu acabei fechando os olhos pelo som calmo da sua voz.
— Obrigada Manji-
[...]
Acabei dormindo, mas Manjiro me acordou com cuidado me fazendo apoiar em seu peito, ele trouxe,Missoshiru que é uma sopa feita à base de pasta de soja, dashi (caldo de peixe) e tofu. Algumas vezes pode conter legumes. A receita é servida em uma cumbuca, conhecida como ochawan. Missoshiru significa caldo de soja fermentada (misso é “soja fermentada” e shiru é “caldo”).
— Consegue tomar? — Ele sussurrou assim que peguei cumbuca levando aos lábios.
Estava quente, mesmo assim tomei um gole, Manjiro usou uma das mãos para me ajudar a segurar enquanto eu tomava toda a Sopa, não importava se estava tomando devagar, ele ainda segurou esperando de forma paciente até que não tivesse mais nada no recipiente.
— precisa tomar o remédio agora — ele diz e eu aceno concordando.
— É amargo né?
—não gosta de coisas amargas? — ele me olhou
— você gosta? — devolvi sua pergunta.
Ouvi ele gargalhar.... Sim ele estava gargalhando baixo e grave mas ainda assim se tornando um som extremamente agradável que me deixou surpresa. Ele tinha um sorriso lindo, sua voz era linda.
— Não, eu detesto coisas amargas — ele me olhou sustentando seu olhar profundo, mas havia uma chama quente bem no fundo, uma luz brilhante entre o escuro sombrio.
Coloquei minha mão em seu rosto, refazendo o desenho dos seus traços com a ponta dos dedos. Manjiro segurou minha mão e colocou sobre sua bochecha fechando os olhos.
Ele descansou seu rosto em minha mão, me deixou acariciar com o polegar, e eu senti sua mão livre acariciar a minha sobre seu rosto.
— Deveria rir mais —sussurro baixo
— se eu tivesse motivos para rir — Ele respondeu como se estivesse carregado uma profunda dor
— Obrigada, por cuidar de mim —sorrio
— você sabe que deixou um desconhecido entrar na sua casa, e mexer em sua cozinha? — ele arqueia a sobrancelha, e agora mostrava uma expressão mais rígida — Se fosse outra pessoa.
— E você sabe que tava em pé, de forma suspeita diante daqueles delinquentes desacordados na porta da minha casa? Olha... Eu acho que se você quisesse me matar já teria feito não?
Ele mantêm a mesma expressão vazia. Mas em seguida se afasta me trazendo o remedio, fiz uma pequena careta de misericórdia mas não deu certo.... Tomei o remedio e minha alma foi com Deus.
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My Little Prey - Mikey Kanto Manji
Fanfic" Todos os dias no mesmo horário, ele vai até onde Bella trabalha, para ouvir as histórias que conta. Sua voz era sua sina, e pouco a pouco o Invencível foi se apaixonando, e consequentemente um ponto fraco "