𝙲𝚑𝚊𝚙𝚝𝚎𝚛 9

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Estamos sentados a horas e nenhuma notícia dela. Não conseguimos dormir muita coisa, as cadeiras são extremamente desconfortáveis.

O clima lá fora é de chuva. O céu está em um tom azul escuro. Vai chover o dia inteiro.

Minha cabeça está apoiada no ombro do meu irmão mais velho. Kadden está do meu outro lado.

Papai está na cadeira em frente a nossa. Ele não falou quase nada desde que ela entrou na sala de cirurgia.

Uma das poucas coisas que ele disse foi "vai ficar tudo bem, eu prometo".

Quando meus olhos se fecham por cerca de dois minutos, o médico aparece no corredor, fazendo nós quatro nos levantarmos rapidamente.

Ele está inexpressivo. Não sei o que ele vai dizer, e tenho muito medo disso.

— Ela está bem? — o primogênito pergunta. O medo em sua voz é evidente.

— Nós fizemos tudo o que podíamos. Eu sinto muito.

Antes de ele terminar de falar, sinto todo o meu corpo desabar no chão e lágrimas invadirem o meu rosto.

Meu corpo desperta rapidamente com a lembrança do pior dia da minha vida.

Jenna se assusta e coloca a mão no meu ombro na tentativa de me acalmar.

— Calma, está tudo bem. Respira. — ela me orienta. — Inspira e respira devagar. — sigo a sua orientação.

Aos poucos vou me acalmando até conseguir perceber que ainda estamos no carro. Mas ele não está em movimento.

— Onde estamos? — pergunto, esfregando os olhos.

— Dois quarteirões de casa. Você dormiu no caminho e eu não quis te acordar.

— Há quanto tempo estamos aqui?

— Tem uns trinta minutos. — ela faz uma pausa. — Foi um pesadelo?

Apenas assinto e ela balança a cabeça. Passo as mãos no cabelo e tento processar tudo o que está acontecendo.

— Você já quer ir? — ela pergunta, colocando as mãos no volante.

Nego com a cabeça e uma expressão engraçada surge no seu rosto. Ela concorda e se encosta no banco novamente.

Ela vira a cabeça e começa a me observar. Fico com um pouco de vergonha do seu olhar e me viro para olhar na janela. Ela solta uma risada.

— Ainda temos um assunto para resolver. — ela diz me fazendo virar o rosto na sua direção novamente. — Não vou te forçar a fazer absolutamente nada, faça o que você quiser fazer.

— Nós nem nos conhecemos direito, Jenna. — tento justificar.

— Tudo bem então. Meu nome é Jenna Marie Ortega... — ela inicia. — tenho vinte anos. Minhas cores favoritas costumavam ser azul e amarelo — ela põe a mão no queixo. — mas ultimamente têm sido preto. Gosto de rock e música alternativa.

Ela para e pensa por um tempo antes de continuar.

— Amo escutar música. — um sorriso se estende em seu rosto. — Gosto de ler e também de escrever. — ela cruza os braços. — amo o meu trabalho e a minha família é tudo para mim. — ela tenta se lembrar de mais alguma coisa. — Acho que é isso, sua vez. — gesticula para mim.

— Meu nome é Katherine Wren Miller, tenho dezoito anos. — inicio. — faço faculdade de medicina. Minha cor favorita é roxo. — penso em mais coisas. — meu estilo musical é muito variado, uma hora eu posso estar escutando uma música dos anos 80 e outra hora estar escutando The Weeknd. — ela solta uma gargalhada.

Sua risada é tão boa.

— Gosto de ler, mas ultimamente não tenho tido muito tempo. — continuo. — Tenho uma paixão pela fotografia e amo gatos. — ela sorri gentil, prestando atenção em cada palavra dita. — Amo os meus irmãos e, embora não pareça, eu também amo meu pai. — sorrio triste. — É isso. — finalizo.

