Tango dos Amantes

SLAAAP

Juliette estava em mais uma aula de dança.  Hoje o ritmo era rumba

Ela dançava com Jorge porque o par dela habitual não veio.

Depois de várias voltas Juliette ficou tonta.

Jorge amparou-a e sentou-a num dos bancos.  Foi buscar uma garrafa de àgua e ela bebeu.

- Vamos terminar por hoje.  Juliette,  não achas melhor ir ao hospital?

- Não é preciso.  Hoje acordei enjoada e não me alimentei muito bem.  Vou para casa.

- Deixa que eu vou levar-te.

- Não Jorge.  Eu vim no meu carro.

- Não faz mal.  Eu levo-te no teu carro e depois pego um uber e venho buscar o meu.

Rodolffo tinha visto as coisas que Ju devolveu e hoje resolveu ir conversar com ela.

Já estava na entrada da casa dela quando ela chegou com Jorge.
Os ciúmes e a falta de bom senso logo se fizeram notar.

- Não perdeste tempo.  Ainda ontem namoravas comigo e hoje já andas com esse aí atrelado.  Só prova o tipinho de mulher que és.

Jorge ia intervir mas Juliette meteu-se entre os dois.

- Deixa Jorge.  Esse assunto é meu.

- Repete lá novamente se és homem.
Eu sou o quê?  Um tipinho de mulher.  Tipinho quê?

- Tipinho vadia.

SLAAAP

Juliette puxou a culatra atrás,  quer dizer a mão, e tacou uma valente bofetada no rosto de Rodolffo.

Ele apanhado de surpresa levou a mão à cara e lançou-lhe um olhar de ódio.

- Entra Jorge.  Não deixemos que gente suja estrague a nossa noite.

Os dois entraram em casa e deixaram um Rodolffo incrédulo com o que acabara de acontecer.
Entrou no carro e foi embora.

Juliette sentou-se no sofá e desatou a chorar.

- Não chores, Juliette.   Ele não merece.

- Eu sei, mas eu gosto dele.  Separámo-nos por um mal entendido e ele agora está a ser muito estúpido.

- Só prova que não te merece.  Esquece-o.

- Não posso. Sempre fui apaixonada por ele e ainda corro o risco de estar grávida dele.

- Grávida?  Por isso o mal estar?

- Sim.  Vou fazer o teste amanhã.

- Então têem que se acertar. 

- Desculpa,  Jorge.  Já podes ir à tua vida.  Eu fico bem.

- Tens a certeza?

- Tenho.

- Então até amanhã.   Se precisares de mim liga.

- Obrigada.

Amanheceu e Juliette saiu para ir ao laboratório fazer o teste.
Depois de colherem o sangue ela esperou na lanchonete ao lado do laboratório.

Estava em jejum e aproveitou para tomar o café da manhã.

Duas horas depois e o resultado chegou.  Gravidíssima, 2 meses.

Sentiu-se numa dualidade de sentimentos.  Feliz por ir ser mãe,  mas triste pelas circunstâncias.   Uma coisa decidiu.  Não ia contar a Rodolffo.

Talvez um dia se arrependesse, mas agora estava demasiado magoada com ele.

Ao voltar para casa Rodolffo dava murros no volante.   Mais uma vez tinha agido no impulso e magoou quem mais ama.

As palavras ditas eram muito pesadas mas não havia nada que as pudesse retirar.
Ao entrar em casa ainda sentia o ardor na sua face.  Foi um tapa bem merecido constatou ele.

Foi a casa dela para tentar resolver o assunto e acabou sendo pior.  Tinha 6 dias de folga e queria passá-los com ela e cá estava ele completamente só.

No dia seguinte não saiu de casa.  Não lhe apetecia ver gente.  Até a empregada dispensou.  Pediu almoço no delivery e ficou todo o dia deitado no jardim, à sombra de um chapéu.

Já a noite caía quando ele resolveu olhar a Internet para ver se ela tinha postado algo.

💕Seremos só nós dois meu amor 👩‍👦
Amo-te muito.

Lá estava na página dela.

Rodolffo ainda roído de ciúmes não  conseguiu decifrar.

Para piorar a situação lá estava o comentário de Jorge.

"Estarei aqui sempre para ti 🐻🐻🐻"

Rodolffo queria comentar mas teve o bom senso de não o fazer.  Fechou o telemóvel depois de muito tentar decifrar o que significava o - Seremos só nós dois - lá conseguiu.

Ela não pode estar grávida!  Ela não queria filhos meus.  Não pode, não pode.

Num impulso mandou uma mensagem para ela.

Ju, diz-me que essa criança é minha.

Ela demorou para visualizar e quando o fez logo respondeu.

É, mas eu não te quero nas nossas vidas.  Não muda nada entre nós.  Quando a criança nascer tens o direito de vê-la.   Até lá mantem-te distante.

Depois desta mensagem ela bloqueou o número dele.