Boa leituraa
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Gina colocou o cano da arma na cintura e andou pelos bancos de pedra fria. Já estava cheio. Todos estavam ansiosos por admirar o Rei, e com aquela expressão de quem precisa ver como um pobre garoto se sairia perto dele.
Ela estava investigando nos últimos dias. E na maior parte, ela apenas precisava lidar com sua incredulidade por ser o mesmo garoto que a ajudou. Ajudou? Talvez, um pouco.
Ela vestia uma saia, um tanto apertada nos tornozelos, formal. Elegante. Fazia sentido, com todas aquelas mulheres da mais alta classe ao lado dos maridos.
Ela está a prestes a fazer um atentado, daqueles grandes e nada discretos, sem veneno. Um tiro na cabeça do rei, na frente de todos. Gina não imaginava como, por Deus, ela faria aquilo. Mas a vingança fervilhava, dentro dela aquele rancor corria infiltrado em tudo. Na memória da sua família. Seus muitos irmãos, enterrados como nada. Aquele maldito General não sabia nada sobre a vida, nem sobre o que era uma guerra. Libertar alguém de um cativeiro? Piada. Sério.
Ela viveria repassando as horas intermináveis, correndo pela vila em chamas. Você pode pensar na quantidade de raiva acumulada desde a notícia de que o ataque brutal foi, somente, uma demonstração de poder. Um presente para um amante, essa foi a teoria mais odiosa, e ela segurou uma fonte de nojo que surgiu na boca de seu estômago.
Uma onda de som chama sua atenção. O rei está saindo de trás do grande palco de pedra, uns dois metros acima do chão, onde todos nas arquibancadas podem vê-lo, logo atras dele o general. Ele mudou, com certeza, com os cabelos revoltos mais bem alinhados, mas ainda tem aquele olhar de guerra que Gina já esperava. Ela achava que também se parecia um pouco com o do próprio rei.
A ruiva se colocou alguns metros mais próxima deles, ali embaixo como uma daquelas mulheres histéricas prontas para agradecê-los por todo estrago que a guerra trouxe, já que a maioria das mesas de família esteve tristemente e expressamente mais vazia que o comum, os mantimentos diminuídos pela metade, pelo preço manufaturado. E os que não tinham nada já antes não encontravam sequer esmolas. A guerra sugava uma população, e essas mesmas mulheres estavam na sua maioria viúvas, e as mais jovens sem seus irmãos.
Ginevra não sabia de que forma ela fugiria rápido o suficiente, mas teria que ser. Friamente disposta a morrer tentando uma vingança digna.
Então ela se concentrou na presença da arma, meticulosamente afastando as costas das pessoas ao redor e se fixando nas presenças elevadas a sua frente. Draco colocou os pés depois da cortina que cobria ele e Harry, os oficiais como guarda-costas. O médico militar que ajudara Harry conversava alegremente com o moreno e o agradecia pela ajuda no campo de batalha e sua entrevista realmente amigável, onde fez questão de citar seu nome, sua coragem, garantindo seus méritos.
Ele não sabia o que Malfoy tinha em mente, é claro. Harry não seria apenas general de seu batalhão, numa decisão falsa que ele comunicou para a capital, ele seria o chefe do exército, e não me importava qual reação eles teriam, porque uma vez que o povo presenciasse aquela honraria, eles não poderiam voltar a trás.
Malfoy estava ansioso por apreciar a surpresa de Harry, como um presente não apenas para agradá-lo, mas por não poder ter cumprido sua promessa de matar brutalmente - com um toque incendiário da parte dele- Harry conseguia levá-lo fácil a seu lado mais absurdo, e isso fazia tudo parecer certo.
Era simples, perto de todo sentimento, e ao mesmo tempo pacífico perto da demonstração original. Ele não sentia nenhum remorso além de não ter podido fazer Harry apreciar como deveria aquela violência, de um lugar mais aprumado e não enterrando corpos - enterrando corpos era ridículo para alguém tão perfeito. Ele era tão espetacular não se deu sequer ao trabalho de mentir que perdoava Draco pelos seus desvios fortes de caráter e dívidas - então ele não mentiu sobre nada, com certeza mais sentimental do que realmente aconteceu. Ele teve um caso ferrado com seu padrasto, e bem, deu errado. Tão errado e parte que ele foi assombrado como um cordeirinho foi verdade. O medo foi verdade.
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Servo de Sangue - Drarry
FanficQuando Harry, servo da família real, se vê em uma teia de segredos, sangue e luxúria, ele é incapaz de sair. Objeto de obsessão do príncipe, um loiro sádico e manipulador, o moreno ingênuo está condenado à uma vida miserável pela obediência cega. \...