— Pronto, nos conhecemos. — ela diz, com um sorriso maroto nos lábios.

— Já ia me esquecendo — lembro-me de algo importante. — Simplesmente amo filmes de terror. — um brilho surge no seu olhar.

— É meu gênero de terror favorito. — ela sorri. — qual o seu filme de terror favorito. — ela tenta imitar a voz do ghostface.

— Aquele em que um cara mascarado com uma faca persegue a loira na cena de abertura — coloco a mão no queixo enquanto ela me olha sorrindo. — como é o nome mesmo? — finjo estar tentando lembrar o nome. — Scream. Amo a franquia. Inclusive, você fez um trabalho incrível no último filme.

— Obrigada. — ela agradece tímida.

Ela fica me olhando com um sorriso bobo no rosto e tento não sorrir.

É impossível.

Talvez eu me arrependa muito do que vou fazer agora. Fecho os olhos com força e respiro fundo.

Abro os olhos e fico olhando para a sua boca. Vou me aproximando lentamente e ela entende o meu gesto, fazendo o mesmo.

Nossas bocas colam uma na outra, fazendo todo o meu corpo entrar em êxtase. Sua mão toca o meu rosto delicadamente enquanto explora a minha boca com a sua língua.

Enquanto nos beijamos, ela levanta do seu banco, passando para o lado do passageiro e sentando em cima de mim. Isso tudo sem tirar a boca da minha.

Minhas mãos vão para a sua cintura apertando-a enquanto uma de suas mãos puxa o meu cabelo.

A falta de ar separa as nossas bocas. Respiramos ofegantes e sorrimos. Tiro uma mão de sua cintura e coloco-a nos seus cabelos, puxando levemente para trás.

Levo os meus lábios até o seu pescoço, onde mordisco levemente.

— N-não faz isso, loirinha. — ela diz em um leve sussurro.

Tiro os lábios de seu pescoço, subindo para a sua mandíbula, deixando diversos beijos.

Fixo os meus olhos nos seus. Ela morde o lábio e sorri maliciosa. Minha mão esquerda toca o seu rosto enquanto a outra permanece em sua cintura.

Jenna sela os nosso lábios novamente e depois me abraça. Ficamos assim por um bom tempo. Apenas abraçadas. Ela deposita um beijo em meu pescoço e começa a falar.

— Infelizmente, precisamos ir para casa. — ela beija a ponta do meu nariz me fazendo rir.

{...}

A casa está em total silêncio. Subimos as escadas devagar, fazendo o mínimo de silêncio possível.

Quando chegamos no último degrau, percebemos que Natalie está no corredor.

Tento não parecer nervosa, mas isso é impossível.

— Está tudo bem? — a mais velha indaga.

— Está tudo ótimo, mãe. — Jenna tranquiliza. — Viemos mais cedo porque Kate está muito cansada.

— É, — ela concorda. — Aliyah me avisou. Ela me mandou mensagem a mais ou menos uma hora e meia. Tiveram algum problema no caminho?

Jenna está levemente nervosa. Eu estou extremamente nervosa.

Tento pensar em alguma desculpa rápida para dar a ela, mas tenho certeza que ela não vai acreditar em nenhuma que eu inventar.

— Bom, — ela inicia, respirando fundo. — Apenas tentem ser mais discretas — arregalo os olhos com a sua fala. — não sei como ninguém ainda não percebeu. — ela sorri levemente. — Durmam bem, meninas.

Natalie entra para dentro do quarto dela. Jenna e eu ficamos nos olhando por um tempo.

Natalie, definitivamente, sabe o que está acontecendo.

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Essa capítulo é um dos meus favoritos.
Relevem se contiver algum erro.
Espero que gostem!

𝚃𝚑𝚎 𝙰𝚌𝚝𝚛𝚎𝚜𝚜 - 𝙹𝚎𝚗𝚗𝚊 𝙾𝚛𝚝𝚎𝚐𝚊Onde histórias criam vida. Descubra agora