Lágrimas de felicidade

59 9 3
                                    

Mais um mês terminou.  Em tempo chamado normal, este era o período em que Maria Carolina devia nascer, não fosse o parto ter sido antecipado.

Juliette acordou extremamente ansiosa.  A noite não tinha sido muito boa.

Rodolffo já se havia levantado e estava na cozinha a cortar umas frutas para o café dos dois.
Por ter sentido a agitação dela durante a noite, deixou-a dormir maus um pouco.

Juliette estava sentada na cama esfregando os olhos.  Os seios estavam um pouco doloridos.  Já fazia uns dias em que ela notara que eles estavam maiores e mais doridos.

Subitamente sentiu algo escorrer sobre a sua barriga e então gritou.

- RODOOOOOLFFO, RÁÁÁPIDO.  Vem cá depressa!

Rodolffo subiu em passo de corrida e logo entrou no quarto.

- Que foi, amor?  A bébe está dormindo, assim vais acordá-la.

- Olha, olha, disse ela mostrando a camisola molhada por um líquido branco que escorria dos seios.  É leite?

- Que mais pode ser, Ju?  Com certeza que é.

- Eu tenho leite, eu tenho leite, falou ela pendurando-se no meu pescoço.

A médica tinha-me alertado para essa hipótese *.

- Ju, liga à médica e fala com ela.  Só ela te pode orientar se é conveniente trocar a alimentação da Carolina.

Eu já tinha notado os teus seios diferentes.  Não reparaste?

- Sim, mas nunca cogitei a hipótese de ainda vir a ter leite, passado este tempo todo.

- A natureza age no tempo certo.  E este era o tempo certo.

- Eu estou tão feliz.  Tomara que a médica deixe eu amamentar.  É o que eu mais quero.

- Então  toma um banho e depois desce para tomar café.  A Carolina ainda tem mais uma hora de sono.

Juliette conversou durante cerca de meia hora com a médica.   Tomou nota de tudo o que ela dizia no caso de a troca de alimentação alterar alguma coisa.
Ouviu sobre alimentos proibidos e cuidados a ter com os seios.

Tomou o seu café e subiu à espera que a sua menina acordasse para lhe dar a primeira mamada.

Juliette estava muito ansiosa quando a filha acordou.  Sentou-se na poltrona e Rodolffo trouxe a pequena.  Também ele estava expectante para ver como se iria desenrolar este evento.

Sentados lado a lado, Juliette e Rodolffo tentavam acomodar a bébé o mais confortável possível.

Ju segurou o seio e trouxe-o até à boca de Carolina que de início pareceu estranhar.
Foram precisas várias tentativas para que a bébé se ajustasse.  Por fim conseguiu segurar o mamilo que por sinal era bem saliente.

Maria Carolina começou a sugar.  Juliette a princípio encolheu-se pois sentiu um ligeiro desconforto mas logo de seguida foi invadida por uma sensação indescritível.

Olhou para o marido com os olhos rasos de lágrimas e este encostou a sua cabeça na dela.

- São lágrimas de felicidade,  amor.

- Que imagem linda, disse um Rodolffo também emocionado.   Pegou a câmara e fez várias fotos para registar o momento.

Maria Carolina sugou todo o primeiro seio e depois o outro.  Por fim no segundo já estava a dormir.

Juliette elevou-a para arrotar, mudou a fralda e foi colocá-la no berço.

Ajeitou a blusa, abraçou e beijou longamente o marido.
Agora sim.  Agora ela sentia-se completamente feliz.

- Nós homens nunca poderemos viver a experiência de sermos pais com a intensidade de vocês,  mulheres.

- Mas o vosso papel também é fundamental.   A mulher sentir-se amada e apoiada é de uma importância que muita gente não tem noção.  Não era a mesma coisa se não estivesses aqui.

Vamos ver se ela agora dorme as mesmas horas.  Eu acho que ela ficou satisfeita, pois até adormeceu.

- Se virmos que ela acorda mais cedo, na próxima mamada completamos com fórmula.

- Amor, eu quero retomar as aulas de dança o mais breve possível.

- Para quê? Ainda é cedo.

- Eu preciso perder peso.  Já viste o tanto de Kgs que eu engordei?  Só as danças suaves.
Eu vou falar com a médica e depois com o Jorge.
Quando voltas aos shows?

- Só tenho agendamento daqui a um mês.   Ainda tenho mais um mês para estar totalmente com vocês.

- Vem comigo dançar!

- Eu?  Sou um cepo.  Não tenho o gingado necessário.

- Só precisas de tempo e praticar.  Vem só fazer uma aula experimental.   Vais adorar.

- Vou pensar no teu caso com muito carinho mas tenho uma condição.

- Nem eras tu se não viesse chantagem.   Conta lá qual é a troca.

Rodolffo aproximou-se do ouvido dela, deu uma mordida no lóbulo e sussurrou:

- Faz amor comigo, agora.

- Isso nem é troca nenhuma.  Nos dois eu saio a ganhar, disse ela começando a despi-lo.
Só tem cuidado com a cicatriz da minha cirurgia.

- Vou ser o mais meiguinho possível,  meu bem.

* Não sei se é possível ganhar leite após um parto prematuro e ainda seguido de coma.
Na minha fic foi possível sim porque eu quis .

Tango dos AmantesOnde histórias criam vida. Descubra agora