15. Sempre e para sempre

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        A capela está quase vazia, ha pouco mais de sete pessoas. Augusto e o Cupido reconhecem algumas. Pessoas iguais Tarcísio e Maria Luísa, estão de mãos dadas, até ali eles estão juntos— Espera que Tarciso a conquiste em breve em 2018. —, o Cupido sorri com isso. O casal está sentado ao lado de um pessoal que os dois acreditam ser parentes dos noivos.
Uma mulher bem parecida com Atila e um homem loiro e baixinho que se parece com Augusto. E o padre; este se chama Joel.
O casamento dos dois é simples, pois como o casal tinha explicado, eles estavam fugindo, pois, Atila estava sendo acusado de bruxaria.

''Mas você é um bruxo." Foi o que o Cupido disse ao ouvir isso. Ele é mesmo um bruxo, porém não quer ser morto pela igreja, Joel os conhece desde sempre, aceitou de bom grado fazer a cerimônia.

Conforme o padre vai falando os votos, o Cupido fica mais distante de tudo aquilo, ele sente o braço de Augusto em seus ombros lhe puxando para si, abraçando com carinho e depois lhe dando um beijo no topo da cabeça. 

Somente os noivos podiam vê-los ali.

Ele nunca desejou tanto poder ter, nem que seja uma cerimônia simples como essa com o brasileiro, como desejava agora. Um casamento lhe pareceu atrativo.

— Eu os declaro marido e ... marido. Podem se beijar.— Joel fala, finalizando a celebração.

No momento em que os dois ali se beijam, o Cupido encostou a cabeça no peito de Augusto, focando nos batimentos cardíacos dele e não no fato de estar presenciando "ele" e o amor de sua vida se casando, e ja sabendo o que vem depois. Ele quase podia ouvir a melodia de 'only love' tocando em seus ouvidos.

Como em todas as viagens nessa missão, chegavam nos locais somente quando a alma estava prestes a desencarnar. Coisa que não demoraria muito, visto que ao saírem da Capela, várias pessoas da igreja ja os esperavam do lado de fora.
Se ver sendo amarrado e carregado para a morte sem poder fazer nada não é fácil, menos ainda ver Augusto-do-passado tão desesperado, sendo segurado por Tarcy e Nic, um amigo do casal, para não tentar enfrentar o sacerdócio, pois ele não teria chances.

Seu Augusto está dentro da igreja, ele pode sentir o desespero do outro, mais que das outras vezes e essas emoções estavam transbordando no Cupido também.

O bruxo, é amarardo em um tronco ali na frente da capela mesmo, ele sabia qual seria seu fim, seu destino, pois ja tinha visto. O bom de ser bruxo é que certas coisas ele já sabe. O futuro e passado não lhe é mistério nenhum.
Vários curiosos aparecem ali, formando um círculo em volta deles, várias tochas nas mãos para iluminar mais o local.

—Vejam! É isso que acontece quando se é um herege, quando suas práticas vão contra o Senhor. Este homem é um bruxo e merece ser queimado!

O padre velho e careca fala com um sorriso no rosto, sente prazer em fazer isso. O homem que mais blasfema se acha no direito de punir e condenar quem quisesse. Seu bigode parecia o deixar ainda mais asqueroso.

Augusto chora de forma incessante enquanto vê seu amado ser espancado, amarrado naquele tronco. O cupido esta paralisado com tudo, ainda na porta da igreja, sem saber o que fazer, ele não pode interferir mais, ja basta ter conversado com pessoas do passado, ter contado sobre o futuro.

— Me admira muito um advogado como você, Augusto se envolver com esse tipo.

Ele apronta para o homem que chorava e que agora é segurado por dois sacerdotes da igreja, não por seus amigos como antes. O padre chega bem perto dele, exalando arrogância.

— Pelo menos ele não é um amante de criancinhas, padre Francisco.

Augusto cospe as palavras e no mesmo momento sente um golpe forte em seu estômago, isso o faz ficar curvado cuspindo sangue pela boca.

Enquanto Não Me Lembro De Nós | Livro I Onde histórias criam vida. Descubra agora