Estacionei o carro e corri até ao elevador. Apertei o botão e vi que estava muito longe.
Subi as escadas a correr até ao quarto andar.Na recepção precisei de parar e respirar pois o coração estava saindo pela boca.
A enfermeira de plantão, já me conhecia e pediu para acalmar um pouco, conduzindo-me de seguida até ao gabinete da doutora.
- Bom dia doutora.
- Bom dia Rodolffo. Sente-se que parece que vai desmaiar.
- Vim a correr pela escada. Só isso.
- Rodolffo, a Juliette acordou, já retirámos todos os aparelhos a que estava ligada. Está a respirar por si e aparentemente está bem.
Não sabemos ainda se houve lesões graves no cérebro. Ainda está bastante sonolenta por causa da medicação.
Preciso que entre calmo, não faça perguntas. Deixe ela reagir no tempo dela. Se perguntar pela filha é óptimo sinal.
- Ainda não falou?
- Não, mas é normal.
Vou lá consigo e depois deixo-os sós. Pode ficar o tempo que quiser com ela.Entrámos juntos no quarto. A doutora verificou se estava tudo normal e saiu.
Eu cheguei perto dela, puxei uma cadeira e segurei-lhe na mão.
Ela virou a cabeça para o meu lado quando sentiu a minha mão.Levei a mão dela aos lábios e ali fiquei a olhar para ela sem conseguir dizer nada.
Ela olhou para mim e duas lágrimas saíram do canto dos seus olhos.
Sequei as lágrimas dela com os dedos e fiz-lhe um carinho no rosto ao mesmo tempo que lhe dava um selinho.
- Vai ficar tudo bem, disse para a tranquilizar.
- Ela tentou falar, mas as palavras saíam roucas e pouco perceptíveis.
Mesmo assim eu percebi quando ela soletrou Maria Carolina.- A nossa princesa está muito bem. Está à espera da mamãe dela. Mas não fales muito. A doutora disse para não te cansares.
Juliette sorriu. O sorriso mais lindo do mundo e pelo qual eu sou apaixonado.
- On de essstá?
- A nossa filha? Está em casa com a tia Ana. Ela veio para me ajudar.
É uma criança linda. Lembras-te da carinha dela?
- Ela fez que sim com a cabeça.
- Precisas de descansar. Vejo que estás sonolenta. Podes dormir que eu fico aqui. Não vou sair.
Juliette adormeceu e eu aproveitei para ligar à Ana.
- Mana, aparentemente está tudo bem. Agora dormiu. Vou ficar aqui mais um pouco.
A Carolina como está?- Muito bem. Fica tranquilo e fica aí o tempo que achares necessário. Nós as duas aqui já estamos a programar um dia de SPA.
- Esperem a Ju chegar e eu pago para as três.
- Ana riu do outro lado da linha. Ela sabia o quão tenso Rodolffo andava ultimamente e vê-lo brincar deixava-a feliz.
De seguida voltou ao gabinete da médica e contou a pequena conversa que teve com a Ju.
A médica ficou satisfeita. Não era tudo mas indicava um bom caminho.
Ao meio dia vieram trazer o almoço dela e ele ajudou-a a comer.
De seguida Ju pediu para ir ao banheiro e ele ajudou-a a levantar-se.
Já tinha conversado com a enfermeira sobre ela levantar-se e só
não podia fazê-lo sózinha.Amparada pela cintura ela conseguiu chegar em passos lentos.
Rodolffo ajudou em tudo o que foi preciso e depois a regressar à cama, mas ela preferiu sentar-se na poltrona reclinável. Puxou a cadeira para junto encostou a cabeça junto à dela.- Ainda não almoçaste? Vai comer. Eu fico bem.
As palavras eram agora mais nítidas.
- Depois eu como. Quando tu dormires eu vou a casa ver a bébé e volto para passar a noite contigo.
- Não é preciso. Fica com a bébé.
- Ela está bem com a Ana. Não te esforces a falar. A médica não quer.
Rodolffo passou o braço por cima do ombro dela e encostou-a ao peito e assim ficaram por algum tempo.
- Ajuda-me a ir para a cama.
Rodolffo ajudou-a a deitar-se e ficou ali até ela adormecer.
Saiu do quarto, disse à enfermeira que ela estava a dormir e ia a casa mas voltava para passar a noite.
Entrou em casa feliz. Abraçou a irmã e cobriu a filha de beijos. A tia tinha dado banho na bébé e estava com um conjuntivo rosa muito bonito.
Rodolffo tirou algumas fotos de vários ângulos para mostrar a Juliette quando fosse oportuno.
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Tango dos Amantes
FanfictionSão precisos dois para dançar um tango . Se um não sabe é porque a sala está torta.