Após um grave acidente de trânsito, Gavi acorda sem o movimento de suas pernas e sem suas memórias. Envolto por uma sensação estranha de angústia, ele passa a obedecer tudo o que seu marido diz, enquanto tenta entender porque ele parece tão insensív...
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Pedro sentiu o coração bater forte dentro do peito devido ao espanto provocado pela acusação do esposo.
Fazia muito tempo desde que não sentia tanto temor. Todas as células de seu corpo pareciam congelar, enquanto as pontas de seus dedos se tornavam dormentes e suadas.
- Você tem noção da merda que está falando? - cerrou o punho, batendo-o sobre a mesa de metal, assistindo Gavi se encolher no canto da parede, enroscando-se ainda mais para não ser puxado por ele tão facilmente. - Seu moleque irresponsável!
- V-Vá embora! - gaguejou, cobrindo a cabeça e tremendo, não querendo mais encarar aquela situação.
Não fazia ideia de para onde iria. Estava completamente desamparado. Sequer fazia noção do porquê havia ido até a lanchonete e comido compulsivamente. Era como se não pudesse controlar o próprio cérebro e essa sensação o estava destruindo.
- Você enlouqueceu? Quer parar em um hospício? Porque é isso que está parecendo! - insistiu. - Vamos! Pare com a porra desse teatro! - mordeu os lábios, partindo para cima dele, decidido a agarrar seu corpo e o colocar a força na cadeira motorizada. - Seu infeliz! Por que faz isso comigo? Hein?! Eu deveria mesmo te ensinar uma lição! Para você aprender a nunca mais me fazer de palhaço! - beliscou seu braço, vendo-o balançar a mão, tentando escapar mais uma vez de seu aperto. - Quando chegarmos em casa você vai se arrepender...
No entanto, assim que Pedro o pegou no colo, Gavi começou a gritar e balançar os braços freneticamente.
O som estridente de sua voz era tão avassalador que até mesmo os transeuntes que passavam do outro lado da calçada pararam para olhar o estabelecimento, o que aumentou ainda mais a fúria de Pedro.
- Senhor? - Ferran se aproximou junto do dono da lanchonete. Este último, estava agradecendo por ela estar vazia, pois não queria que seus clientes presenciassem aquele tipo de cena esquizofrênica.
Pedro, por sua vez, sentia-se cada vez mais nervoso. Ele sabia que se não se controlasse iria machucar Gavi de verdade e, por mais vil que pudesse ser, essa não era sua intenção, pois, verdadeiramente o amava.
Desse jeito, lutando contra seu próprio instinto, colocou Gavi sentado no estofado, decidindo não incomodá-lo mais.
Ferran assistia tudo aquilo completamente chocado. Talvez Pedro tivesse razão sobre Gavi ter enlouquecido, pois, de maneira nenhuma aquele comportamento parecia normal.
- Eu vou ligar para o seu irmão. - avisou, percebendo que ele parou de gritar, ficando apenas com a cabeça baixa enquanto o escutava. - Você vai passar alguns dias com ele, e quando quiser voltar, estarei te esperando em casa.
- Eu te odeio! - gritou de volta, jogando o copo com o resto de suco no chão, deixando o dono do estabelecimento claramente descontente.
Tudo o que o homem queria era ajudar o jovem, mas parecia ter ficado no meio de uma confusão maior.
