Capítulo 6 - O Abraço

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Desde que confessei aos meus pais que não quero fazer administração que o clima entre nós tem estado muito pesado. Trabalhar no local onde eles são meus chefes e ainda morar no mesmo teto que eles não tem sido uma tarefa muito fácil.

A única coisa que tem me animado, são as aulas de dança, principalmente o contemporâneo.

Como Henrique me sugerira, decidi fazer o tal teste vocacional para ver se me daria um norte, e fiquei ainda mais perdida com tantas opções de curso. Dentre as opções, a dança estava presente, e eu fiquei me perguntando se isso era um sinal ou alguma outra coisa.

Eu vinha pesquisando todas as profissões que haviam aparecido para mim, e eu tenho pensado em duas dessas desde que as vi. Uma é a dança, que é óbvio que estaria na minha lista e a outra é a psicologia.

Sei que uma não tem nada a ver com a outra, mas são as opções que mais me interessaram após a minha pesquisa. Eu sempre fui uma boa ouvinte e gosto de ajudar e de ser útil, então creio que essa possa ser uma ótima opção para mim e para os meus pais, caso eles não me odeiem para sempre.

— Eles não te odeiam. — Driquinha discordou, balançando a cabeça. — Eles só estão com raiva. Vai passar, você vai ver.

— Você tinha que ter visto a cara deles. — Coloco a bandeja em cima do balcão enquanto organizo o pedido de uma das mesas.

— Seus pais vão te perdoar, só dê tempo ao tempo.

Levo a bandeja com os pedidos até a mesa e volto para o balcão, onde Driquinha me aguarda com um sorriso malicioso.

— Eu quero saber é do sonho romântico que você teve com o Henrique. — Reviro os olhos para ela, ciente de que ela não vai desistir de arrancar maiores informações sobre isso.

Eu não devia ter dito nada a respeito do sonho.

— Não foi um sonho romântico, foi...

— Você está certa, não foi romântico, foi quase um hot de livro!

— Para com isso! — Dou um tapinha em seu ombro. Driquinha fica séria de repente, e eu me preocupo com a sua mudança repentina de humor.

— Amiga, preciso te contar uma coisa... — Ela morde o lábio e abaixa a cabeça.

— Já vi que boa coisa não deve ser!

— Eu e o Leonardo estamos ficando.

— O Leonardo best do Henrique? — Ela faz que sim com a cabeça. — O Henrique sabe disso?

Apesar de me sentir surpresa, as peças se encaixam dentro da minha cabeça. Os sumiços constantes, a estranheza de Driquinha em certos momentos, tudo tinha uma explicação, e a explicação era o Leonardo.

— Acho que o Leo deve ter contado para ele. — Ela parece receosa em me confidenciar isso.

— E como tem sido? Você gosta dele?

— Ele é incrível! — Driquinha abre um sorriso bobo e apaixonado. — Queria muito que nós quatro pudéssemos sair juntos. Agora que você e Henrique estão se dando bem, eu pensei que...

— Amiga, eu e Henrique não temos nada. — A interrompo antes que ela termine a frase.

— Ainda.

— Você as vezes torra a minha paciência.

— Vocês podem sair com a gente como amigos ou como qualquer coisa próxima disso.

— Não sei se é uma boa ideia. — Hesito, mordendo o lábio e pensando em minhas interações com Henrique.

Ele havia sido muito legal no outro dia, mas isso não quer dizer que ele vá ser assim sempre, afinal, ele deixou bem claro que ainda irá me pedir mais favores. O fato de ainda não ter entrado em contato comigo desde domingo não significava muita coisa.

Meu Engano - Série Dance - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora