Memories [Taennie]

.capítulo XX.

[2O3O]

Por quanto tempo mais aguentaríamos? Taehyung nem parecia mais meu marido, era apenas no papel, o pai da minha filha e nada mais. Mas eu não queria que tudo chegasse ao fim e, por isso, ainda tentava lutar, ainda mantinha aquele casamento que parecia cada vez mais fadado ao fracasso.

Passei a fazer terapia, o que me fez entender muito dos meus sentimentos. Eu queria ser mãe outra vez, ao mesmo passo que queria voltar a trabalhar, obviamente, esses dois desejos não podiam se harmonizar, a confusão se misturou à decepção de não conseguir engravidar. Talvez, a falta de sucesso em ter um segundo filho estivesse me deixando menos racional e descontando minhas frustrações em meu casamento.

Mas eu não estava errada em demandar mais de sua presença na vida de Chichi. Vê-la entristecida também contribuiu e, de repente, tudo havia virado uma grande bola de neve.

— Acho que você deve conversar com ele. — Sugere Lisa. Eu, ela e Rosé — que veio nos visitar e gravar seu novo álbum — estávamos na borda de sua piscina, com os pés na água e bebendo moderadamente. — Vocês sempre lidam com tudo tão bem.

— Você não se divorciou? Por que sugere uma conversa? — Pergunto. — Além disso, Taehyung é cabeça dura, então por que conversar?

— Porque é a coisa certa a se fazer. — Diz Rosé. Balancei minhas pernas na água da piscina e virei a pequena garrafa de cerveja, sentindo o gosto adocicado e, ao mesmo tempo, amargo. — Vocês têm a Chichi e uma história juntos.

— E antes que você diga alguma coisa: Fred e eu sabíamos a razão do nosso divórcio e foi algo mútuo, tanto ele, quanto eu concordamos pelo mesmo motivo. Se eu perguntar para você o motivo de você estar querendo se divorciar, o que você dirá? — Respirei fundo. Ela estava certa, eu nem mesmo sabia o motivo de querer executar aquela decisão tão radical.

Me divorciar do Taehyung deveria ser algo em que eu pensasse muito, pois, a pessoa que mais sofreria com uma decisão mal tomada, seria a Chichi.

[...]

— Papai... — Ouvi a voz de Chichi e parei antes de entrar na sala. Ela e Taehyung estavam desenhando à mesa de jantar. — Por que você e a mamãe estão brigando? — Ele suspirou.

— Isso é coisa de adulto, Chichi.

— Você ainda ama a mamãe? — Ele não respondeu, aquilo doeu em mim. — Vocês irão separar igual os pais da Elie? — E mais uma vez, ele não respondeu. Fiquei irritada, ele nem mesmo tinha coragem de conversar com sua própria filha.

— Sim. — Respondi entrando na sala e atraindo a atenção dos dois.

— O quê? — Ele pergunta aturdido.

— O que estamos fazendo, Taehyung? Você nem mesmo respondeu à sua filha se ainda me ama. — Ele abaixou o olhar, começando a bater o lápis colorido na mesa freneticamente.

— Mamãe... — Chichi me olhou lacrimejando, me fazendo engolir em seco, tentando ser forte. — Por favor, não manda o papai embora. Ele ama você, não é, papai? — Ela tentou, mas mais uma vez, Taehyung não a respondeu. Bufei irritada.

— Vamos, Chichi. — Digo me aproximando e tirando-a da mesa para levá-la à escola. — Quando eu voltar, não quero ver o seu rosto, conversaremos sobre a viagem para oficializar nossa separação depois. — Andei com Chichi, mas, antes de me retirar do cômodo, me virei para ele. — Você é realmente um covarde.

Não vi nada em seu rosto, nem mesmo raiva, ele parecia normal, como se eu tivesse dito que acabou o leite. Bufei outra vez e puxei Chichi para fora de casa.