Capítulo 2: O redondo me salva e levo uma picada

59 14 1
                                    

O monstro estava acorrentado bem na minha frente. Como eu não o percebi ali antes?

ARRRRHHHHHHHHHH!!!

Ele rugiu com uma intensidade tão alta que tive que tapar meus ouvidos para não receber nenhum dano em minha audição, mas da mesma forma fiquei atônito por alguns instantes, justamente no momento em que Luan começou a falar. Eu adoraria não ouvir o que aquele idiota showmaker estava falando, mas naquele momento eu sentia que ouvir ou não, seria a diferença entre viver ou morrer. Tudo que consegui foram algumas palavras cortadas.
- Atrás... Armas...10 segundos... Lutar!
Assim que me virei, vi um lugar abarrotado de armas, talvez se chamasse arsenal ou sei lá. Corri em sua direção. Ali tinha de tudo, espadas, machados, arcos, lanças, escudos, tudo de várias formas e tamanhos
- Okay, "atrás" e "armas" já foram decodificados - peguei uma espada média de uma mão - Quais eram os outros mesmo?
Então as palavras vieram novamente em minha cabeça
"10 SEGUNDOS = LUTAR!"
- Puta que pariu - saltei para o lado como se minha vida dependesse disso.

POWWWW

O monstro se jogou com tudo em minha direção, no fim aquele salto realmente salvou minha vida. Cai no chão longe de qualquer outra arma que eu consideraria útil naquela situação e eu claramente não tinha intenção de lutar apenas com uma espadinha, se eu soubesse que isso iria acontecer, teria no mínimo pego duas.
A criatura se levantou e me fitou diretamente nos olhos. Dava para ver que ela não queria comer, queria simplesmente me matar, provavelmente já havia passado por isso milhões de vezes, uma máquina de morte treinada para matar pobres garotos perdidos e sem memória.
Ele avançou novamente em minha direção, rolei para o lado conseguindo escapar de seu ataque.
Aquilo era grande, mas eu era ágil, conseguia desviar, o problema era contra atacar...
Mais uma vez ela deu um bote no qual pude esquivar com facilidade, ao menos foi o que pensei que tinha feito... O monstro era inteligente, se adaptava e aprendia com seus inimigos, após a primeira investida, ele me atacou com uma segunda que eu claramente não esperava, não tive tempo de esquivar então recebi o impacto direto. Voei por pelo menos uns 5 metros de distância antes de acertar em cheio uma parede com meu corpo.
Escutei algo quebrar e em seguida caí de cara no chão sentindo uma dor imensa no meu ombro esquerdo.
Estava tonto, fraco e enxergando tudo ao meu redor borrado.
Fitei o pretor que aparentava estar se divertindo muito com aquilo. Olhei melhor em volta e todos naquele maldito coliseu estava rindo da minha cara.
- Por que? - questionei incrédulo aquela situação - Por que estão fazendo isso comigo? Que que eu fiz pra vocês?
Naquela altura, o desespero já havia tomado conta de mim, lágrimas escorriam pelo meu rosto.
Eu nem sabia quem eu era ou por que estava ali, não havia feito nada a nenhuma daquelas pessoas e mesmo assim me tratavam como se eu fosse um lixo.
- Seus... Seus filhos da puta!! - Um ódio me tomou naquele momento - Eu quero que vocês morram!
- Perdão, não o escutamos, poderia repetir?
Soquei o chão e usei o impulso para me erguer. Ainda com lágrimas em meus olhos e com toda fúria do mundo gritei:
- EU VOU MATAR TODOS VOCÊS!!!
A quimera caminhava lentamente diante de mim, como se estivesse me analisando.
Nesse momento, tive um deslumbre, uma luz cintilou à minha esquerda. Quando olhei diretamente para a direção, vi uma placa de metal com correias de couro. Rapidamente coloquei o item em meu braço, com tempo de sobra, afinal o monstro não aparentava estar com pressa para me matar.
Arrrrhhhh!! - A fera rosnou para mim.
Em seguida, chifres de bode, carneiro ou até mesmo o próprio diabo, cresceram em sua cabeça. Dessa vez, ela não queria me deixar sobreviver a sua investida. Então o monstro avançou novamente, mas dessa vez eu não iria fugir. Dobrei minhas pernas para aguentar o impacto, levantei minha mão direita que foi deixada para trás apontado a espada na direção de meu oponente e ergui o braço que estava com a placa de metal a frente, rezando para que aquilo fosse realmente útil de alguma forma.
Sabe quando dizem que quando está prestes a morrer sua vida passa diante seus olhos? Bom, como eu não lembrava de nada da minha vida antes de tudo aquilo dos dois dias anteriores, tudo que tive foi um deslumbre, como se o mundo ficasse em câmera lenta. Eu fiquei olhando para a quimera avançando em minha direção com aqueles chifres apontados para o meu peito, enquanto cada fibra do meu corpo gritava "fuja". A raiva me deu forças para continuar de pé e lutar.
Ao mesmo tempo que o tempo passava lento, foi tudo muito rápido. Seus chifres se chocaram contra meu braço esquerdo, senti um grande impacto, mas que por mais estranho que pareça, não me tirou do lugar. Consegui segurar a criatura, mas como? "Espera um pouco." - Pensei percebendo que a placa de metal amarrada em meu braço, havia crescido e se tornado um grande escudo redondo, que impossibilitou aqueles chifres de me transformar em um queijo suíço.

WOOOOHOWW

Pude ouvir a plateia gritar surpresa.
A quimera se irritou com aquilo, me forçou contra a parede, ao menos tentou, já que por algum motivo que eu desconhecia, ela não estava conseguindo me tirar do lugar. Então mudou de estratégia
ARRRRREHHHHH
Após dar um urro estridente, levantou o pescoço com tudo me jogando pelos ares.
A visão lá de cima era boa, nuvens branquinhas, céu azul. Por que deveria descer? Tudo que me aguardava lá embaixo era morte e violência. Fitei a criatura abaixo de mim, me procurando, totalmente perdida.
- Ah, que se foda...
Girei meu corpo ainda no ar, preparei minha espada e caí bem em cima da cabeça da criatura, encravando minha lâmina em seu crânio e em seguida me espatifando no chão.

MUIUUUUU - A criatura esperneou e mugiu como uma vaca.
Após um tempo, ela parou de se mover.
Nesse momento estávamos lado a lado, ambos largados no chão. Aproveitei esse momento para admirar o céu aberto. O dia estava lindo...
Então um silêncio gostoso durou alguns segundos até que...

AEEEEEEEEEE - As pessoas gritavam.
FIIIIIIIUUUU - Assobiavam.
CLAP, CLAP, CLAP - Batiam palmas.
Foi uma verdadeira algazarra.
- Hum? - senti algo morder a minha mão.
Vi que a cobra no rabo do monstro ainda estava viva.
FLINN
Arranquei sua cabeça sem nenhuma dificuldade, me levantei do chão e a ergui.

AEEEEEEEEEE

Minha visão embasou completamente, me senti incrivelmente tonto, o chão se aproximou do meu rosto e em seguida escuridão.

O Diário de um filho do MarOnde histórias criam vida. Descubra agora