Capítulo 16 - É assim que acaba

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Superar José não foi uma tarefa fácil. Eu tinha tanta culpa dentro de mim por tudo que eu havia lhe causado (por mais que ele também tenha errado comigo), que eu não me achava merecedora de estar com alguém.

Porém, a terapia me fez enxergar as coisas por outro ângulo. Todos merecem uma segunda chance, principalmente se nos arrependermos de verdade do mal que causamos.

Cheguei a lhe pedir desculpas, e ele também me pediu perdão pelas traições. Depois disso, segui com a minha vida ao ponto de até mesmo esquecer de que aquela parte da minha vida havia existido.

José espalhara por aí que eu era uma ciumenta louca, e isso chegou aos ouvidos de Henrique também.

Patrícia jogou verde e colheu bem maduro.

Suspiro de raiva enquanto esfrego de forma raivosa a sujeira da lanchonete enquanto Patrícia está sabe-se lá onde. Provavelmente deu um jeito de se infiltrar na vida de Henrique e agora os dois devem estar ficando. Pensar nisso não foi nada agradável, mas eu não vou correr atrás de Henrique. Se ele quer acreditar na minha prima e cair em seus jogos de sedução, não vou tentar impedir.

Passo um pano no chão que está sujo de areia da praia e empoeirado e recebo um alerta no celular a respeito de uma festa que Patrícia vai fazer na minha própria casa.

Largo a vassoura de qualquer jeito encostada na parede e corro até onde minha mãe está. Mostro a tela do meu celular a ela, que aperta os olhos e aproxima o pescoço da tela para poder enxergar o que está escrito.

— Você está sabendo disso?

— Sim, eu a autorizei a fazer a festa.

Que ótimo.

Vou ficar trancada no meu quarto até que essa porcaria de festa termine.

O dia passa devagar e de forma tediante. Driquinha está de folga, mas também foi convidada para a festa e me mandou mensagem para expressar a sua indignação.

Quando chego em casa, vejo que Patrícia, Sofia (a menina que sempre implica comigo) e suas amigas estão lá, decorando tudo.

É bem pior do que eu esperava.

— Henrique disse que vai vir, estou muito animada! — Fecho as mãos em punho quando ouço a voz irritante de Patrícia. — Oi, prima! Recebeu o alerta sobre a minha festa?

— Não, meu celular caiu na privada. — Minto, ignorando o antro de cobras instalado em meu lar e praticamente correndo até o meu quarto.

Sofia me para a caminho das escadas.

— Oi, Julia. Só queria te dizer que eu vi seu solo no sarau. Você dançou muito bem. — Ela parece sem jeito e eu fico confusa com o elogio. Não fazia ideia de que ela havia ido para o sarau.

— Se essa é a sua nova forma de humilhar, confesso que eu não entendi. — digo, sem paciência. Ela abaixa a cabeça e morde o lábio, parecendo estar meio sem jeito.

— Não, eu estou sendo sincera. Desculpa por tudo.

— Está tudo bem. Só toma cuidado com a Patrícia, ela não é amiga de ninguém.

Ela abre um sorriso triste.

— Obrigada pelo aviso.

Abro um sorriso e me jogo em direção as escadas, ainda tentando entender o súbito comportamento gentil de Sofia. Eu achava que ela era adolescente ainda, mas descobri recentemente que Sofia é só um ano mais nova do que eu.

Depois de tomar um banho, minha barriga começa a roncar. A festa lá embaixo parece animada, pois ouço Beyoncé berrando nos alto falantes potentes do rádio de meus pais.

Meu Engano - Série Dance - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora