𝖼𝗂𝗇𝖼𝗈

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𝖫𝖨𝖫𝖸 (𝖨𝖲𝖠𝖡𝖤𝖫) 𝖤𝖵𝖠𝖭𝖲

— Você levou ela pra sua casa, Cameron?

— Levei, cara. Mas...

— Você 'tá louco porra? — Barry pergunta assim que Rafe e eu pisamos o pé na madeira da varanda — Tira o olho da minha prima, caralho— ele vai até Rafe e puxa a gola da sua camisa.

— Um amigo seu veio aqui e eu por um acaso apareci. — os dois se cortam com olhares.

— E ele veio pra cima de mim, Barry. — eu o puxo e ele solta Rafe — Sabe-se lá o que ele faria se Rafe não tivesse vindo aqui.

— Você veio comprar droga, Cameron?

— Não importa Barry. Ele me salvou desse seu amigo.

— Amigo de cu é rola, e você deveria tomar cuidado com as novas amizades.— Barry me encara fundo, depois pega meu braço — Vou matar o desgraçado que veio aqui. — ele olha Rafe — E você também, seu bosta. É difícil deixar minha prima em paz?

— Você acha que eu fiz por maldade? — Rafe pergunta, sincero — Eu não deixaria nenhuma menina sozinha nesse fim de mundo, ainda mais a noite, Barry!

— Fim de mundo é o bueiro que você veio, seu rato! — Barry nem pensa antes de dar um soco em Rafe. Ele o empurra e os dois caem no chão, e mesmo assim meu primo não para. Eu vou pra cima deles e puxo seu cabelo.

Sendo sincera, Rafe apanhou um pouco, mas acho que ele deixou.

— Você é louco, caralho? — pergunto quando Barry fica em pé. Ele fica intacto encarando Rafe, mas não sei como ele está, porque estou de costas — Você vai bater em um Kook, cara?! — eu o empurro — Você sabe o que eles podem fazer?

— Você sabe o que andar com esse cara pode te causar?!— Barry me pergunta. Olho pra trás, assustada. Vejo Rafe se levantar com a boca sangrando, irado.

Ele me olha por alguns segundos e eu sinto alguns pingos de chuva caindo.
Em alguns minutos, Rafe e eu estávamos juntos como uma só carne, agora parecemos tão longe. E a chuva caindo cada vez mais.

Rafe parece tão real e vazio quanto no quarto. Tão triste e sozinho.

Ele limpa sua boca e o sangue passa para as mãos, mas ele não liga. A chuva ajuda a limpar o sangue. Entra no carro e não briga com Barry. Vai embora tão rápido quando chegou.

Não me diz nada, mal respira. Só vai embora.
Não sei se por vergonha, raiva...E provavelmente nunca vou saber. Provavelmente Rafe nunca mais falaria comigo. Talvez seja nosso destino.

— Que merda! — entro em casa e vou direto pro quarto. Minha porta bate tão forte que as paredes velhas balançam. Barry vem atrás de mim e invade meu quarto. Nem nos importamos com nossas roupas encharcadas.

— Ele é um mulherengo, egoísta e é um louco, Isabel! — é a primeira vez que Barry diz meu nome inteiro. Isabel.

— Eu não quero saber de nada! — falo com sinceridade. Pouco me importa o que Rafe é — A existência dele não muda nada, Barry. Ele só me ajudou, é sério!

Eu me sento na cama, segurando o choro. Barry vem até mim, se senta e coloco a mão no meu ombro.
Seu toque é suave, e me leva de volta à época em que brincávamos na chuva.

— Você pensava em mim? — ele pergunta — Quando eu fui embora...você lembrava de mim?

— Todas as vezes que a chuva caia. — respondo sincera. É verdade. Barry é meu primo de sangue, primeiro grau. Meu melhor amigo por anos — Foi impossível não te ver mais nas festas de família. sabe?! Eu não queria que você fosse embora.

— Eu não queria ter ido embora. — ele me olha triste. Agora percebo o quão sozinho meu primo é. Morando aqui, sozinho, tendo que vender drogas pra sobreviver. Sendo desprezado por todo mundo — De verdade. — eu o puxo para um abraço. Suas roupas estão molhadas e as minhas também, então a cama automaticamente se molha. Sinto muito frio, mas não reclamo.

Quando Barry me abraça, sinto uma familiar sensação de leveza. É o tipo de abraço que a gente dava quando brigávamos e nossas mães nos obrigava a pedir desculpas.

— Me desculpa por não ter te procurado. — digo ainda no abraço. Barry funga.

— Você me procurou agora. Provavelmente nosso destino sempre foi ser a vergonha da família. — ele responde.

— Provavelmente.

DESTINO - Rafe CameronOnde histórias criam vida. Descubra agora