Epílogo

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Semana seguinte. —♡ 2023

Ele não tinha, e nem iria, se acostumar com esse poder. Mesmo que já o portasse há meses, mesmo que soubesse que era parte de si.

Augusto estava trabalhando, apresentando seu novo livro, O Azul Dos Teus Olhos, quando o flash veio.

Rápido, apenas 15 segundos. O suficiente para o aterrorizar e fazer ferver de raiva.

Ele finge que estava sentindo o celular vibrar e continua como se nada tivesse acontecido. Havia aprendido bem como fazer isso.

Ao final da reunião, o poeta corre para seu escritório, abrindo a gaveta desorganizada, que é trancada e tem um fundo falso. Ele pega sua caneta folheada a ouro branco e a gira, pronunciando as palavras em grego que seu filho lhe ensinou, teleportando-se para o quintal de casa.

As portas da casa se abrem abruptamente e ele entra como um furacão. O casal de adolescentes que estava se beijando no sofá se assusta, mas Augusto ignora isso por enquanto. Teria tempo para falar com seu filho sobre estar quase despido no sofá depois.

Agora, tinha outras coisas a resolver.

— Pai, o que houve? — O garoto fica de pé, meio zonzo, sem camisa e com a calça aberta. — Ei, pai!

Augusto caminha com raiva até o meio da sala e estica a mão. A ligação que ele tinha com Excalibur era tão intensa que a espada voa até sua mão. Ele se vira de costas e sobe os dois primeiros degraus sas escada.

Igor se levanta também, percebendo que algo está errado. Suas asas despertam, e ele se aproxima de David, que está na mesma situação.

— Cadê o seu pai? — Augusto fala entre dentes, sua raiva transbordando pelos olhos castanhos.

— Lá em cima, está dormindo — David responde, mas quando Augusto marcha, apertando o cabo da espada e subindo as escadas, ele se arrepende. — Pai, pai! O que houve?

Ele o segue escada acima, com medo.

— Merda, que porra é essa? — Igor segue os dois.

O poeta entra no quarto, seguido por David, que estava logo atrás, desesperado.

Tudo acontece muito rápido, mais rápido do que deveria. Augusto se aproxima da cama onde um Aquila muito tranquilo dorme e, sem dizer nada, apenas com todo o ódio que carrega no corpo, ele aperta o cabo da espada com as duas mãos e a crava no peito do cupido.

— Pai! Não, não, não, que porra é essa?

Os olhos de David transbordam em lágrimas, e ele tenta afastar Augusto, mas Igor o segura. — Príncipe, olha, presta atenção.

Mesmo no desespero, David encara o corpo sobre a cama. O sangue jorra do ferimento enquanto Augusto chora, tomado pelo ódio.

O cupido olha para o poeta com a mesma raiva.

— Só vou perguntar uma vez: Onde está meu marido?

O ser que agora se desfazia em sangue sorri, um sorriso macabro, que jamais pertenceria ao verdadeiro cupido.

— A 700 anos daqui.

Enquanto Não Me Lembro De Nós | Livro I Onde histórias criam vida. Descubra agora