Parabéns

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Estávamos em Agosto, mês do aniversário de Rodolffo.

Juliette andava a preparar uma surpresa com a cunhada.

Depois de conferir todo o calendário do mês, verificou que no dia do seu aniversário,  Rodolffo tinha show na cidade vizinha.   Era apenas 1 hora de viagem.

Ana iria dormir lá na casa deles após o show e porque no dia seguinte estavam livres, Juliette programou uma escapadela a dois.

Havia já uma semana que Rodolffo não ia a casa.  Era véspera de seu aniversário.   Tinha terminado o show e conversava com Ju ao telefone conforme fazia todos os dias.

- Chegas a que horas,  amor?

- Saímos daqui pelas 11 horas e devemos chegar pelas 18 horas, mas depois tenho o show daí.

- Mas pelo menos dá para jantares comigo e com Carolina,  ou queres jantar fora?

- Não.   Eu quero jantar em casa com vocês duas.  Tenho saudades.

- Eu também.   Vou fazer um jantar caprichado.  Diz à Ana que venha também.
Agora, vai dormir.   Já está muito tarde.

- Tchau, amor.  Beijos.

- Tchau. Beijo e até logo mais.

Rodolffo e Ana chegaram um pouco mais cedo.  Eram 17 horas quando uma Van os deixou em frente à casa.

Juliette ainda  não estava em casa.  Rodolffo pensou que ela tinha prometido um jantar especial e não havia sinais de jantar nenhum.

Carolina  estava com a bábá e imediatamente Rodolffo pegou nela.

- Olha a neném do papai.

Ela parecia já conhecer todos.   Sorriu e depois soltou um gargalhada quando o pai fez cócegas.

- Anda para a titia, Carolina.   Rodolffo passou a filha para a irmã e subiu para tomar banho.

Entretanto Juliette regressou a casa. Trazia nas mãos uma caixa enorme, contendo um bolo com uma decoração fantástica com elementos musicais.

Deu um beijo na filha e perguntou pelo marido.

- Subiu agora mesmo para tomar banho.  Vai lá lavar-lhe as costas, disse Ana com ar malandro.

- Ana, vêem entregar o jantar.  Já está pago.  Por favor, quando chegarem vão recebê-lo.

- Deixa estar.  Nós cá nos arranjamos.  Eu, a Carolina e a  bábá damos conta.  Vamos por a mesa.

Juliette entrou no quarto no preciso momento em que Rodolffo ligou o chuveiro.

Despiu a sua roupa e entrou no box,  devagarinho para não se denunciar.
Rodolffo estava de costas e ela foi logo abraçá-lo.

- Parabéns meu gato molhado.

Rodolffo abraçou-a e beijou-a intensamente.

- Obrigado minha flor silvestre.

- Porquê silvestre?

- São as que mais gosto.  Simples e cheirosas.  Uma papoila vermelha, uma madressilva, uma flor de amendoeira que são tão cheirosas.

- Conheces muito sobre flores do campo!

- Não muito.  Sou eu a especular.  Nem sei a que cheiram.

Os dois ensaboaram-se um ao outro, trocando carícias que terminavam, vocês sabem onde.

Após saírem do box não se deram ao prazer por terem plena consciência de que havia outras pessoas na casa.

Desceram e já o jantar tinha chegado.

- É assim que preparas um jantar caprichado para mim?  Assim, toda a gente sabe.

- Deixa de resmunguices.  Ana, se quiseres vai lá tomar banho enquanto eu termino aqui.

- Vou sim.  Fico já  despachada para mais logo.

A bábá ficava connosco esta noite.  Rodolffo não estranhou porque como ela era sózinha por vezes dormia cá em casa.

O jantar correu dentro de um espírito descontraído.
Cantaram parabéns e comeram bolo.

Por fim foram descansar.  Rodolffo e Ana tinham que partir às 24 horas pois o show estava marcado para as 3 horas da madrugada.

Juliette combinou tudo com Ana.   Sairía uma hora depois.  Não ia sózinha pois Ana tratou para que um dos elementos da equipe não viajasse com eles para acompanhar a cunhada.

- Falta o Torres, disse Rodolffo quando se reuniu à equipa.

- Ele vai lá ter no carro dele.  Teve um contratempo familiar e vai atrasar-se um pouco.

- Espero que não seja grave.  Preciso dele perto do palco.

- Lá estará.  E tira essa cara de desespero.

- Hoje eu tinha mesmo era vontade de ficar com a minha mulher e filha.

- Amanhã e depois é folga.   Vais ter tempo.  É hoje que vais cantar aquela bachata?

- É legal, não é?  Imagina eu e a Ju a dançar naquele palco.

- Tu nem danças.  És duro que nem uma porta.

- Bachata?  Sou especialista.  Tivesse um par à altura e logo te mostrava.

O espectáculo começou e o público estava animado.  O espaço estava lotado como em todos os shows.

Rodolffo começou com os sucessos de momento, passou por uma playlist das antigas, percorreu algum repertório de outros artistas para depois anunciar as novidades.

- Agora temos as queridinhas Não Pise e Não deixou de ser esquema que entraram para os shows no último mês.

O público gritava com toda a força e cantava juntamente com ele, mostrando que já as tinha na ponta da língua.

Repetiu os refrões uma e outra vez e foi ovacionado com muitas palmas.

Ana aproximou-se dele e trocou o microfone de mão por um auricular.

Ele não entendeu mas ela disse que estava com problemas no de mão.

- Hoje vou cantar uma canção,  não é minha mas gosto muito, e espero que aí em baixo dancem muito.  Eu vou ver se arranjo aqui um par já que tenho as mãos livres.

- Ana, queres vir fazer companhia ao teu irmão?

O público começou a gritar Ana, Ana..., mas ela recusou.

Eu mandei a banda começar e aos primeiros acordes vejo subir a mulher mais maravilhosa deste mundo.


Juliette vestia um vestido curto, cheio de franjas e com um decote acentuado.  A cor prata e os brilhantes completavam a figura.

Estava deslumbrante e logo estendeu os braços para mim.  Finalmente entendi a Ana por trocar o microfone.

As aulas que tive às escondidas com o Jorge deram finalmente resultado.   Nem se fosse planeado isto tinha corrido tão bem.

Senti-me um verdadeiro dançarino de danças de salão e o encaixe com Ju foi perfeito.

No final beijei a Ju enquanto o público pedia bis.

Repetimos uma vez mais e por eles estaríamos ali o resto da noite nesta dança.

- Logo danças para mim, disse Ju ao afastar-se depois de agradecer ao público.

- No ritmo que quiseres,  respondi soltando um beijo no ar.

Rodolffo terminou o show com mais uma série de músicas e por fim deu por terminado sob uma chuva de aplausos.

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