Capítulo 16 - Não me importaria se você quisesse

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"Deve ter sido muito difícil para você", murmurou Ava suavemente, seus olhos grandes e calorosos, cheios de simpatia e honestidade. Beatrice sentiu seu coração se encher, suas batidas ficando mais lentas. Ava tinha um jeito único com sua gentileza, era o único tipo que não a fazia se sentir envergonhada e indigna, fazendo-a sentir tudo pela forma como ela a olhava. Era uma recompensa maior do que qualquer coisa que ela pensou que merecesse.

"Você reprimiu tanto, que a única maneira de expressar era quando você estava dormindo. É por isso que você não queria dormir aqui?"

Beatrice a olhava nos olhos, ela conseguia vê-la tão claramente, seria assustador se fosse qualquer outra pessoa. Mas com Ava era libertador, era emocionante.

"Você estava envergonhada?", perguntou Ava, com uma voz suave e cuidadosa. Beatrice fechou os olhos e assentiu suavemente, mesmo não havendo necessidade, Ava já sabia.

Ava se moveu para abraçá-la e Beatrice se deixou abraçar. O calor e o conforto que as envolveram as encheram de tanta paz e calma. Ela se sentiu imensamente grata por Ava.

Ela tinha certeza agora. A auréola a escolheu; ela era seu anjo.

Beatrice acariciou suavemente o meio das costas de Ava, que cantarolou em satisfação e então se afastou, deitando-se de lado em frente a ela. Ela fechou os olhos momentaneamente, pensando que esse seria o fim da conversa delas e que era hora de descansar um pouco.

"Você quer..." Ava começou, sua voz se transformando em um sussurro, "você quer continuar?"

"Nossa conversa?" Beatrice abriu os olhos para vê-la.

"O que estava fazendo... Você quer terminar? Eu não me importaria se você quisesse."

"Não! Não, eu não posso." O coração de Beatrice começou a bater rápido, as pontas dos seus dedos se contorcendo. Ela pensou naquele sonho que teve mais cedo, Ava olhando para ela enquanto ela se dava prazer, aqueles olhos observando tudo cuidadosamente e dizendo a ela com sua voz mais indecente o que fazer. Ela ainda podia sentir o quanto isso a excitava e alimentava cada sensação, mas na vida real, a ideia disso realmente acontecer a apavorava, era demais, ela nem saberia como lidar com isso. "Isso seria muito embaraçoso."

"Não precisa ser." O rosto de Ava estava sério e isso fez Beatrice tremer. Ela sabia que tinha que escapar daquela situação.
"E acho que você precisa disso."

Beatrice não sentia nada até alguns segundos atrás, mas assim que Ava disse isso, ela sentiu uma pulsação começar entre as pernas, crescendo de forma assustadoramente rápida. Beatrice não tinha ideia de como isso era possível.
Sua respiração estava ficando mais complicada, sua pele formigando.
O motivo pelo qual ela não deveria fazer isso, e por que ela definitivamente deveria parar e evitar que qualquer coisa acontecesse depois da conversa, estava ficando embaçado e difícil de lembrar.

"Olha, se você está com muita vergonha de fazer isso, eu posso fazer com você. Isso ajudaria?"

Oh, meu Deus! Não, não ajudaria.

Isso a deixava ainda mais louca. Ela nunca seria capaz de superar aquele momento. Ela teria que se arrepender pelo resto da vida, rezar e implorar ainda mais por perdão, abandonar seus votos para sempre e evitar a igreja, porque ela nunca seria boa o suficiente. Isso provavelmente já era um fato. Mas talvez... Talvez fosse um preço a pagar.

"Você realmente faria isso?" Beatrice ainda estava incrédula. Se fosse uma brincadeira, ela sabia que sumiria para sempre, que nunca mais apareceria em público. Mas só a possibilidade, a mera chance, era o suficiente para que ela contemplasse a idéia.

"Sim", sussurrou Ava. Aquele sussurro soou perigoso, baixo e sibilante, como uma serpente alertando sua presa. Ela se sentia encurralada e sabia que não havia volta. "Eu faria", e Beatrice queria tanto ser mordida.

"Eu não sei...", sua garganta estava seca. Ela não tinha certeza do que estava prestes a admitir, mas seu rosto estava queimando ao tentar murmurar as palavras: "Eu não sei como".

"Você não sabe como se tocar?" Ava perguntou, curiosa, sua voz ainda quase um sussurro, seu rosto sério, fazendo o coração de Beatrice acelerar.

Ela assentiu. Ava ficou apenas ligeiramente surpresa, mas não comentou mais sobre isso. Ela moveu as cobertas até os ombros de Beatrice e se ajeitou, chegando mais perto.

"E o que você costuma fazer, então?"

"Eu só... hum..." Beatrice não sabia como lidar com o tom de voz sério e a falta de brincadeira. Seu coração estava prestes a sair do peito e ela estava tão nervosa que sabia que suas mãos estavam quase tremendo. "Uso as cobertas."

"Ah! Você se esfrega nas cobertas para se aliviar?" As palavras diretas enviaram uma onda de calor direto para o âmago de Beatrice, fazendo-a se contorcer. Ela desejou que seu corpo não reagisse tão abertamente a algumas palavras simples que Ava disse tão casualmente. "Isso é inteligente", concluiu ela.

"Eu não sei como usar minhas mãos... para... pra isso."

"Quer que eu te mostre?" Beatrice virou o rosto rapidamente para ela, os olhos arregalados, o coração batendo descontroladamente, ela sentiu que ia desmaiar. "Quer dizer, eu posso te guiar, com palavras, se você quiser."

Beatrice deveria parar com isso, já estava indo longe demais, complicado demais, isso já era demais, ela não tinha ideia do que aconteceria depois disso.

"Tudo bem", era impossível evitar; Beatrice ainda queria aquilo.

• Todos os direitos reservados a @/Double_Dublin autor(a) do título, 'The Cure For Deviation' publicado originalmente em inglês no AO3 •

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