Lena sentou-se na beira da cama, com luvas nas mãos. Sua bagagem esperava na porta. Ela ficou maravilhada com os caprichos do tempo – dois dias se passaram, dois dias de luto e boas lembranças, três noites de pesadelos sem dormir. O tempo passou com muita velocidade e, ainda assim, cada minuto se transformou em horas. Ela olhou para o relógio sobre a lareira. O carregador do Pacific Coast Steamship estava programado para chegar em dez minutos para coletar sua bagagem. Ela já havia decidido segui-lo a pé, para ver Skagway uma última vez antes de embarcar na cidade de Topeka. Em uma semana, ela estaria de volta a Seattle. O que ela planejava fazer quando chegasse lá dificilmente dava para pensar agora.As lágrimas não ameaçaram cair desta vez. Ela chorou tantas delas que elas deixaram para ela uma casca ressecada. Neste ponto ela ficou entorpecida e desinteressada pelo mundo. Henshaw a visitava todos os dias, acompanhando-a nas provas constitucionais diárias e enchendo sua cabeça com vários rumores sobre o município enquanto sutilmente a encorajava a permanecer como mulher de negócios. Nada disso importava para Lena, para o grosso chumaço de algodão que enchia seu coração e sua mente. Ela o deixou tagarelar, balançando a cabeça quando apropriado e instando-o a continuar com perguntas educadas. Quanto mais ele falava, menos fala era exigida dela. Ela simplesmente não conseguia reunir energia para sustentar sua parte na conversa.
Em vez disso, ela refletiu sobre uma série de coisas das quais se arrependia nessa viagem. Não poder conhecer Kal, o homem que a convidou para vir aqui e que significou muito para Kara, era um deles. Pelo que ela percebeu de Kara e Henshaw, Kal El era um homem singular. Lena imaginou uma vida com Kara enquanto Kal encontrava outra pessoa para se casar, os quatro se tornando uma espécie de família. Teria sido uma vida maravilhosa.
Sua incapacidade de ficar ali sem Kara era outro arrependimento. Talvez se ela não tivesse se apaixonado tanto por Kara, ela teria conseguido se convencer a seguir as sugestões de Henshaw, ficar na cidade e começar seu próprio negócio. Mas suas imagens mentais não conseguiram lhe mostrar uma visão que não incluísse uma tristeza esmagadora sempre que Kara aparecia. Quem na terra poderia viver assim?
O maior arrependimento no coração de Lena era não ter tido coragem de ver Kara pela última vez. Lena não tinha fotos nem desenhos de Kara. Se Lena estivesse pensando com clareza, ela teria considerado tirar a foto que Kara tinha dela e de Kal. Com o tempo, o rosto de Kara desapareceria da memória de Lena. Era uma inclinação natural — ela não conseguia imaginar sua melhor amiga, Lana Lang, depois de apenas um mês de ausência. Logo, Lena não se lembraria do tom exato do cabelo dourado de Kara, do padrão distinto de sardas em seu nariz ou da expressão assombrada dos olhos de Kara. Tudo viraria fumaça. Apenas como eu. Serei fumaça, flutuando no vento, sem substância.
Uma batida apressada na porta a tirou de suas reflexões melancólicas. Agora o tempo escolheu acelerar, tira-lhe os minutos restantes de sua loucura? Ela notou que o tempo não havia distorcido na outra direção, que o carregador estava realmente adiantado para esse compromisso. Quando ela abriu a porta a surpresa arrancou-a do algodão melancólico.
Hank Henshaw estava lá, com os olhos escuros arregalados. Ele segurava o chapéu com uma das mãos, o cabelo grisalho torto na cabeça. Antes que ela pudesse falar, ele deixou escapar a notícia. "Maxwell Lord deixou a cidade há cerca de uma hora com uma dúzia de homens. Ele está indo para a cabana."
"Uma dúzia de homens?" A mão de Lena cobriu as batidas repentinas de seu coração. Kara!
"Sim. Estou reunindo alguns caras para irmos atrás, mas achei que você deveria saber."
"Mas... mas estou indo embora!" Lena odiava a histeria estridente que ressoava em sua voz. "O carregador estará aqui a qualquer minuto!"
O rosto de Henshaw se contraiu e ele esfregou a barba. "Droga, perdoe minha linguagem. Eu não percebi..." Ele suspirou. "Por alguma razão, pensei que você não iria até amanhã. Achei que você gostaria de saber o que estava acontecendo."
VOCÊ ESTÁ LENDO
KARLENA - Noiva Por Correspondência
FanfictionSéculo 19, especificamente no período pós-Guerra Civil Americana, onde encontrar um marido é uma tarefa árdua para Lena Luthor, uma jovem de 22 anos de Boston. Ao descobrir o endereço de um possível pretendente nas selvagens terras do Alasca, Lena d...