.capítulo IV.

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Taehyung lavou a louça e eu fui para o andar de cima. Primeiro olhei um pouco mais meu quarto, sendo óbvio que eu quem havia decorado.

Segui para a parte do que apelidei de mini biblioteca e olhei os livros. Alguns livros que nunca ouvi falar. Dedilhei algum deles e parei em um que me interessou, com o nome de 'Choi'. Se tratava de uma obra sobre dois irmãos de países diferentes obrigados a conviver juntos para receberem a herança deixada pelo pai, que era ausente na vida de ambos. Eles aprendem a viver com o choque de realidade entre as culturas — ele coreano e ela brasileira — e formam um vínculo especial.

Outro livro, da mesma autora, o plot era extremamente dramático; após ser traído por sua esposa, o quadro de depressão de Park Sungjin piora. Se sentindo cada vez mais a beira do abismo, ele resolve adotar uma criança. No orfanato, conhece Kyungmi, uma garota negra mantida escondida no orfanato. O vínculo é imediato e a garota consegue trazer de volta o sorriso e a vontade de viver que antes fora perdida.

Dois livros com histórias muito interessantes e, percebi estar na metade do livro dramático. Quis pegar para ler, mas o devolvi à prateleira.

Saí do meu quarto, seguindo para o corredor, encontrando outras portas. Taehyung havia dito que a casa tinha quatro quartos, mas eu só estava vendo três. Caminhei alguns metros em direção à primeira porta e abri. Um quarto comum, bem decorado admito, mas mais simples que o meu e havia apenas uma cama e mais nada.

Fechei a porta e caminhei até a outra. Por algum motivo, meu coração pesou a cada batida e minha garganta parecia seca, me perguntava o que tanto me chamava naquele quarto enquanto forçava a maçaneta, sem sucesso, mas parecia que eu estava em transe, determinada a abrir aquela porta.

— Jennie? — Me assustei com a voz de Taehyung, como se eu tivesse tomado um choque. — O que está fazendo?

— Nada... — Digo olhando para a porta. — O que nesse quarto?

— Nada. — Ele diz meio indiferente.

— E por que está trancado então? — Ele suspirou, analisando a porta.

— Faz tempo que não vinhamos aqui, então alguns quartos ficaram trancados, eu trouxe duas chaves e honestamente, não sabia de qual seria. — Assenti, não acreditando muito do que ele falou, mas o que eu poderia fazer? — O que quer fazer? — Ele pergunta e eu dou de ombros.

— Tem algum álbum de fotos ou algo do tipo? Para me ajudar a lembrar? Ou quem sabe meu celular? — Ele pigarreou.

— Lamento, mas a doutora recomendou que você ficasse um pouco longe de seu celular e das redes sociais, é para o seu bem. — Daquela vez senti que ele falava sério.

— Estão falando que eu deveria ter morrido, né? — Digo engolindo em seco e ele suspirou.

— Não vi nenhum, se houver, são bem poucos. — Ele segurou minha mão e começou a me puxar para longe do quarto. — Parece surreal, mas com o tempo nos deixaram em paz.

— Sério? — Ele assentiu. — Como foi quando assumimos? — Ele riu e negou.

— O comunicado oficial?

— Houve um não oficial? — Ele só me respondeu quando chegamos à sala de estar e nos sentamos ao sofá.

— Em maio de 2022 fomos pegos em uma viagem à Jeju, sua empresa lançou uma nota afirmando não ter nada a dizer e a minha se manteve em silêncio. Alguns fãs acharam fotos parecidas e então a narrativa de ser montagem para cobrir algum escândalo foi feita. Meses após, tivemos fotos vazadas.

— Que tipo de fotos? — Pergunto quase em câmera lenta, temendo que as tais fotos fossem comprometedoras.

— Uma foto sua quando foi me ver antes que eu fosse a um evento de moda em Paris, outra onde usávamos essa blusa combinando, junto a pulseiras. Algumas fotos de Jeju.

Memories [Taennie]Onde histórias criam vida. Descubra agora