Sábado, 14:14

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14:14

Hoje é o último sábado que trabalho nessa empresa, eu sei que ele está viajando. Estou extremamente ansioso, não consegui comer nada, já vomitei hoje e nem sei quando isso vai parar, não quero acender mais um, porque sei da minha inclinação para compulsividades.

Às vezes sinto que estou vivendo exatamente o que ele viveu quando terminei com ele, e me dói imaginar que ele tenha passado por esse desespero e essa dor que estou sentindo.

Entendo que cada um tem um processo e enxerga e lida com as coisas de maneiras diferentes, que cada um processa de uma forma. Eu já havia me preparado psicologicamente antes do término, ele não. Ontem não consegui dormir, ele não saía da minha cabeça. Me lembrei de que é exatamente o mesmo sentimento que tive com o M, é a mesma sensação de desespero. Só que eu me nego a viver isso, eu não mereço isso.

Estive pensando muito nele esses dias, tenho medo de perdê-lo, sempre tive, na verdade, tenho medo dele ir embora, talvez ele até já tenha ido. Chamei ele para irmos onde ele me buscava na natação. Estava me comportando tão neurótico como ele esteve um dia, e, por outro lado, estava gostando também porque isso fazia bem ao ego dele.

Eu estava me sentindo bem comigo mesmo, já tinha processado tudo e entendido através da terapia onde e como reparar tudo. Eu estava pronto para dar o melhor de mim, para mostrá-lo quem eu queria ser desde o início. Estava de volta, as pessoas à minha volta comentavam que meu brilho havia voltado, era esse brilho que eu queria dar a ele.

Talvez esse seja o momento de a gente recomeçar, pensei. Vou chamá-lo para sair, nada mais justo que eu correr atrás depois de ele também ter feito isso.

- Preciso te ver, pode me encontrar na quinta? (Mandei a mensagem)

- Iiiii (Ele responde)

- Preciso conversar com você, podemos?

- Sim, pode ser amanhã se quiser.

- Pode ser!

Havia ficado muito feliz, estava ansioso para vê-lo, estava morrendo de saudade e empolgado porque aquele seria o dia em que eu poderia dormir sonhando com ele outra vez.

Ele me encontrou, inclusive estava lindo, que saudade eu estava dele.

Ele disse que eu estava mais baixo que o normal, e eu não lembrava de ele ser tão alto assim.

Fomos jantar, e conversamos bastante, sobre como estavam as coisas, eu tenho as melhores memórias do mundo com o Ricardo, de todos os lugares que fomos, para mim todas são tão especiais, mas no Sesc para mim tinha uma nostalgia significativa para mim, porque foi ali que nos abrimos pela primeira vez e ele compartilhou coisas profundas sobre a vida dele.

Eu queria saber tudo sobre ele, mas sentia que era um lugar delicado, já que ele havia perdido o pai recentemente e também por já observar que ele tinha alguns problemas emocionais com a mãe dele. Hoje, penso que poderia ter demonstrado mais interesse, talvez isso teria significado muito para ele também.

Era o momento.

- E se a gente se conhece de novo? E se a gente saísse para um date? A gente podia se conhecer como na primeira vez.

Ele deu uma risada.

- Por que você está rindo? (Sem graça)

- Achei fofo.

Esperando ele dizer que era o que ele mais queria, porque era o que eu queria também.

- Não acredito em recomeçar, não tem como a gente se conhecer de novo, a gente já se conhece.

Pra Sempre RicardoOnde histórias criam vida. Descubra agora