Confissão

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Juliette já estava com uma barriguinha bem saliente.  Estava nos 7 meses de gestação.

Alice teve um encontro com Rodolffo onde contou o teor da conversa ao telefone com Ju.  Mais uma vez ele se culpou e arrependeu mas Juliette continuava sem querer voltar.

Por várias vezes voltaram a aparecer cestas de frutas e doces na porta de Ju.  Finalmente ela entendeu a proveniência.

Desbloqueou o número dele só para enviar uma mensagem de agradecimento

Boa noite

Obrigada por todas as frutas.  Não tens necessidade de te preocupares mas agradeço, aliás, agradecemos.

Amanhã vou fazer o último ultrassom.  Se quiseres estar presente é ás 14 horas na clínica.

Rodolffo ficou eufórico.   Finalmente ela deixava eu participar nesta fase.
Apesar dele sempre deixar as frutas raramente a via.  Às vezes ela espreitava metendo apenas a cabeça de fora.

Ainda não tinha tido o prazer de a ver bem gravidinha.

Às 13,30 horas do dia seguinte, ele chegou à clínica.  Como ainda era cedo esperou no exterior encostado ao carro.
Logo chegou Juliette.   Vinha sózinha e a conduzir o que preocupou Rodolffo.

Estacionou o carro ao lado do dele e abriu a porta.  Ele percebendo que ela estava com alguma dificuldade em sair por conta do tamanho da barriga foi ao seu encontro, deu-lhe a mão, auxiliando-a.

- Obrigada.

Rodolffo ficou muito comovido.  Juliette estava com um croped e umas calças que deixava ver toda a barriga.  Calçava uns ténis e tinha o cabelo preso no alto.

Rodolffo mirou-a e não conteve as lágrimas.

- Que foi?

- Estás linda.  Muito mais linda.

- E gorda, respondeu ela.  Vamos entrar que eu preciso ir no banheiro.

Juliette foi ao banheiro e Rodolffo ficou na sala de espera que àquela hora estava vazia.

Sentou-se e abaixou a cabeça apoiando as mãos na rosto.

Não percebeu quando Juliette regressou do banheiro.  Ela apoiou a mão no ombro dele e sentou-se ao seu lado.

- Ju, estou preocupado por estares sózinha em casa.

- Estou bem.  A Alice visita-me todos os dias.

A médica veio chamá-los.  Juliette deitou-se na marquesa, a enfermeira baixou as luzes e instintivamente Rodolffo segurou a mão dela.

Juliette olhou para ele mas não retirou a mão.  O ecrã iluminou-se para aparecer o pinguinho de gente.

Juliette já sabia que era uma menina  e chamou Rodolffo para assistir a este exame para que ele também soubesse.  A médica conhecia a história deles e deu a notícia como se fosse a primeira vez.

Rodolffo mais uma vez não conteve as lágrimas e levou a mão dela aos lábios.  Não importava se ela depois ia brigar, agora ele só queria demonstrar o quanto a amava e o quão feliz estava.

- Ju, a bébé está bem, o tamanho e o peso estão certos.  Se não houver imprevistos a gestação  não terá problemas até ao fim.
Nada de emoções fortes, nada de stress e exercícios pesados.  À menor alteração liga para mim imediatamente.
E paciência pai.  As grávidas são difíceis.

Rodolffo sorriu e depois saíram os dois.

Rodolffo foi atrás do carro de Ju até sua casa.

Ajudou-a a sair e ficou a ver ela abrir a porta.

Juliette abriu a porta, olhou para trás.   Rodolffo permanecia junto ao seu carro esperando ela entrar.

Ela não entrou e chamou-o para que entrasse também.

O coração dele disparou dentro do peito.  A respiração começou a acelerar e ele precisou de respirar fundo.  Trancou o seu carro e entrou junto com ela.

Juliette sentia-se cansada.   Sentou-se no sofá e ele ajustou a almofada.

- Senta aqui.  Vamos lá ter a tal conversa há muito adiada.

- Deixa-me eu falar primeiro, Ju.
O que eu fiz não tem perdão.  Os ciúmes não podem ser desculpa para tudo.  Já sei o que se passou.  A Alice contou-me tudo, mas não devia ser ela.  Eu devia ter escutado a tua explicação naquele dia.  Não escutei e paguei caro.
Quando te vi com o Jorge depois da vossa viagem e das fotos todas que postaram, deixei que sentimentos ruins se apossassem de mim e aí desci muito baixo ao insultar-te.

Apesar de tudo e de todo o mal que te fiz, hoje concedeste-me o dia mais feliz da minha vida.

Prometo e tentarei ser o melhor pai já que não fui bom companheiro.  Quero fazer parte de todos os momentos da nossa filha e um dia, quando me perdoares também quero fazer parte da tua.

Eu amo-te, nunca deixei de te amar mesmo quando fui escroto.  Perdoa-me.

Estas últimas palavras foram ditas com os olhos rasos de lágrimas,  mas a esta altura já nada importava.  Ele estava ali, expondo as suas fraquezas e suplicando por uma nova oportunidade.

Tango dos AmantesOnde histórias criam vida. Descubra agora