Recalculando a rota

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Juliette e Rodolffo tiveram dois dias maravilhosos, mas era hora de regressar à rotina dos shows.

Rodolffo quis viajar cedo pois ainda queria passar algum tempo com Carolina antes de viajar novamente.

Chegaram a casa e encontraram a pequena com a tia dentro da piscina.

A bébé estava com uma roupinha fina e de chapéu na cabeça para a proteger do sol.

Rodolffo quis pegar nela e Ana barafustou.

- Lá vem o desmancha prazeres.  Tira a roupa e vem para cá.  A tua filha está a adorar e já vais levá-la?

- Está bem.  Vou lá tirar a roupa.

Rodolffo entrou na piscina e Ana saiu para ajudar na preparação do almoço.

- Vou tomar um banho e já venho ajudar.

Juliette conversava com a bábá quando ela desceu.

- Como foi lá, Ju?  Correu tudo bem?

- Maravilhoso,  Ana.  Obrigada pela ajuda.

- Vocês já viram as redes sociais?  Está tudo doido com a vossa dança.  As fãs não falam de outra coisa.  Já querem nos próximos shows.

- O Rodolffo também quer, mas eu não sei se quero andar por aí com a Carolina.

- É.  Ela ainda é muito pequena, mas isso ia ser bom para novos contratantes.

Depois do almoço,  Ana foi para casa dela e eu dispensei a bábá uma vez que ela estava lá há dois dias seguidos.  Como era sexta feira ela só deveria voltar segunda feira.

Rodolffo foi descansar juntamente com Carolina e eu fiquei a arrumar umas loiças na cozinha.

Subi e deparei-me com Rodolffo deitado com a menina ao lado dele na nossa cama e com o braço sobre ela.

Deitei-me do outro lado e retirei o braço dele para que ele estivesse mais confortável.

Assim que fiz este gesto ele logo acordou.

- Deita-te direito.  Eu estou deste lado, ela não cai.

- Mas tu não estavas.  Eu estava com medo.

- Ela tem o berço.  Nada de maus hábitos.

- Eu queria estar com ela mais um pouco.  Logo já vou.
Agora coloca ela no berço e vem aqui.  Também quero estar contigo.

Juliette deitou a filha no berço e aninhou-se nos braços do marido.
Logo adormeceram os dois.

Carolina acordou mas não chorou.  Ficou a brincar colocando o pé na boca.

Juliette despertou primeiro e pegou na filha saindo do quarto para que Rodolffo descansasse mais um pouco.

Uma hora depois ele desceu com a mala.  Eram horas de viajar de novo.

- Oh, mulheres da minha vida!  Ainda não fui e já estou com saudades.

- Quando voltas?

- Quarta de manhã.   Pensa com carinho na minha proposta,  Ju!  Está difícil não ter vocês comigo.

- Vou pensar.  Faz boa viagem.   Liga quando chegares.

- Já vou.  Amo-te.  E a ti também,  princesinha do papai.

Rodolffo beijou a mulher e a filha e partiu.

Juliette tinha uma decisão difícil a tomar.  Estava casada mas vivia a maior parte dos dias sózinha.   Normalmente só terça, quarta e quinta podia estar com o marido e mesmo estes dias não eram certos.

Carolina estava a crescer sem o pai presente e isso também era angustiante.

O estúdio ia bem e ela adorava maquilhagem.   Sempre foi a sua paixão e ficou muito feliz quando conseguiu realizar este sonho.  Partilhava o estúdio com duas amigas apesar dela ser a proprietária.

O canal de maquilhagem que ela tinha no YouTube tinha boa projecção.   Cada vídeo postado atingia números recorde de visualizações.

Segunda feira logo que a bábá chegou, Juliette saiu em direcção ao estúdio.   Ia trocar ideias com as amigas e ouvir o parecer delas.

- Meninas, trabalhamos juntas há imenso tempo, então tenho uma proposta a fazer.

- Fala Ju.  Desde que não sejam más notícias estamos prontas para ouvir.

- O Rodolffo quer que eu o acompanhe mais nos shows e eu confesso que não me agrada passar mais de metade da semana longe dele.  Sinto que estou a perder muito do nosso casamento e a Carolina também.

- Isso é verdade. Vocês não têem tempo um para o outro.

- Então.   Estou a pensar deixar o estúdio entregue a vocês.

- Como?

- Como o edifício é meu e não há rendas, constituímos uma sociedade em que seremos as três sócias.
O imóvel e todo o equipamento é meu e vocês vão contribuir com o vosso trabalho.
No final do ano eu vou querer 10% dos lucros.  O resto é de vocês.   Vou ficar apenas com o canal do YouTube.

Podem pensar e depois vamos realizar a escritura da sociedade se estiverem de acordo.

- E achas que consegues ficar longe disto?  Tu adoras o que fazes.

- Eu sei.  Estou com um pouco de receio, mas sinto que neste momento a família é mais importante.   Se der errado eu volto e revemos a sociedade.  Seremos sócias igualitárias.  Essa clausula vai constar também na escritura.

Quando Rodolffo regressou vinha com novidades.
Contou a Ana a sua pretensão de ter a família com ele e ela ficou empolgada.

- Mano, isso era muito bom para mim.

- Porquê para ti?

- O Mateus anda há muito tempo a pedir para morarmos juntos.  Eu tenho adiado pelo mesmo motivo que tu.  Não ter tempo para ele.

Além disso, tu sabes que a minha formação é arquitectura e ele está a constituir uma empresa nessa àrea.
Quer que eu faça parte desse projecto.

Eu vim para a àrea dos shows só para te apoiar, mas agora se a Ju vier ela poderá ficar no meu lugar e eu vou sem culpa.

- Obrigado mana.  Desculpa privar-te dos teus sonhos para viver os meus.

- Eu fiz com muito amor.  No fundo eu até gosto, e continuarei se a Ju não vier.

Juliette gostava muito da Ana e ao ouvir isto a sua admiração aumentou.

- A tua irmã é um ser adorável.   Vamos lá deixar ela viver um pouco para ela.  Eu vou ser a tua nova acessora, mulher, amante, bailarina e mãe da tua filha.
Agora, começa a fazer contas aos salários que me vais pagar.

- Eu sou tão feliz neste momento que não há dinheiro que pague, disse Rodolffo apertando a Ju contra si.

- Já disse que te amo, hoje?

- Faz pelo menos uma semana o que é inadmissível.   Só por essa falha é que eu vou trabalhar contigo.  Estou numa idade em que preciso desses e outros mimos todos os dias.





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