Meu Engano - Série Dance - Livro 1

Capítulo 5 - Meu Primeiro Engano

— Eu estava te esperando.

Encontro Henrique deitado em minha cama, sem camisa e com as bochechas coradas. Seus cabelos negros e lisos estão molhados, e ele morde o lábio para mim.

— O que você está fazendo na minha cama? — pergunto, com uma mistura de choque e irritação enquanto me aproximo dele e sinto o cheiro de sabonete adentrar as minhas narinas.

— Eu estava com saudades. — Ele me puxa pelo braço, fazendo-me cair em cima dele. Tento me levantar, mas seus braços agarram a minha cintura, e sou arrebatada por um calor que nunca havia sentido antes.

Henrique encosta a boca na minha, e sou surpreendida por uma sensação maravilhosa e mágica.

Porém, sinto uma voz me chamar ao longe e abro os olhos.

— Ju, estamos saindo! — Minha mãe grita do andar de baixo e meu coração acelera.

Eu acabei de ter um sonho romântico com Henrique!

Atordoada, respondo a minha mãe sem nem prestar atenção no que eu falei e corro para o banheiro para jogar uma água no rosto.

Meus pais foram para a igreja. Geralmente, eles abrem a lanchonete um pouco mais tarde, mas disseram que não precisariam muito de mim, pois o tempo está nublado e feio, o que quer dizer que não teremos muito movimento.

Eu já havia escolhido a música do meu solo para o sarau de dança, mas ainda não tinha conseguido montar um único passo de dança decente. Tudo bem, eu estava pensando nisso quando caí no sono ontem, mas hoje eu havia me comprometido a montar pelo menos uma parte da coreografia.
Porém, vi que isso não seria possível quando vi uma mensagem de Henrique no meu celular.

Henrique:
Preciso de você hoje as duas horas em ponto.

Ju:
Hoje não dá, preciso montar a coreografia do sarau de dança.

Henrique:
Ainda são nove horas da manhã. Dá tempo.

Acho que Henrique não sabe o quão trabalhoso é montar uma coreografia, principalmente quando não se tem talento nenhum.

Escovo meus dentes e visto o uniforme da minha escola de dança para ver se me inspira. Eu sempre me sinto uma super bailarina quando o visto, mesmo sabendo que estou longe de ser leve e flexível como uma.

Monto algumas coisas que até que ficam legais na música e desço para comer um pão com Nescau.
Enquanto como, penso na minha faculdade de administração e em todas as aulas que preciso fazer. Eu estou no terceiro período, mas me sinto a ponto de ter uma síncope. Não estou gostando nem um pouco das aulas, das matérias e de nada. A cada período que avança, me sinto mais infeliz com a minha escolha.

Mas como vou falar isso para os meus pais?

Se eu soubesse o que quero fazer, seria mais fácil, mas por mais que eu pesquise, não consigo achar a minha verdadeira vocação.

Meus pais chegam em casa um tempo depois. Eles estão animados e sorridentes, e eu automaticamente estranho isso. Da última vez que os dois chegaram com essa expressão em casa, mamãe me comunicou que gostaria que eu me matriculasse na faculdade de direito. Negociei com meus pais na época e acabei escolhendo administração porque achei que seria uma boa escolha.

É óbvio que eu estava completamente enganada.

— Querida, a irmã Silvana da igreja me disse que vai te arranjar um estágio na sua área! — Mamãe exclama animadamente, colocando a bolsa que usara no encosto do sofá. Seu rosto está iluminado de alegria.