Servo de Sangue - Drarry

Capítulo 4

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Boa leitura ~

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- O que você sabe sobre etiqueta ?

Nada. Ele não sabia absolutamente nada sobre etiqueta. Talvez um pouco de "ficar quieto" e "obedecer". Não seria o bastante ?

Seu rosto deve ter expressado essa afirmação. A mulher a sua frente era a mesma que o levou até a banheira de sais alguns dias atrás, e ela já não o chamava mais de senhor.

Era o treinamento de Harry, para oficialmente trabalhar no palácio como servo pessoal da Família.

- O principal é saber se portar com decência, mas nunca extravagante. A Família deve ser o foco de tudo, não você. - ele poderia ser o foco de algo, mesmo se quisesse ? - Bom, vamos ver como você serviria um membro da Família, e consertamos o que for necessário.

O garoto seguiu a criada, eles estavam passando pelos mesmos corredores que Harry já percorreu, mas por um caminho mais curto, para a sala de desjejum. Seus pés latejavam contra a sandália fina, e ele não poderia usar mais as vestes que o príncipe lhe dera.

Harry recebeu a veste de tecido bom, mas inferior, que sua mãe também costumava usar. O branco ainda era imaculado, mesmo que pudesse notar uma maior transparência.

- Sirva o chá nas xícaras.

Ele esperava que alguém estivesse realmente ali, para ser servido.

Era apenas um simulação, no entanto.

O moreno segurou com firmeza o bule da mesa, e encheu cada xícara até a metade, pela esquerda. Se curvou o mínimo possível.

A mulher bufou.

- As bebidas devem ser servidas pelo lado direito. Antes de qualquer uma, também se enche o copo d'água.

Harry pensa que ela vai continuar falando, e ele se limita a assentir, com uma feição de falsa tristeza por não ter se saído tão bem.

Alguns minutos depois, as palavras da mulher se formaram em seus ouvidos. Chamou-lhe a atenção.

- ... igual sua mãe.

- O que tem minha mãe? Sabe de algo dela ?

- Ah, como sei. A pobrezinha caiu em más graças, é o que sei. O príncipe mandou-a de forma certeira para longe.

- Ela saiu em uma missão para a rainha.

Harry esteve há dois dias na presença da mãe, uma criatura viva e acessa, num momento de sombra. A perda fazia isso com as pessoas, e os pequenos vazios nos olhos da mãe davam-lhe essa certeza.

Ele gostou de poder ajudá-la, com a hospedagem e a comida, mas isso não trazia de volta os anos de perdas na vida que levava. Harry observou ao longo do tempo que seus pais nada diziam sobre melhorar, mudar a sorte, ter algum bem.

- A rainha não cuida dos negócios há alguns anos. Ela dá ordens, claro, mas geralmente á mando do príncipe. - a mulher retrucou - Você sabe o que ela teria feito para ser punida ?

- Como punida ? - Harry estava confuso.

- Ora, mandar uma mulher grávida para uma longa viagem à cavalo. Não pode dizer que é uma benção? Mesmo que o bebê nascesse já na desgraça da pobreza.

Ele esperava que as criadas falassem entre si. Não imaginava que fosse tanto, e que soubessem de algo que ele mesmo não poderia saber.

- Não tinham motivo para puni-la, acredito que não soubessem de sua gravidez.