Capítulo 17: Em todo canto que eu vou querem me treinar, sou tão fraco assim?

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- Isso mesmo, você está no Brasil - uma voz grossa, ao ponto de não saber se a pessoa que estava atrás de mim era um monstro ou se apenas estava rouca

Eu não sei o que aconteceu, mas quando escutei aquela voz, todos meus instintos gritaram comigo "CORRA"

Saltei para a frente e me virei pronto para lutar. Até que então notei que estava sem meu bracelete escudo; eu precisava dar um nome para aquilo o quanto antes

- Ei, calma aí jovem - dizia o homem - Você acabou de se recuperar, deveria descansar mais um pouco

Ele falava como alguém tranquilo, mas conseguia sentir poder emanando dele

- Quem é você ? - falei assumindo uma pose de luta ao estilo boxe, afinal, estava desarmado

- Vai perguntar isso a todas as pessoas que falarem com você hoje ? - Natanael me questionou

Ele falava como se eu fosse um idiota por isso, mas acredito que o mínimo quando se fala com alguém que não se conhece é se apresentar, não é?

- Sim, irei - falei seriamente, porém saindo da posição de luta, não fazia sentido ficar nela estando desarmado e sem nenhuma habilidade de combate corpo a corpo

- Eu sou Jhon, filho de Plutão, guerreiro sombrio, ex centurião da Coorte I e terror das casadas

John era imenso, talvez mais de dois metros de altura, seus cabelos eram cacheados escuros, ele usava óculos e era gordinho, porém era perceptível que tinha muito músculo ali. Normalmente as pessoas que participam de campeonatos de levantamento de peso são dessa forma, afinal eles treinam para ter força, não estética.

Enquanto ele falava seus milhares de títulos, teve um momento em que meu cérebro desligou e eu foquei apenas no "ex centurião"

- Espera um pouco, você é do acampamento Júpiter? - perguntei esperando uma grande surpresa, mas Jhon foi simplório em sua resposta

- Já fui sim - falou secamente

- Eu também, faço parte da Coorte...

- Bla bla bla, enfim, eu já sei disso tudo garoto, vá logo descansar. Amanhã Liv estará aqui para cuidar de suas feridas - então ele passou por mim e sumiu em um corredor me deixando a sós com Natanael

Ficamos olhando na direção das costas do gigante negão

- Carinha estranho esse né ? - comentei

- Sim, ele é - me respondeu Natanael

Por um momento Natanael e eu ficamos sem assunto um com o outro. Eu não sabia como os brasileiros falavam, na verdade eu mal sabia aonde ficava o Brasil. Sim, isso foi uma crítica as aulas de geografia dos USA. Então por fim, falei a única coisa que sabia que falavam por lá

- Baaaaaah, Tcheeeeee - falei sem saber o sequer essas coisas significavam - Ah e PIAAAAAA

- Eu lá tenho cara de sulista maluco ? - era engraçado ver alguém com porte de uma florzinha falar como um valentão - Sou africano raiz

- Isso que dizer que de onde você vem, ao invés de água em abundância, tem escassez dela?

- Cara... - me fitou com um olhar pasmo - Isso foi pesado

- Beleza, foi mal. Errei, fui moleke

Então senti minhas pernas bambearem, cai de joelhos, se eu estivesse sentindo minhas pernas, aquilo provavelmente teria doido muito

- Ei, você está bem ? - ele me perguntou enquanto me segurava para eu não dar de cara no chão

- Acho que sim, só... sei lá

O Diário de um filho do MarOnde histórias criam vida. Descubra agora