Capítulo 16

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"Ah, isso é impossível!"

Kara ergueu os olhos da armadilha que estava armando.

Lena ajoelhou-se a alguns metros de distância, tentando montar uma armadilha secundária própria. Ela sentou-se sobre os calcanhares, o fio enrolado em seus dedos. "Pela minha vida, não consigo armar esse gatilho corretamente."

"Está tudo bem. Levei meses para consegui-lo." Kara abandonou o trabalho para ajudar Lena. Ela estudou a estrutura da armadilha. "Aí está o seu problema." Ela pegou o gatilho, um pequeno bastão com um entalhe. "Colocar um ângulo mais profundo aqui não será ruim." Ela puxou a faca e rapidamente fez um corte mais pronunciado na madeira. "Agora ele ficará melhor, mas ainda será sensível o suficiente para capturar sua presa." Ela devolveu o bastão para Lena, que examinou o ajuste.

"Todos os gatilhos deveriam ser desse ângulo?"

Kara balançou a cabeça. "A caça é uma forma de arte. Você tem que descobrir onde colocar uma armadilha e usar o ambiente natural que lhe é dado para armá-la. Às vezes você tem que construí-lo do zero com estacas. Outras vezes você não precisa de nada além da folhagem que já está lá."

A resposta não agradou Lena. Ela segurou a armadilha por um momento antes de voltar à tarefa de prendê-la.

Kara voltou-se para sua armadilha com um sorriso simpático. Ela se lembrou das mesmas frustrações quando Kal a ensinou como usar as armadilhas. Poderia levar alguns meses, mas ela tinha fé que o forte amor de Lena pelo ar livre e o delicado controle de suas mãos contribuiriam muito para torná-la uma caçadora experiente. Qualquer um que costurasse do jeito que ela sabia tinha a habilidade de aperfeiçoar uma armadilha de arame. Depois que ela aprendesse tudo sobre a vida selvagem – identificando suas pegadas e rastros, entendendo quais armadilhas utilizar de acordo com a presa e o ambiente – ela seria uma força da natureza. Kara poderia então ajudá-la a montar sua própria armadilha, uma que ela usaria sozinha, assim como Kal havia feito com ela.

A ideia de Lena sozinha no deserto a preocupava, mas ela deixou isso de lado. Incapaz de fazer mais nada durante toda a semana, Kara ensinou Lena a atirar com seu novo rifle. Ela descobriu que Lena era uma excelente atiradora com um bom olho de atirador. Lena poderia acertar quase qualquer coisa que quisesse. Kara carregava um rifle e uma pistola quando estava na trilha, ela teria que procurar uma pistola para Lena. A de Kal era pesada demais para a mulher menor usar com algum conforto, e era uma ferramenta necessária no mato. Em alguns casos, a pistola na cintura pode significar a diferença entre a vida e a morte. Se um urso pardo estivesse atacando ela teria muito tempo para sacar um rifle e mirar.

Em sua mente, ela ouviu o rugido do urso atacando Kal. Ela estremeceu com a lembrança.

"Entendi!" Lena exclamou.

Contente com a distração, Kara examinou o trabalho de Lena. "Muito bom. Continue assim e você estará executando sua própria armadilha em pouco tempo." Ela deu um tapinha no ombro de Lena.

Lena brilhou com o elogio. Ela cuidadosamente se afastou e se levantou, colocando sua mochila nos ombros. "Onde é a próxima?"

"Sul e oeste." Kara pegou sua mochila também. "Eu tenho algumas armadilhas ali, principalmente trilhas de raposas e lebres. Veremos se alguma foi acionada e eu lhe ensinarei como armar uma." Ela seguiu na frente através da vegetação rasteira, em constante busca por evidências de predadores e possíveis trilhas dignas de armadilhas.

"Isso é realmente bastante divertido." Lena acompanhou com facilidade. "Muito melhor do que ficar presa em uma cabana velha e abafada o dia todo."

Kara riu. "Você não vai pensar isso no inverno. Aquela cabana abafada ficará agradável e quente enquanto você congela a bunda aqui."

KARLENA - Noiva Por CorrespondênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora