24. Pintando Poesias

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         O sangue que sujou o chão do Paraíso foi o que o fez cair na real, os gritos ao redor de si, o corpo desfalecido, tudo fazia parte do horror que virou o salão principal.
Áquila dá um passo para trás, respirando fundo, ele nem tinha notado que não estava respirando. A faca caindo de suas mãos que estavam sujas, ele ergueu as palmas para olhar o vermelho que as pintava e finalmente, começou a chorar.

Katerine se abaixou ao lado do corpo desfalecido de Elias e o abraçou. Soluçando e se derramando em um mar de lágrimas que ninguém tinha visto antes. Ela nunca chorava.
Áquila não conseguia se mover do lugar; nem mesmo quando Salatiel e Lyana levaram Ambiel desacordada dali, muito menos quando Katherine bateu nele, gritando com toda raiva que tinha.

Ele tinha matado Elias, Céus! Elias está morto. E dessa vez, sem chances de voltar.

— Filho? Áquila?—Adina chama quando tudo que ele faz é chorar,  não emitia nenhum som, todavia, as lágrimas estavam ali. Sua roupa estava suja, suas mãos também, até seu rosto tinha respingos do sangue que jorrou do pescoço de Elias quando o cupido lhe cortou a cabeça.

Mee apareceu ali, irritada! Dizendo que iria trazer ele de volta e isso fez Áquila querer se estapear, pois ele sabe que Elias não voltará mais.

— Preciso sair do Paraíso.

Adina até pensa em perguntar para onde ele vai, mas ela já sabe, ela sentiu o momento que o coração do Silva voltou a bater por ele, ela conhece bem o filho então, somente lhe dá um beijo na testa e lhe diz para chama-la se precisar. 

Ele se levanta do chão, finalmente tendo coragem de olhar para o corpo de Elias. Oliver iria odia-lo.
Esse pode ser considerado o segundo maior banho da vida dele, ele se lava com tanto desespero que, a pele machuca. Não é tão alarmante, muito menos por que ele pode se curar, mas são muitos arranhões feitos pela esponja de banho.

Antes de ir para Brasília, ele passa na ala hospitalar do Paraíso, onde Ambiel estava. Salatiel é quem o recebe, ele é como Lyana, mesmo dom, inclusive, os dois namoram e trabalham juntos.

— Olá, Áquila. Quanto tempo...— Ele sorri mas tudo que recebe é Áquila respondendo baixinho, Salatiel sabe o que aconteceu então, tenta não forçar nada.—Olha, Ambiel está bem, já o curamos, ele  so vai ficar mais um tempo aqui por causa ... olha, eu acho melhor ele falar com você sobre isso.

— Eu já sei. Eu vi. — O cupido comenta já saindo de perto de Salatiel.

Ele põe as mãos nos bolsos e Salatiel fecha a porta dando privacidade aos dois.
O olhou com frieza, não por ser ele, mas pelo que tinha acabado de fazer. Já tinha chorado tudo que podia, brigado consigo mesmo por chorar. "Você prometeu parar de chorar, Áquila. Já chega" ele falou para si mesmo várias vezes, durante o banho demorado para tirar o sangue de Elias de si.

— Áquila ... Obrigado. Te devo minha vida.. — Ele fala emocionado, olhando para Áquila que o olhava de forma estranha. Ele não consegue deixar de se sentir mal por isso. 

Áquila para perto da cama, colocando a mão sobre o joelho de Ambiel. O olhar na barriga dele.

— Eu matei o Elias. — É a primeira coisa que ele fala, sem desviar o olhar.— Eu matei uma das pessoas que mais me ajudou na vida ... por você. Por que você ... Está carregando um filho meu. —Ele pausa a fala, pois um nó está se formando em sua garganta, ele vai ser forte.

— Filho? — Ambiel olha para a própria barriga e acaricia, sentindo o coração bem levinho bater ali dentro. Ele não tinha notado antes, mas Adina e Áquila tem esse dom. Eles sempre percebem e como a gestação dos seres do Paraíso é rápida ... É mais fácil ainda.

Enquanto Não Me Lembro De Nós | Livro I Onde histórias criam vida. Descubra agora