Capítulo 5

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Já passava das dez quando Harry poderia se considerar dispensado das atividades diárias. Ao menos as públicas.

Ele costurou, poliu, e atendeu chamados por horas à fio. Comeu uma vez, sendo essa antes do sol nascer, na mesma cadeira desconfortável de sua casinha.

Seu corpo estava cansado, mas um bom servo não tinha tempo ruim.

O moreno segurou as sandálias finas nas mãos e saltitou até o quarto do príncipe. Ele não bateu, como não fazia há quase duas semanas.

Sua primeira reação era sorrir, e ele fez.

Uma cabeleira loira se esfregava na poltrona em frente à lareira acessa e convidativa. Tinha um ar de casa, e ele não via a cena como trabalho.

Se ele ignorar o anel de ouro no dedo mindinho sobre o braço da poltrona, poderia até ser confortável ser recebido dessa forma.

- Harry, - ouviu da forma que dava às costas para ele - corra até aqui.

Ele jogou as sandálias no chão, sem olhar a forma esganiçada como pousaram, apressado para se acomodar no tapete em frente ao fogo.

Seus fios de cabelo, os mais rebeldes, até mesmo tocaram os joelhos pálidos do príncipe. Nos dias em que todo seu corpo se aquecia da lareira e o cheiro do vinho era forte demais, suas orelhas tomariam o mesmo caminho. Procurando refúgio de pele.

- Demorou tanto. Por que não estava no jantar ?

- Uma criada precisou de ajuda na costura. A pobrezinha é tão jovem quanto eu, mas esperam que costure como uma das senhoras.

- Você é tão bom. - o príncipe enrolava o dedo indicador em um dos cachos marrom - Mas prefiro quando é você quem enche minha taça nas refeições. Colocando um dedinho a mais de vinho, eu vejo.

Harry se encolheu com o elogio, mesmo que dito de forma tão odiosa. Ele amava e se envergonhava ao saber que havia uma influência que seja no príncipe.

- Eu sigo a etiqueta, Vossa Alteza.

Deveria, mas não. Trazia arrepios, o olhar de aprovação recebido quando o vinho passava da marca na taça.

- Claro, como um anjo.

- O que é um anjo ?

- É só uma maneira de dizer, não se preocupe com isso. É bom.

Mas incomodou, e Harry juntou as pernas junto do corpo, segurando os próprios joelhos. Ele olhou o fogo.

- O que ? - o príncipe notou.

O loiro se curvou na cadeira. Harry poderia olhar em seus olhos se virasse o rosto. As mãos do príncipe voltaram a se mexer, enrolando agora em volta dos fios de ouro no pescoço de Harry.

Continuava gelado contra a pele oliva como no primeiro dia que o recebeu. Nunca esquentou, e ele nunca foi capaz de esquecer de sua presença.

- O que é um anjo ? - ele repetiu.

- É uma coisa dos Aliados.

Harry se assustou, ele pensava que aquilo significava inimigos, e talvez até que o príncipe fosse um traidor. Impossível.

- Seus olhos dobraram de tamanho. - o príncipe sussurrou. Tão perto do ouvido de Harry que foi alto, do tipo que não é um segredo, mas uma observação. - Harry, querido, eles acreditam nessas coisas.

- Que coisas ?

- Os anjos são ajudantes do deus deles.

- Eles pedem à ele que nos matem, então ? Os anjos fariam isso conosco ?

Servo de Sangue - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora