.capítulo XI.

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Eu sentia uma dor que fazia meu corpo tremer, o sangue escorria por minhas pernas em um fio e eu só desejava que essa dor passasse logo. Estava encostada na parede, apoiando meu braço nela e de cabeça baixa, sustentando o peso da minha barriga com o outro braço.

— Vamos, filha... Mais um pouco. — Neguei, sentindo-me tonta e quente. Por estar em uma missão, Taehyung não conseguiu me acompanhar agora, então minha mãe estava comigo, me incentivando a continuar os exercícios de dilatação. Mas eu já estava sem forças.

— Mãe... Eu não aguento mais... — Digo chorando e me afastando um pouco da parede, vendo tudo girar.

— Filha... Você é forte, vamos... — Ela diz próxima a mim.

— Senhorita Kim, vamos monitorá-la agora. — Diz a doutora entrando no quarto. Agradeci arfando e vagarosamente caminhei em direção à maca do hospital, tudo ainda girava e era uma dor que estava prestes a me fazer desmaiar.

— Nove de dilatação, podemos levá-la. — Arfei de alívio quando ouvi e comecei a ser preparada para o parto.

A dor começou a aumentar e minha mente ficou branca, nos momentos seguintes eu consegui apenas notar que fui levada à outra sala e a médica dando ordens para suas assistentes enquanto me dizia para empurrar.

— Já consigo ver a cabeça. — Anunciou a médica, o que me deu mais forças para empurrar. Minha filha estava quase aqui. Mais longos minutos de gritos e esforços, senti um alívio, mas me preocupei no instante em que não ouvi nenhum choro.

— O que está acontecendo? — Pergunto, sem forças para me erguer. — Cadê minha filha? O que aconteceu? — Pergunto já chorando de desespero. — Por favor... Minha filha... — E então o chorinho se fez presente, acalmando meu coração. Uma enfermeira a trouxe para mim e eu a peguei. Ela ainda estava branca, inchada e toda melada, mas eu não me importei em cheirar sua cabeça e beijar sua testa, encostando minha bochecha nela, sentindo seu calor em mim. — Minha pequena Jisoo... — Digo com a voz embargada. — Bem-vinda, filha.

— Ela demorou a chorar, pois o cordão estava enrolado no pescoço, mas não oferecia riscos. — Ouvi alguém me dizer.

De repente, toda a dor sentida, todo o medo do que aquela gestação poderia me trazer — não importava. Um sentimento muito maior do que qualquer outra coisa se fez presente em mim e ali, silenciosamente, fiz uma promessa: eu iria protegê-la de todo mal que há no mundo e fazer de tudo para nenhum desejo ruim cair sobre ela. Que ela nunca soubesse o quanto havia pessoas desprezíveis por aí que desejaram seu mal no instante em que souberam de sua existência. Apenas ela importava para mim.

Abri os olhos e senti a urgente vontade de chorar, ali estava a lembrança do nascimento da Chichi. Olhei para o lado, Taehyung estava adormecido e ainda estava escuro. Suspirei e decidi por fim caminhar e reconhecer a casa em que eu vivia.

Contudo, pareci estar no automático. Meus pés me levaram até uma sala que parecia um escritório. Com desenhos infantis e fotos penduradas na parede, fotos da Chichi apenas. Nesse escritório havia um armário, quando abri a porta dele, me deparei com diversos álbuns. Dedilhei-os e senti um leve choque em um específico, foi o que peguei.

Me sentei na poltrona e abri o álbum, encontrando ali um diário. Uma espécie de registro dos primeiros doze meses de Kim Jisoo.

Com o coração acelerado, abri o álbum, vendo uma foto de uma recém-nascida adormecida, parecia ter sido tirada em um estúdio.

— Meu nome é Kim Jisoo. Nasci em outubro de 2024. Meu papai é o Kim Taehyung e minha mamãe é a Jennie Kim. Nasci pesando 3 kg e meio e medindo 51 cm. Me pareço mais com a mamãe e a titia.

Memories [Taennie]Onde histórias criam vida. Descubra agora