Nosso nós

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Amo andar de patins, sinto com se pudesse depositar nas rodas do meu patins toda a ansiedade e as deixo no vento da velocidade enquanto patino. Ele comentara que também queria andar de patins, eu mal podia acreditar que um dia patinaríamos juntos, eu e ele, era exatamente como romantizei, ele era tudo o que sempre sonhei.

Fomos ao shopping comprar os patins dele, na mesma loja onde comprei os meus, gravei ele de patins, muito lindo, ele me olhou e sorriu enquanto apontava minha câmera para ele, mas a melhor câmera, eram os meus olhos, de vê-lo comprando algo que ele diz que é porque queria, mas tinha certeza que era para andar comigo.

Piqueniques no parque, passeios e passeios, andar de patins durante a noite enquanto ouvia minhas músicas preferidas da minha playlist de patinar, eram tantas coisas, eu queria o mundo com o Ricardo, eu tinha ansiedade de viver com ele, que colecionar mais momentos incríveis ao lado dele em todo lugar que meu sonho permitisse.

Praticamente passava mais tempo na casa dele do que na minha. Eu amava cada segundo na casa dele, eu me sentia confortável, amava o cheiro do seu quarto, eu amava a mãe dele, ela era um anjo e acho que ela também gostava de mim porque ela fazia meu bolo preferido de mandioca.

Com o tempo a maioria das minhas coisas estavam na casa dele, e isso fazia eu me sentir bem, porque eu me via me casando e vivendo minha vida com ele, acho que seria tão bom, porque amo ficar no quarto com ele vendo largados e pelados.

Eu amava também a família dele, sua irmã era uma linda e conversamos sobre tanta coisa, seu primo cantor que animava as festas em família, já tinha aprendido as manias do Faruk, seu cachorro. A verdade é que não me via longe dele, não me via sem ele, eu conseguiria, mas não queria, queria o Ricardo, eu amava fazer qualquer coisa com ele. Ele sabia exatamente onde me levar, conheci os melhores lugares, fomos nos melhores lugares; ele era tão bom nisso que parecia que qualquer lugar que quisesse ir com ele era idiota demais, deixei que ele sempre decidisse todo lugar, porque era como uma surpresa.

Íamos a todos os lançamentos de todos os filmes, eu amava ir ao cinema com ele, porque acho que não existe ninguém que leva fruta para comer no cinema, acho que só eu e o Ricardo, acho que ele era minha alma gêmea, mesmo não acreditando muito nisso. Amo ir ao cinema, mas cinema era uma parada só minha, eu aprendi a andar sozinho por necessidade, era muito dependente dos outros e eu sei que isso poderia ser destrutível para mim. Minha psicóloga me disse que tenho inclinação para ser dependente emocional e por isso acabava sendo alvo de pessoas manipuladoras. Lembro que me doeu ouvir isso no começo, mas depois entendi que precisava me proteger, precisava aprender a conviver comigo mesmo, então comecei pelo cinema, depois viagens e com o tempo me tornei minha melhor companhia. Até o Ricardo chegar, ele mudou tudo.

Ricardo, fazia minha marmita para levar para o trabalho sempre quando dormia na casa dele, me levava todo dia no portão e sempre se despedia com um beijo, sempre olhava para trás e ia trabalhar ansioso para ver o que ele aprontara. Ele me deixava um bilhete com declarações de amor, todos os dias. Minhas amigas brilhavam os olhos quando compartilhava com elas o que estava escrito.

- Ele é incrível Jeff! (Comentava minha a confidente)

- Sim, ele é mais do que sonhei amiga

- Nem parece que até pouco tempo você tava com aquele falecido

- Nem me fale, parece até que é mentira.

Meu aniversário estava chegando, faltavam algumas semanas e eu mal podia esperar para viver esse dia com ele, aquele momento seria extremamente importante porque seria o dia que reuniria minha família e o levaria para conhecê-los. Um pouco de medo e o desejo de vê-lo feliz e mostrar com essa atitude que eu tinha orgulho de tê-lo e ele era a pessoa que eu escolheria para apresentar para minha família. Nas vésperas do meu aniversário, minha família inteira disse que não poderia comemorar comigo, apenas minha prima se prontificou a estar comigo e claro com o meu namorado, então para mim seria perfeito.

Já não sabia o me esperaria a partir dali, os meus planos tinham ido por água abaixo.

Dia oito do oito, era o meu dia.

Ricardo estava trabalhando presencialmente esse dia, então no primeiro horário seriamos só eu e minha prima, depois dali iriamos para um restaurante ao seu encontro. Mal podia esperar para vê-lo, chegando no restaurante ele me tirou um bolo feito por ele dentro de uma bolsa térmica enorme que ele carregou por todo lugar que foi, com as velas e as mini bexigas. Para mim aquilo já era o suficiente para eu me derreter de amor por ele. Naquele momento eu só pensava que fiz a melhor escolha, que ele era o homem da minha vida.

Ele tirou um presente da mochila, uma bag, uma igual a dele, eu amei porque adoro ter coisas iguais à dele. Eu estava muito feliz, porque embora tivessem duas pessoas ali, para mim valia mais do que tudo. De repente, ele me tira um segundo presente. Outro? Eu já imaginei o que era, eu não podia acreditar, na minha cabeça era surreal uma pessoa se importar comigo a me amar cegamente assim. Era minha câmera Instax, a que ele sabia que eu queria, exatamente como queria, estava na minha lista de desejos. Meu coração transbordava de alegria e, ao mesmo tempo que me sentia constrangido por tanto amor, amor que eu não estava acostumado a receber, era estranho ser amado assim.

Pra Sempre RicardoOnde histórias criam vida. Descubra agora