J - Não, agora não tens como.
? - Porquê?
J - Não é hora de ter filhos, sabes bem.
? - Posso recorrer a um doador. Deixavas que fosse o Rodolffo?
J - Filhos com o Rodolffo? Nunca. Está fora de questão.
Juliette conversava ao telefone com uma amiga que fazia planos para engravidar através de um doador de esperma.
Rodolffo tinha ido ao banheiro e no regresso ainda ouviu a conversa.
Ouviu as falas da Ju, porque do outro lado não ouviu nada.
"Não é hora de ter filhos"
"Filhos com o Rodolffo? Nunca.
Está fora de questão"O semblante dele fechou no mesmo o instante.
Como assim, ela não quer ter filhos comigo, sabendo que é a coisa que mais anseio.Juliette terminou a chamada percebendo a mudança de humor.
- O que foi?
- Eu ouvi o que tu disseste.
- E daí?
- Quer dizer que andei iludido durante estes dois anos de relacionamento?
- Iludido como? Não estou a entender esta conversa.
- Sobre não quereres ter filhos comigo. Tu sabes bem que é um desejo meu.
- Estás a pôr palavras na minha boca que eu não disse. Precisas de ver o contexto.
- Preciso de sair daqui. Estou muito decepcionado contigo.
- Em abono da minha defesa, posso explicar?
- Eu sei o que ouvi. Não quero enrolações. Tchau.
Rodolffo saiu e agora quem estava furiosa era Juliette.
Como ele ousa acusá-la assim injustamente e não deixar explicar-se.Durante dois dias ele não deu as caras. Juliette mandou uma mensagem para conversarem e ele simplesmente respondeu que não havia nada a ser conversado.
Perante este acto de injustiça, Juliette reuniu todos os pertences dele e mandou entregar em sua casa. Incluiu no pacote a aliança de compromisso. Para bom entendedor isso devia bastar.
Ele não mais se manifestou, sinal.de que ela tinha agido correctamente.
Rodolffo era cantor no auge da sua carreira. A agenda de shows estava ao rubro. Não sobrava tempo para vida pessoal.
O próximo mês estava lotado e dificilmente ele conseguiria vir a casa.
Juliette tinha um estúdio de maquilhagem muito conceituado na sua cidade. Começava a ganhar visibilidade além fronteiras e isso mantinha-a focada.
Tinha por hobby dançar. Andava a treinar danças de salão. O ritmo que mais gostava era salsa, rumba e tango.
Por estes dias recebeu um convite para alguns eventos de beleza que decorreriam em Portugal. Decidiu aproveitar e afastar-se. Ia também a um evento de dança.
Viajará com outros três dançarinos e com o professor, um jovem bem parecido, mais ou menos da idade dela.
A princípio ainda exitou mas perante os últimos acontecimentos ela decidiu que era o melhor a fazer.
Afastar-se do que lhe fazia mal.Há já duas semanas que Rodolffo estava em digressão. Nem uma palavra, nem um telefonema.
Ainda não sabia que ela tinha mandado entregar tudo em sua casa.
pois já estava fora quando isso ocorreu.Era hora de embarcar. Juliette chegou ao aeroporto e já tinha Jorge e os três bailarinos à sua espera.
- Vamos lá brilhar em terras lusitanas. Somos 4 bailarinos que não queremos guerra com ninguém.
À hora marcada desembarcaram no aeroporto de Pedras Rubras na cidade do Porto, norte de Portugal.
O caminho até ao hotel fez-se a beira rio pelo que puderam observar a paisagem.
Era ainda Verão. A cidade estava cheia de turistas de várias nacionalidades. Grandes barcos faziam os passeios ao longo do rio Douro. Os barcos rabelo eram outra das atracções. Outrora serviam para o transporte dos barris de vinho do Porto, hoje passeiam para cima e para baixo, cheios de turistas.
O hotel escolhido para ficar tinha vista privilegiada para o Douro. Das suas varandas podiam observar tudo num ângulo de 180°. O rio, os socalcos do Douro com as suas vinhas e delicados cachos de uvas prontos a colher.
Ao lado o museu do Douro seria um espaço que estava no roteiro destes bailarinos, porque nem só de dança vive um corpo. Tinham programado uma visita a uma das quintas para participar na vindima, pisa e degustação de vinho.
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Tango dos Amantes
FanfictionSão precisos dois para dançar um tango . Se um não sabe é porque a sala está torta.