Não pise

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Seis meses depois todos haviam retomado as suas actividades.   Juliette no seu estúdio de maquilhagem e Rodolffo nos shows.   Uma ou outra vez, quando era perto, Juliette acompanhava-o.

Tinham contratado Ester, uma senhora na casa  dos quarenta anos que ficava lá em casa e tomava conta de Maria Carolina até Juliette regressar.

A princípio não queria bábá para a filha, mas teria que trabalhar e era impossível levar a criança para o estúdio.   De manhã e à tarde dava mama à filha e durante o dia ela tomava mamadeira com o leite armazenado.

Retomou as aulas de dança.  Aproveitava sempre o final do dia para ir à academia de Jorge.  O ritmo desta temporada era tango e bachata.

Bachata ela gostava muito pois era uma dança dinâmica e sensual.  O tango apesar de sensual era muito mais lento.

Rodolffo tinha quase todas as semanas uma média de quatro shows.

Os dias livres nem sempre podia ir a casa, mas caso fosse possível, dedicava o tempo a Carolina.  Por  vezes iam ver a mãe dançar.
Ele estava apaixonado pelos movimentos dela e começava a ter pena de não a acompanhar.
Certas músicas em palco requeriam um certo rebolado que ele não tinha.

Tentar até tentava, mas o que saía era totalmente fora do ritmo.

Enquanto Juliette trocava de roupa após mais uma aula, ele trocava ideias com o Jorge.

- Quando quiser,  estarei aqui.

- Fica entre nós,  correcto?

- A minha boca é um túmulo.

Enquanto jantavam, Rodolffo tecia elogios à veia dançarina da esposa.

- Verdade Ju!  Danças muito bem.  Eu gosto de ver.  Logo mais quero uma exibição privada.

- São teus olhos.  E quanto à exibição,  eu cobro caro, viu?

- Estou disposto a pagar o que for.

- Então logo mais tarde temos espectáculo de streeptease.

- Oba!  Hoje vai ser o famoso "vem quente que eu estou fervendo".  É capaz de a gente fazer outro neném.

- Sai boca!  A Carolina ainda é muito pequena.  Daqui a três anos, quem sabe.  Nunca antes disso.

- Estou a brincar, Ju!  Eu sei que é muito cedo.

O tempo passou.

Juliette andava com um negócio entalado na garganta.   Toda vez que Rodolffo estava em casa no intervalo dos shows ele saía por uma hora.  Ia correr dizia ele mas eu sei que correr era o que ele mais odiava.

A verdade é que ele chegava todo suado,  mas eu não engoli essa da corrida.  Talvez ele frequentasse uma academia, mas então porquê mentir?

Eu também não queria arranjar confusão.   Nós tínhamos tão pouco tempo para estar juntos que não o queria gastar a discutir.

Rodolffo dedilhava o violão na varanda quando eu me aproximei.

- Linda essa música.   É nova?

- Sim.  Vai entrar agora no repertório.   Ouve, como é gostosa.

- Muito linda, amor.

- Tem outras, mas estamos apostando nesta.

- É uma aposta ganha.  Quem o diz sou eu e também os milhões de seguidores que tens.

Rodolffo pousou o violão e sentou Juliette no seu colo, começando a beijá-la e a ariciá-la por baixo da roupa.

- Sabes? Antigamente eu vivia feliz por essas estradas fora.  Hoje eu só espero ansioso o dia de voltar para casa.  Queria ter vocês duas sempre perto de mim.

- Mas não é possível,  então,  bora aproveitar que amanhã já vais novamente.

- Eu te amo tanto.

- E eu a ti.  Vem, vamos para a cama.
Hoje eu tenho uma coisa especial para ti.

- Já estou curioso.   O que é?

- O que quiseres.  Hoje só a tua vontade conta, mas não peças o impossível.

- Tens a certeza? Eu posso ter o que quiser?

- Tudo.

Rodolffo sussurrou ao ouvido de Juliette uma coisa que ele desejava muito mas nunca tinha tido coragem de pedir.

- Nunca fiz, amor!  Mas eu disse tudo, então vai ser novidade também para mim.

- Ju, vem cá que hoje promete.

Prometeram e cumpriram pois caíram cada um para seu lado na cama, completamente extasiados.

Tango dos AmantesOnde histórias criam vida. Descubra agora