Linda da tia

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Rodolffo voltou para casa amargurado e sem saber o que fazer.

Entrou debaixo do chuveiro e deixou as lágrimas correrem.  Não sabe quanto tempo passou quando resolveu terminar o banho.

Foi tentar jantar, mas não descia nada.

Sentou-se na varanda, no sofá onde tanta vez esteve com a Ju.  Deu um cochilo rápido.   Olhou o telefone na esperança de alguma notícia boa e  não vendo nada resolveu ir para a cama.

Sonhou com as suas meninas.  Maria Carolina já era grandinha. Os três  caminhavam descalços pela praia,  numa tarde quente enquanto o sol se punha lá no horizonte.

Acordou bem cedo e foi resolver algumas questões relacionadas com os shows.

Era muito difícil  cancelar espectáculos, e ele agora só queria estar focado na recuperação da sua Ju e filhota.

Ana, irmã e assistente pessoal tratava de toda a burocracia.  Quando Rodolffo chegou deu-lhe um abraço e choraram os dois.

- Vou precisar tanto de ti, mana!

- E eu vou estar sempre aqui.

- E se a Ju não acordar?  Como vai ser com a bébé?  E eu?

- Pensa positivo.  Elas vão ficar bem.

- Olha a Maria Carolina.   Tirei esta foto ontem.  Nem parece que ela tinha acabado de nascer.

- Eu não posso ir lá?

- A Ju não pode receber visitas.  Só eu posso ver a bébé lá dentro.  Se fores tens que ver pelo vidro.

- Quando vais lá?

- Agora depois de sair daqui.  Espero boas notícias.  Hoje sonhei com elas.

- Está bem.  Vou emitir o comunicado a explicar a paragem na carreira.  Mantemos as publis?

- Sim.  Desde que não tenha que viajar.   Não me quero afastar.

- Vai lá mano.  Com confiança que tudo vai dar certo.

Um mês depois e não havia resposta da parte de Juliette.   Rodolffo  visitou-a todos os dias assim como a  Carolina que hoje teve alta.

Ainda não tinha completado os 9 meses, mas a médica decidiu dar-lhe alta.  O tamanho, peso estavam conforme o desejado, e os órgãos funcionavam direito.

No meio de tanta coisa ruim pelo menos uma boa, pensou ele.  Pegou na filha e na mala dela e depois de ouvir as explicações da enfermeira seguiu para casa.

Ana tinha-se mudado temporáriamente para casa do irmão para o ajudar com a bébé.

- Coisa linda da titia.  Vem cá minha princesa.
É tão linda Rodolffo.  Olha a boquinha da Ju!  Os olhos são os teus.

- Muito linda mesmo.  Não é para me gabar, mas eu levo jeito para fazer filhos lindos.

- E a Ju, viste-a?

- Vi.  Na mesma.

- Rodolffo,  deixa a menina no meu quarto.  Tu precisas de descansar,  pois não tens dormido nada.

- A primeira noite eu quero ela comigo.  Deixa ver como ela passa a noite.  Nas próximas depois vemos.

- Eu vou deixar algumas mamadeiras prontas.  É só aquecer, mas qualquer  coisa chamas.

Está bem, agradeço muito.

Maria Carolina dormia quando Rodolffo se deitou.  Havia mamado tudo e de fralda limpa logo adormeceu.

Por seu lado, ele estava com dificuldade em adormecer.  Tinha o olhar fixo no berço quando finalmente foi vencido pelo sono.

Duas horas depois uma menininha reclamava de estômago vazio.

Rodolffo foi aquecer a mamadeira e entretanto uma tia preocupada já adentrava no quarto.

- A enfermeira disse que ela comia de duas em duas horas e olha o relógio! Não falhou.

Depois de alimentada e limpa a bébé voltou a dormir.

- Não consegui dormir Rodolffo.   Fiquei preocupada com vocês.

- Também demorei mas dormi bem.
Vai lá tentar dormir agora.

- Eu vou dormir aqui contigo.  Posso?

- Claro  que podes.  Quantas vezes dormimos juntos por essas estradas.

O resto da noite foi igual.  De duas em duas horas o despertador humano reclamava por atenção.

Já de manhã,  Rodolffo acordou e foi tomar um duche.
Ana preparava o café da manhã e Maria Carolina ainda dormia.

Tinha acabado de se vestir quando ela despertou.  Ana subiu para o ajudar a tratar dela.

Desceram para tomar o café da manhã.   Enquanto dava mamadeira à filha metia um pedaço o de pão na boca.

Ana terminou o seu café e segurou a sobrinha para ele comer devagar.

- É minha irmã,  vida de pai é difícil!

De repente toca o telefone.   O ecrã assinalava, Clínica.

- Notícias da Ju.  - Alô.

- Bom dia Rodolffo.  Daqui é a doutora da clínica.  Se puder venha para cá.

- O que aconteceu doutora?  A Ju está bem?

- Ela acordou.

- Eu vou já, obrigado.

- A Ju acordou mana.  Vou agora.  Cuida da minha princesa,  por favor.

- Vai descansado.  Dá notícias  e tem  calma na estrada.

Ana sabia que ele exagerava  a condução quando estava stressado.

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